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  • Moto por R$ 20 mil: melhor uma novidade 0 km ou uma usada maior?

    KTM 390 Duke
    Yamaha YZF-R3
    Yamaha YZF-R3
    e KTM 390 Duke (fotos acima) são duas novidades que chegam ao mercado nacional neste segundo semestre. A R3 é uma esportiva carenada, quase uma miniatura da poderosa R1 de 1000 cc; já a KTM é uma naked apimentada, moderna e agressiva. Ambas chegam para disputar clientes com duas Kawasaki de perfil equivalente já conhecidas por aqui, a esportiva Ninja 300 e a recém-lançada naked Z300.

    A efervescência neste segmento não é apenas sinal evidente da briga entre as marcas por um tipo específico de cliente, em boa parte formado por gente que deixa as motocicletas básicas e quer dar um upgrade em sua vida de motociclista. Há também um fator “tapar buraco” pois durante muitos anos eram poucas as opções na faixa ao redor dos R$ 20 mil.

    Como de hábito, quanto mais as opções, maiores são as dúvidas. Uma questão recorrente nos fórums, blogs, sites e rodinhas de motociclistas é a seguinte: o que vale mais a pena, comprar uma dessas novidades moderninhas, “da hora”, ou uma moto usada mais potente? Para jogar uma luz sobre este tema, que sempre renderá discussões sem fim, vamos elencar aspectos para o caso de alguém estar precisando se agarrar em algum argumento para concretizar sua decisão. Vamos lá…

    FASCÍNIO PELA MOTO ZERO

    Olhar o marcador de quilometragem, o hodômetro, e ver um monte de zeros: este é um inegável privilégio! Desbravar os primeiros quilômetros de um produto 100% virgem, novinho em folha, sentir o funcionamento de uma máquina novíssima e perceber tudo impecávelmente ajustado (na maioria dos casos…) é um prazer que tem preço conhecido.

    Diz a lenda (confirmada por muitos lojistas) que uma moto que sai da revenda, perdendo o plástico transparente que recobre o banco e recebendo placa, já se desvaloriza em cerca de 10 a 20% do valor total. Deste modo, pelo dinheiro que você compraria a nova Yamaha, uma das Kawasaki citadas ou a novidade da KTM, você poderia comprar uma Honda CB 500F ou CBR 500F com menos de um ano de uso e bem pouca quilometragem. Tentador, não?

    Honda CB600F Hornet 2008

    RUGIDO QUE EMOCIONA

    Cavalaria mediana e peso baixo são características das novidades citadas no começo do texto. Tanto as naked Z 300 e Duke 390 quanto as esportivas R3 e Ninja 300 são motos que serpenteiam com uma agilidade soberba, de fazer seus pilotos rirem de orelha a orelha quando surgem curvas pela frente. Porém, na hora de acelerar, o empurrão não é tão forte nem o urro tão poderoso como o das tetracilindricas das quais os melhores exemplos são as Honda CB 600F Hornet (acima) e Yamaha XJ6 N ou F (foto abaixo).

    Não é impossível achar uma dessas, usadinha (ou usadona), por um preço na casa dos R$ 20 mil. Tais motonas esbanjam potência mas também quilos, e assim sua pilotagem exige experiência. Outro aspecto a considerar é a manutenção, que tende a ser mais cara tanto pelo fracionamento do motor (quatro cilindros, quatro velas…), maior complexidade mecânica e pela maior quilometragem inerente. Ah, e há o fator consumo também, pois não há milagre: um motor 600 beberá sempre mais do que um 500, um 300… Outro aspecto vem dos pneus, sempre maiores e mais caros. Ou seja, moto maior, despesas maiores…

    Yamaha XJ6

    A GARANTIA “SOY YO”?

    Olho vivo para a garantia! Pode parecer uma bobagem mas muitos dos que optam pela compra de um veículo zero quilômetros são garantia-dependentes, gente que jamais seria capaz de viver sem o respaldo de um documento que lhes dê segurança, que proteja suas finanças se acaso um problema dos grandes acontecer em sua moto. Infelizmente, a garantia maior do que um ano no Brasil ainda é restrita a alguns modelos populares, ou seja, não abrangem as 300, 500 e por aí vai, o que não deixa de ser uma vergonha.

