Brasileiro tem um 'dedo' na atualização da linha 2016 da Harley-Davidson
Barcelona foi o palco escolhido pela Harley-Davidson para a apresentação de suas novidades para 2016 (o colunista viajou à Espanha pela Revista da Moto! e a convite da Harley-Davidson). Se no ano passado as “estrelas” da marca norte-americana haviam sido as inéditas Street 750 e 500 e, no ano anterior, as gigantescas Touring, com refrigeração líquida para o cabeçote do lendário motor V2, a aposta para esta nova geração das H-D é mista.
Ela reforçou as mais clássicas motos “de entrada”, como a 883 e a Forty-Eight (veja no vídeo acima), assim como deu mais potência aos modelos da linha Softail, à qual pertence a icônica – e muito bem vendida em todo o planeta – Fat Boy.
O lema do evento era "Dark Custom, Reborn in Barcelon". Esse “reborn” (renascida, em inglês) tem um dedo brasileiro. Em vez de um designer ou um engenheiro, como seria de se esperar, o "brazuca" em questão é Julio Vitti, que, em 2014, bateu asas do escritório da Harley-Davidson no Brasil, em São Paulo, onde era gerente de marketing, para assumir uma cadeira no escritório da sucursal em Miami, EUA, como gerente de planejamento de produto para a América Latina.
Entre as novidades da marca para 2016 está um aspecto pelo qual Vitti, motociclista convicto e praticante, se esforçou pessoalmente: a melhoria das suspensões dos modelos da linha Sportster, que inclui a Forty-Eight (foto acima) e, que, por enquanto, representam os modelo de entrada para quem quer ter uma H-D no Brasil.
O “por enquanto” se deve à esperada (mas não efetivada) introdução da Street 750, que, como noticiado exaustivamente pela mídia especializada brasileira à partir de meados de 2014 (releia a coluna), deveria ter aportado aqui este ano, o que não ocorreu.
Cadê a Street 750?
A razão, claro, está relacionada ao mau momento de nossa economia e ao fundado temor de não poder distanciar convenientemente o preço da Street 750 daquele praticado pela mais clássica Iron 883, desde sempre uma queridinha de quem quer ingressar no mundo Harley-Davidson.
De acordo com Vitti os planos de ter a Street 750 em nosso mercado foram apenas adiados e não cancelados, e ela chegará mais cedo ou tarde, porém mais fundamental era realizar a melhoria das suspensões das Sportster. Na maior parte dos mercados, a pavimentação não exigiria tal aperfeiçoamento, mas no Brasil ele se tornou crucial devido à degradação crescente de nossas ruas, coisa mais do que evidente para quem mora na maior cidade do país, São Paulo, obviamente, o maior mercado da marca.
O que mudou
Aumentar o diâmetro dos tubos da suspensão dianteira e melhorar a atuação dos amortecedores traseiros deram, segundo o executivo, um comportamento muito mais adequado a tais modelos que primam pela essencialidade, mas nem por isso devem ou podem sacrificar seus donos através de um rodar torturante.
Tive a oportunidade de rodar tanto com a Iron 883 como com a mais potente Forty-Eight (foto acima), motos que condividem de uma mesma estrutura básica, por ruas estradas no entorno de Barcelona e, apesar da excelente pavimentação do local se comparada à encontrada especialmente na capital paulista, foi possível entrever um progresso evidente.
Na falta de maiores irregularidades para colocar à prova as novas suspensões, frenagens fortes e curvas animadas entregaram a efetivo passo à frente no comportamento dos modelos. Outro elemento importante na equação foram os novos assentos, cuja conformação ajudou a melhorar conforto e ergonomia.
Mais novidades?
Se a insistência de Julio Vitti dobrou a resistência dos norte-americanos de Milwaukee, sede da H-D, a adequar as Sportster ao agressivo piso brasileiro, minha insistência com o executivo para saber quais serão as outras novidades do mercado nacional não teve muito resultado.
Por se tratar de um evento mundial, nesta apresentação da linha 2016 em Barcelona estavam presentes motos que não obrigatóriamente farão parte do line-up brasileiro. Um ponto de interrogação forte é acerca da vinda de um chamativo modelo que atraiu os olhos da maioria dos jornalistas presentes e que fez virar pescoços à sua passagem. Trata-se da Softail Slim S, que como o nome indica pertence à quarta família das Harley-Davidson entre oito possíveis de se ter (à saber: Street, Sportster, Dyna, Softail, V-Rod, Touring, CVO e Trike).
O que ela tem demais? Uma estrela branca, e não pairando sobre na testa, mas sim nas laterais do tanque pintado no indefectível verde-jipe do exército norte-americano típico dos filmes da 2ª Guerra Mundial. Foi incrível constatar como esse grafismo simples e óbvio casou com o espírito do modelo e permite apostar os dedos da mão direita em seu sucesso.
Além desse visual “instant classic”, a Softail S é dotada do motor 110 Scremin Eagle, de nada menos do 1.803 cm3. O restante da linha Softail deixará de usar o motor 96B, de 1.573 cm3 e passará a ter o 103 High Output, de 1.688 cm3, ou seja, mais potente e torcudo.
Enfim, qual será o real line-up da Harley no Brasil para 2016 só saberemos ao certo às vésperas do Salão das Duas Rodas, a ser realizado no início de outubro próximo.
Certeza mesmo temos a respeito das Sportster e suas novas (e muito necessárias) suspensões. Nosso palpite (e desejo firme) é que entre as motos a serem expostas no salão paulista não falte a Softail Slim S e seu visual miltar, uma "arma" que poderá se mostrar essencial na "guerra" pelo consumidor brasileiro.
Fotos: Divulgação