Moto de Marc Márquez pode ser sua, mas custa mais de R$ 1,8 milhão
Quanto custa um sonho sobre duas rodas? Se você sonha alto (bem alto!) e é um fã da motovelocidade, colocar a Honda RC213 V-S na sua garagem, a réplica da moto que Marc Márquez e Daniel Pedrosa usam na MotoGP, exigiria teóricos 200 mil euros. Ah, não esqueça de somar a esta cifra os impostos, taxas e demais custos, que aqui no Brasil geralmente duplicam o valor de um bem importado. Continha (modo de dizer…) rápida: no final você pagará 400 mil euros, ou seja, quase 1,8 milhão de reais.
Loucura? Para alguns sim. Mas para cerca 250 felizardos, comprar esta moto foi a oportunidade não só de realizar um desejo como também fazer um bom negócio. Fabricada sob encomenda, em série limitadíssima de exemplares (+/-250 motos), esta maravilha da tecnologia sobre duas rodas já era, se esgotou pouco depois de anunciada em meados do ano passado. Detalhe: apenas uma foi entregue porque a produção começou agora. Assim sendo, se você quer mesmo ter esta preciosidade, prepare-se para desembolsar o tal 1,8 milhão de reais acrescido de mais algum, cifra que permita convencer um dos felizardos a encomendá-la a se desfazer dela.
Como você leu aqui na semana passada, réplicas de motos de corrida são objetos do desejo de muitos e há pelo menos trinta anos são desovadas com parcimônia pelos fabricantes. Os três modelos dos anos 1980 da coluna passada, todos fabricados nos anos 1980, são hoje peças de coleção preciosas.
Tal tipo de moto segue a regrinha “tostines”: fabricam se poucas porque custam caro, e custam caro porque fabricam-se poucas. Embutem o que há de melhor em termos de tecnologia, são plenas de simbolismo esportivo e, de quebra, trazem performance que justifica a aparente loucura que é comprá-las.
A atual Honda RC213 V-S tem, segundo a Honda, 80% de componentes em comum com a exclusiva máquina que compete atualmente na MotoGP. Não é uma réplica só na aparência mas também nas entranhas. Sem cair ao nível do detalhe, que mereceria um livro e não uma coluna, basta dizer que ela não só tem um motor com a mesma configuração (V4 a 90 graus) e parte ciclística – chassi, suspensões, rodas e freios – que seguem as mais do que espetaculares especificações necessárias para vencer no campeonato mais exigente do motociclismo atual.
Assim, não se engane, pensando que é apenas na aparência que a RC213 V-S segue as pegadas da moto de Márquez e Pedrosa: materiais nobres como titânio, fibra de carbono e etc. são usados como se fossem arame e papelão, resultando em uma máquina de 1.000 cc que pesa 171 kg a seco, apenas 20 quilinhos mais que a moto de pista. Achou muito? Pois não é, considerando que a RC213 V-S está homolgada para uso rodoviário, ou seja, tem farol, lanterna, piscas, suporte de placa, espelhos retrovisores e tudo mais que permitiria a você estacionar na frente da balada e… bem. Talvez esse não fosse o melhor uso para ela, especialmente no Brasil, mas poder, poderia!
Quando a Honda finalmente anunciou as especificações completas desta moto alguns se decepcionaram com a potência, “apenas 157 cv”, cifra menor do que a de muitas superesportivas de normal venda como a própria irmã CBR 1000RR Fireblade. Porém, este preço de 200 mil euros da RC213 V-S inclui um kit (opcional, 14 mil euros, vai querer?) que traz magiquinhas que elevam a potência a 212 cv, ou seja, bem perto dos alegados 250 cv que a real moto de corrida.
Os que andaram nela – e foram bem poucos, acreditem –, em um evento de aperesentação realizado na pista de Valência, na Espanha ficaram maravilhados. Alguns destes premiados jornalistas (nenhum brasileiro…) tinham já rodado com verdadeiras máquinas da MotoGP e destacaram a total similaridade de comportamento.
Outro fez um comentário curioso: munido de um imã, não conseguiu que ele “grudasse” em nada, a não ser nos discos de freio que, ao contrário da MotoGP, não são de fibra de carbono mas sim de aço. A razão é que discos de carbono não funcionam em baixas temperaturas. Mas não se ofenda, pois os discos de aço da RC213 V-S são os mesmo que a moto de pista usa na chuva. Ah, bom…
Ducati Desmosedici
Esta magnífica Honda sucede, a uma distância de oito anos, outra verdadeira race-replica da categoria MotoGP, a Ducati Desmosedici RR. Apesar de também ser uma preciosidade em termos de performance e materiais empregados, e trazer elementos praticamente idênticos à da Ducati usada à época, ela custava menos que a atual Honda.
Anunciada na metade de 2007, a venda de tal moto foi anabolizada pelo domínio de Casey Stoner na temporada da MotoGP daquele ano, o que fez os 1.500 exemplares serem encomendados em um piscar de olhos. Um pouco por conta disso, o número de unidades ser bem maior do que o da Honda RC213 V-S, é que o preço desta Ducati não foi estabelecido em um patamar tão elevado, “apenas” 55 mil euros, cerca de 250 mil reais, o que se transformaria (naquela continha de guardanapo de padaria) algo como meio milhão de reais para importá-la para o Brasil.
Como na Honda, esta Ducati incorporava a mesma “persona” da moto de Stoner. Motor V4, pouco peso, muita cavalaria e um comportamento muito parecido ao da verdadeira racer. Rigidíssima, geniosa e exclusiva. Só mesmo um piloto com P maiúsculo para levá-la ao limite.
Pertencentes a um mundo onde alta tecnologia, materiais preciosos e história esportiva pontilhada de conquistas se fundem, estas duas motos podem ser consideradas como as Mona Lisa da indústria da motos, obras primas dignas de museu que é, aliás, o lugar onde você as poderá ver de fato pois duvido muito que você dê de cara com uma estacionada na rua de sua casa aqui no Brasil.