    Marcas tidas como “premium” como BMW, Harley-Davidson e Triumph oferecem garantia de dois anos, mas é bem difícil que uma moto destas marcas citadas custe ao redor de 20 mil reais com menos de dois anos de uso. Ou seja, se quiser garantia de pelo menos um ano, sua melhor opção é a moto zero. Para as motos usadas, que superaram a garantia de fábrica, algumas revendas e lojas oferecem três meses para motor (e as vezes câmbio).

    Conselho: tudo deve estar por escrito, garantia apalavrada é prenúncio de dor de cabeça. Sobre quilometragem, melhor uma moto muito rodada de um dono atento à manutenção do que uma com poucos quilômetros de um dono distraído. Como saber? Esse é o problema…

    Yamaha XJ6

    PARA QUÊ MESMO?

    Mire-se num espelho, olhos nos olhos, e se pergunte: para quê vai servir minha futura moto? Responda com sinceridade e siga a razão, não a emoção. Compre a moto que efetivamente servirá para seu propósito e não aquela que mais vai impressionar a vizinhança, ou a que o “sabidão” da sua turma julga ser o máximo. É sempre importante ouvir opiniões, mas, mais importante, é você formar a sua própria, fundamentada principalmente em aspectos práticos.

    Vai viajar bastante? Então opte por um modelo de motor maior, com potência de sobra, pois na estrada é sempre um fator de segurança ter reserva de potência. Vai andar o tempo todo na cidade, encarando congestionamentos? Nesse caso menos (peso & potência) é mais, quanto menor e mais ágil, melhor será sua motocicleta neste cenário.

    E se você é aquele cara que está pensando na moto como um objeto de puro lazer, para curtir a pilotagem, seja em pista ou em estradinhas cheias de curvas, saiba que a tecnologia moderna deu às motos de pequenos motores, grande capacidade de emocionar. Tenha certeza que as novidades Yamaha R3, KTM 390 Duke ou as mais conhecidas Kawasaki Z300, Ninja 300 (foto abaixo) ou as novas 500 da Honda oferecem mais do que poderia se esperar em praticamente tudo. Performance, praticidade, economia de exercício e, principalmente, no sempre importante quesito “prazer ao guidão”.

    Kawasaki Ninja 300

    ASSIM SENDO…

    Com R$ 20 mil na mão, pouco mais, pouco menos, sua garagem pode receber motocicletas que sem dúvida já podem ser consideradas sonhos de consumo, genuínos objetos do desejo. Três décadas atrás, na época em que as importações estavam proibidas, o mercado de motos se resumia a uma dezena de modelos, se tanto, e a escolha retrita. Hoje o Brasil está equiparado a qualquer país do chamado 1º mundo em termos de oferta de modelos. Apesar dos preços serem em geral acima do que gostaríamos – e poderíamos – pagar, é possível achar aquilo que se encaixa perfeitamente em nossa necessidade. Basta procurar e principalmente ter bom senso na hora da escolha.

    Fotos: Divulgação e Rafael Munhoz/G1

  • Mercado de motos sofre queda de vendas, mas também se sofistica no Brasil

    Ducati 1199 Panigale Senna
    Apesar do mau momento, com vendas em queda e nuvens negras pairando no horizonte que possivelmente só serão dissipadas a médio prazo, o mercado brasileiro de motocicletas é visto como muito relevante, e isso não é de hoje.

    No início dos anos 1970 as japonesas Honda e Yamaha – respectivamente a líder mundial na fabricação de motocicletas e a nº 2 – decidiram se instalar no Brasil. A idéia era a de produzir modelos especialmente dedicados as duras condições locais, com ênfase em robustez, economia e simplicidade construtiva. Depois de muitas dificuldades e incertezas, a indústria motociclística brasileira engrenou e nos seus melhores anos, o mais recente deles 2011, alcançou uma cifra de produção acima dos dois milhões de unidades.

    Não é número comparável aos dos maiores mercados mundiais para veículos a duas rodas motorizados, a Índia, o bloco formado pelos países do sudeste asiático chamado de Asean 5 (Indonésia, Vietnã, Tailândia, Filipinas e Malásia) e China, capazes de absorver em 2014, respectivamente, 16, 13,5 e 11 milhões de veículos de duas rodas a motor. No entanto é interessante notar um aspecto bem diferente do nosso mercado face a estes citados: a qualificação. Yamaha RD 50
    Scooters, ciclomotores e motos de baixa cilindrada estão, é claro, na linha de frente das vendas em todos os países mencionados, onde a motocicleta tem um caráter puramente utilitário. Indianos, chineses e asiáticos compram “motinhas” para ir e vir. Aqui, a queda nas vendas das utilitárias de baixa cilindrada, determinada pelo aperto na economia e pela torneira fechada do crédito bancário, está sendo relativamente compensada pelo ânimo no “andar de cima” do mercado, o das motos de mais de 500 cc, segmento que praticamente inexiste nos outros países chamados de emergentes.

    Brasileiros que compram motocicletas para lazer são clientes cada vez mais importantes e por conta disso, lançamentos recentes têm atendido a este promissor nicho de clientes. Produtos que ofereçam status e funcionem como objetos do desejo e prazer estão sofrendo menos os efeitos da crise econômica e neste segmento é que pode estar o alento da indústria motociclística brasileira nestes próximos (e bicudos!) tempos.

    Nas gigantescas fábricas da Índia, China e Tailândia são praticamente inexistentes motos com motores acima de 300 cm3 enquanto que aqui, no Brasil, o parque industrial nascido na capital do Amazonas, Manaus, tem desovado modelos que não só pelo tamanho de seus motores mas também por conta de tecnologia incorporada, ocupam um patamar bem elevado em preço e no pouco mensurável mas bastante tangível índice de “desejabilidade”: são aquelas motos que fazem sonhar por conta de design caprichado e performance para lá de especial, e que servem como isca, mantendo o veículo motocicleta como um prêmio a ser alcançado, verdadeiro objeto de cobiça. Honda CG 125

    Esta conjuntura, na qual o brasileiro é um cliente de características mais europeias do que asiáticas, é comprovada pela presença de linhas de montagem de marcas que atendem especificamente a faixa alta do mercado: BMW, Ducati, Harley-Davidson e Triumph montam modelos em Manaus, cientes que o caminho para serem competitivas é o de driblar as altas taxas que gravam sobre produtos importados, nacionalizando alguns componentes e operações, dando emprego a muitos brasileiros e fazendo felizes outros tantos, que podem comprar aqui a preços possíveis o que se encontra nas principais lojas de motos do chamado 1º mundo. Montagem da Triumph em Manaus
    Estaremos longe de números recorde de vendas nos próximos semestres – ou anos como cogitam os mais pessimistas. Todavia, a paixão do brasileiro pela motocicleta e o grande esforço feito pelo setor, equipando-se de estruturas caprichadas tanto no aspecto da fabricação, montagem como no da distribuição não poderá permitir que a indústria de motocicletas brasileira perca sua relevante posição como fonte de emprego, bem-estar e de genuína parceira, tanto dos que querem apenas ir do ponto A ao B de maneira rápida e econômica como daqueles que escolheram o guidão como o melhor modo de aliviar o estresse.

    FOTOS: Luciano Sampafotos / Divulgação / Sérgio Rodrigues G1-AM  

  • Motos para iniciantes: veja 15 modelos indicados


    Chegar mais cedo, economizar combustível ou relaxar nas horas vagas? Seja qual for a motivação, cada um de nós ao comprar a primeira moto tem uma idéia de utilização em mente.

    Com o passar do tempo, alguns percebem que fizeram a escolha correta, satisfazendo plenamente a expectativa inicial. Porém, há gente que “quebra a cara” por escolher sua primeira moto mais com o coração do que com a razão.

    Você já está com sua carteira nacional de habilitação tipo A nas mãos, se considera suficientemente hábil para lidar com o trânsito agressivo das ruas e estradas do Brasil mas não sabe o que escolher? Para te ajudar imaginamos três tipos diferentes de usuários iniciantes e elaboramos uma listinha de cinco modelos básicos e fáceis para cada um deles. Qual é o mais parecido com você?

    O PRÁTICO!

    Cansado de chegar tarde no trabalho e em casa, todos os dias toma uma surra do congestionamentos ou de uma agenda intensa demais, com muito vai-para-cá-vai-para-lá? A motocicleta pode ser sua libertação. Mais do que paixão pela moto há em você uma necessidade prática, e seus deslocamentos urbanos (e a qualidade de sua vida) melhorarão muito trocando o chacoalhar no ônibus ou no metrô por um guidão. Recomendação?

    Os scooters, qualquer um deles. Veículos que dão show em termos de praticidade no emaranhado de carros. Todos têm compartimentos onde se pode guardar um ou mais capacetes e o que mais você quiser, todos protegem os pés e pernas da sujeira, todos têm transmissão automática e assim, basta apenas controlar acelerador e freios. Outra vantagem é serem pouco visados pela bandidagem.  O sucesso crescente dos scooters em nosso mercado está trazendo cada vez mais opções quanto a marcas e modelos.

    Nossa listinha:

    1º Honda PCX 150: não a toa o scooter mais vendido do país, e sucesso no planeta todo. Bom design, mecânica moderna e absolutamente eficaz para driblar ruas e avenidas congestionadas. Compacto e facílimo de pilotar, é difícil achar um defeito no PCX.Honda PCX 150

    2º Dafra Citycom 300i: suas rodas grandes, aro 16 polegadas, dão a este imponente scooter uma maior capacidade de encarar pavimentação ruim. Outros bons aspectos do Citycom são o conforto proporcionado pela boa ergonomia (o banco é ótimo!) e o fato de ter um parabrisa alto. Apenas exige atenção por ser razoávelmente volumoso e pesado.Dafra Citycom 300i

    3º Honda Lead 110: o porte pequeno contrasta com o fato de ter uma ampla capacidade de carga, conseguindo abrigar dois capacetes grandes sob o assento. Outra vantagem do Lead é ter o assoalho plano, o que favorece levar sacolas entre os pés. É 100% feito para a cidade.Honda Lead 110i

    4º Dafra Cityclass 200i: concilia um bom aspecto de seu irmão Citycom, as rodas grandes, com o assoalho plano que agrada no Honda Lead. O design é outro ponto alto assim como a agilidade. Não gosta muito de piso irregular e seu preço poderia ser mais baixo.Dafra Cityclass 200i

    5º Suzuki Burgman 125i: talvez é o mais conhecido dos pequenos scooters e tem a seu favor uma mecânica muito confiável e um desempenho excelente. Seu pecado é a falta de atualizações, que se refletiu nas vendas, em declínio especialmente após a chegada do PCX. Suzuki Burgman 125i

    O PÃO-DURO!

    Se para você o que importa é rodar o máximo gastando o mínimo, as escolhas melhores estão entre as motonetas e as motos de entrada da categoria utilitária, modelos que conciliam não apenas consumo de combustível baixo como também uma robustez que as deixa longe das oficinas.

    Nossa listinha:

    1º Honda Biz 100: herdeira da Honda Dream, a galinha dos ovos de ouro e alicerce do sucesso da poderosa marca japonesa, a Biz tem como característica principal uma mecânica absolutamente à prova de maus-tratos encaixada em uma parte ciclística (chassi e suspensões) amplamente testada em anos e anos de uso intensivo Brasil afora.Honda Biz 100

    2º Honda Pop 100: é a Biz em versão depenada, ainda mais rústica. A ausência total de carenagens faz dela inclusive um modelo à prova de tombo pois há pouco ou nada para quebrar/ralar. É a rainha das localidades mais remotas do Brasil.Honda Pop 100

    3º Yamaha T115 Crypton: é a Biz da Yamaha, e renomada pela sua robustez e competência para aguentar donos desatentos quanto à manutenção. Apanha e não chora, e melhor, não deixa na mão que depende dela. Seu desempenho é acima do esperado.Yamaha Crypton

    4º Honda CG 125 Fan: a maioria dos brasileiros aprendeu (e aprende) a andar de motocicleta no lombo de uma CG, moto que é já uma lenda entre nós. Dura na queda, boa em desempenho e em economia, é a subsitituta do jegue no nordeste. Precisa dizer mais?Honda CG 125 Fan

    5º Yamaha YBR 125 Factor: a rival da CG por excelência, e excelente. Há quem diga que em alguns aspectos a YBR supere o modelo da Honda, recordista em vendas. Quais? As suspensões mais macias e uma melhor ergonomia, o que a torna mais confortável. Yamaha YBR 125

    O RELAX!

    A semana acabou e tudo o que você mais quer é relaxar. Para isso, uma moto é praticamente imbatível e se você escolher os passeios certos, não apenas chegará em casa “zerado” de estresse como terá arquivado na mente belas paisagens.

    Nossa listinha:

    1ºYamaha Yamaha XTZ 250 Ténéré: tanque de grande capacidade, parabrisa e bagageiro fazem da Ténéré a menor das motocicletas nacionais a serem capazes de levar condutor e garupa a uma excelente viagem de final de semana. E se um trecho do caminho for de terra, sem problemas, ela encara. E não é só versatilidade o que ela oferece, pois também é robusta e econômica.Yamaha Ténéré 250

    2º Honda CRF 150F: a melhor moto para começar no fora de estrada de verdade tem que ser leve e com potência para não colocar em risco iniciantes. A CRF 150F preenche estes requisitos perfeitamente, além de ter um preço “possível”, abaixo dos dez mil reais, algo raro quando o assunto é moto genuinamente pensada para o off-road.Honda CRF 150F

    3º Dafra Horizon 250: ela é a menor motocicleta estilo custom do mercado, e nem por isso deixa de cumprir o que se espera de uma moto dessa categoria, ou seja, tem muitos cromados, guidão largo, banco e escapamento duplo e muito estilo. Para quem sonha com as Harley-Davidson, a Horizon é a porta de entrada ideal. Dafra Horizon 250

    4º Kawasaki Ninja 300: se seu conceito de relax está mais para pegar uma estrada tortuosa com uma moto ágil, que parace ler seu pensamento, a menor das Kawasaki é a ideal. Estilosa, excelente performance de motor aliadas a potência e peso no limite para motociclistas com pouca experiência.     Kawasaki Ninja 300

    5º Honda XRE 300: verdadeira moto multiuso, a XRE 300 tanto pode servir para aquela viagem rodoviária com garupa, para fazer uma trilhazinha leve ou encarar a encrenca de visitar aquele parente que tem um sítio onde só dá para chegar de jipe. Peso e potência, assim como a Ninja, no limite para novatos. Honda XRE 300

     

  • Proibir motos no corredor é impensável

    Motos corredor
    De boas intenções, o inferno está cheio. Este ditado frequentemente me vem à mente quando legisladores de qualquer esfera – municipal, estadual ou federal – sapecam projetos de lei com a sempre nobre mas muito genérica intenção de tornar mais seguro o uso da motocicleta.

    Homens eleitos legitimamente pelo povo não deveriam perder tempo e se exporem ao ridículo com propostas sem fundamento ou de difícil execução, mas não é isso o que se vê. Provas desta conduta não faltam: obrigação de estampar nos capacetes a placa da motocicleta, exigir uso do caríssimo colete inflável, proibir trânsito com passageiro na garupa e a recente limitação da velocidade de todas as motos a 110 km/h são apenas alguns exemplos de ideias que, felizmente, naufragaram diante do bom-senso.

    Fácil como apertar uma embreagem é perceber que tais propostas, teoricamente em favor da segurança dos motociclistas e cidadãos brasileiros, não são elaboradas ouvindo a “voz das ruas”, os diretamente interessados e afetados, usuários de motocicletas e motoristas dos outros veículos. São esboços de leis que parecem nascer do puro achismo ou de um impulso primal tipo “ai que vontade de criar uma lei… pronto, criei!  Estudos e pesquisas para embasá-los? Para quê?

    Um pouco diferente das bizarras propostas mencionadas é o projeto de lei  02650/2003, que como um zumbi saiu do reino dos mortos no final de junho passado, e cuja análise pode voltar à pauta do plenário da Câmara dos Deputados a qualquer momento. Caso passe na Câmara e no Senado, e não seja vetada pela Presidência da República, motocicletas não poderão mais circular no chamado corredor.

    Por qual razão este PL é diferente? Várias são as razões. Primeira delas é não haver um consenso mundial sobre ser apropriado ou não a uma motocicleta ou similar (scooter, motoneta…) trafegar no espaço entre as faixas de rolamento.

    Recentemente, o G1 consultou motociclistas, motoristas e especialistas de trânsito do Brasil e exterior, assim como traçou um panorama de como é a legislação sobre isso em outros países. O resultado é bem heterogêneo, uma colcha de retalhos, resultado de diferentes culturas e realidades. Motos corredor
    Moto é admirada em outros países
    Em alguns países o tema “motos no corredor” é inexistente pois ou as cidades não padecem de dimensões gigantescas ou a frota de veículos de duas rodas não é relevante. Já em outros pontos do globo, especialmente na Europa e Sudeste Asiático, onde a intimidade com o guidão vem do berço – todos passam pela bicicleta e pelo ciclomotor antes de chegar ao carro – o conflito entre a turma das duas rodas versus os das mais rodas não se põe.

    Eles veem parte da paisagem e quem opta pelo guidão não é visto como pária, mas sim admirado por optar por um transporte mais econômico e sustentável. O acesso a determinadas áreas de algumas das grandes cidades europeias é proibido aos carros e franqueado aos veículos de duas rodas, o que atrai usuários entre todas as camadas sociais.

    E no Brasil, como é? Por enquanto é a guerra! Quem anda de motocicleta diariamente na maioria dos casos o faz por necessidade. Deste modo, obrigar a estes usuários abrir mão de uma de suas principais vantagens do veículo, a agilidade, seria no mínimo uma discriminação antidemocrática.

    Andar no corredor entre carros no Brasil sempre foi permitido e é impensável reverter esse cenário sem resultados negativos. Todavia, há que se ver o lado de quem não anda de moto, gente que está cansada de se assustar com as buzinadas e com os borrões barulhentos saídos do nada passando a centímetros de suas orelhas. Moto é admirada em outros países, como a Itália

    Não existe consenso sobre o corredor
    Entre nossos especialistas em trânsito há quem assegure a premente necessidade da proibição, como há quem diga que sem poder andar no corredor, aí sim motociclistas estarão correndo perigo extremo, aliás uma vertente indicada por pesquisas de maneira cada vez mais consistente. Enfim, zero consenso.

    Premissa básica: não será uma lei (mais uma!) e ainda por cima de fiscalização impossível que colocará ordem no barraco. O que há de real é que no Brasil o trânsito é selvagem demais. Grande parte dos motoristas e motociclistas conduz sem o devido senso de responsabilidade.

    Volante ou guidão são tidos como instrumentos de auto-afirmação e não ferramentas de controle dos veículos e “guiar bem” um carro ou uma moto é algo que a maioria absoluta interpreta como a arte de dominar o veículo, e não de levá-lo dentro de preceitos estritos de segurança e em respeito as regras de trânsito. Em suma, quem sabe empinar uma moto ou dar um cavalo de pau em um carro é “piloto”, competente, quem não sabe é “bração”, incompetente.

    É aceitável que motociclistas trafeguem entre filas de carros quase parados, mas jamais em velocidade elevada. Estudos internacionais indicam que a velocidade segura para tal não pode superar 16 km/h acima da velocidade do veículo que está sendo ultrapassado. Ou seja, se o trânsito se arrasta a 20 km/h, a moto deve passar no corredor a no máximo 36 km/h. Como medir isso? Talvez o “quanto” não seja tão importante mas sim o “como”.

    A parte frágil do trânsito é o pedestre. Depois dele vem ciclistas, motociclistas e assim por diante, do menor para o maior. O grande deve cuidar do pequeno, sempre, todavia o pequeno deve cuidar de si mesmo e não é isto que se vê. Já disse, em coluna publicada em maio de 2013 (Faixa para motos é apropriada, mas é preciso mudança de comportamento) que trafegar de motocicleta nos corredores entre os carros exige uma consciência da vulnerabilidade que não parece estar sendo adequadamente compreendida por boa parcela dos motociclistas brasileiros.

    Na outra ponta estão nossos motoristas, que ainda não entenderam que a fragilidade alheia é um problema que os afeta mesmo se encapsulados por uma gaiola metálica forrada de almofadas de ar.

    Leis não são respeitadas
    Lei sobre a transparência das películas? Temos! Mas o aparelho que mede não compõe o equipamento dos policiais e, assim, deixa-se pra lá: até carros da polícia usam películas mais escuras do que o permitido, e no para-brisa! Lei sobre a emissões de poluentes na atmosfera? Temos! Mas, cadê o controle? E falar ao celular enquanto se dirige (ou pior, teclando mensagens!) pode? Claro que não, dá multa, mas isso é corriqueiro, não?

    Como se vê, o percurso entre o horror e o paraíso quando o assunto é trânsito não passa por mais leis, mas sim pela educação, incutir uma nova postura diante deste e de outros velhos (e chatos) problemas decorrentes do convívio em sociedade.

    É tempo de uma nova consciência coletiva e esta pode e deve ser construída com campanhas educativas. É tempo de dar aos renomados e premiados criativos da publicidade brasileira a oportunidade de mostrar o que é certo. Para isso e necessária a chancela (e a verba) do Estado para efetivamente apelar ao bom senso de toda a sociedade, que será muito mais motivada ao bom comportamento desta maneira do que se ameaçada pela punição com mais uma questionável lei.

    ASSISTA VÍDEO COM OPINIÃO DE MOTOCICLISTAS E MOTORISTAS SOBRE O CORREDOR:



    FOTOS: Rafael Miotto/G1

  • Carburadores estão próximos de se aposentar nas motos

    Honda CG 125 Fan é moto que ainda tem carburador

     

    Quando 2015 virar 2016 o principal fabricante de motocicletas do país e do planeta, a Honda, terá eliminado de toda sua linha de produtos brasileiros um tradicional componente dos motores a combustão interna: o carburador. Na imagem, a moto amarela é uma CG 125 Fan, umas das motos que ainda possuem carburador na linha da empresa.

    Trata-se de um nítido caso de morte mais do que anunciada. Há muito tempo uma nova tecnologia, a injeção eletrônica, comprovou-se capaz de cumprir a delicada tarefa de juntar de maneira mais eficaz “A” com “B” para fazer o motor funcionar, onde “A”  é o líquido contido no tanque de combustível e “B”  o ar capturado pela ação de bombeamento do pistão. A injeção eletrônica oferece não apenas um funcionamento mais regular ao motor como também, e principalmente, é muito mais competente na guerra santa contra a emissão de poluentes.

    A saída de cena do anacrônico carburador não será, no entanto, totalmente indolor. Como um velho craque do futebol, muitos acham que sem ele no time o futuro será pior. Pensar assim não passa de saudosismo burro, sem respaldo nenhum na realidade. A prova é a pioneira entre as motos nacionais equipadas com injeção eletrônica, a Yamaha YS 250 Fazer (moto branca na imagem). Dez anos de mercado, fama de robustez, confiabilidade e alto valor de revenda.

    A troca do velho carburador pela nova tecnologia não é apenas uma vontade de subsitituir aquilo que é funciona por algo que funciona melhor. Tem a ver também com as cada vez mais restritivas normas antiemissões de poluentes. Para cumprir o que exige o PROMOT 4, a regra governamental que visa normatizar a emissão de poluentes dos veículos vendidos no Brasil, ou se recorre à tecnologias mais evoluídas ou escolhe-se o caminho da ineficiência energética.

    Não é que seja impossível para um motor dotado de carburador atender a tais normas em termos de emissões de poluentes, todavia isso exige um sacrifício de performance no qual o motor, “estrangulado”, se transformaria em um incompetente, aquém de oferecer o esperado desempenho.Yamaha Fazer 250 foi a primeira moto nacional com injeção eletrônica
    Carros já não têm carburador
    Injeções eletrônicas estão presentes em 100% dos automóveis atualmente vendidos no Brasil. Quando da eliminação do carburador na indústria automobilística, houve gritaria, e as palavras de ordem dos xiitas defensores do velho carburador se relacionavam a uma menor confiabilidade do sistema de injeção associada a custo de manutenção maior.

    O que se dizia à época é que carburador se conserta em qualquer lugar enquanto que a injeção, pifando nos rincões mais distantes do enorme Brasil, deixaria muitos a pé e sem esperança de salvação, pois nenhum mecânico daria conta de fazer os motores equipados com a estranha novidade voltar a funcionar.

    Hoje, passados 18 anos de extinção do último carro nacional dotado de carburador, a Kombi, o que se vê é que a injeção eletrônica comprovou ser totalmente confiável e, ao contrário de onerar os usuários, reduziu o custo de exercício dos veículos, tanto pela menor necessidade de manutenção se comparada ao carburador, como também pela maior eficiência, que oferece o mencionado consumo menor e maior regularidade de funcionamento.

    "Peças mágicas"Carburador em motos está próximo de ser extinto nas motos novas no Brasil
    Carburadores, para os amantes de mecânica, são peças mágicas: um genial aparelho que, se bem regulado/ajustado, realmente faz a diferença. O problema é exatamente esse: exige regulagem, ajuste fino, conhecimento de causa de quem se dispõe a trabalhar nele. Pecinhas ínfimas que entopem, juntas que devem ser trocadas a cada desmontagem, incompatibilidade total com combustível adulterado, peças móveis que se desgastam e uma total dependência das famosas CNTP – condição normal de temperatura e pressão – para oferecer o melhor.

    Basta que a temperatura mude consideravelmente ou que o veículo suba do nível do mar aos 750 metros do Planalto Paulista, por exemplo, e adeus, lá se foi a boa regulagem do carburador! Enquanto isso a injeção eletrônica não só tira de letra a atmosfera de qualquer densidade como “lê” em tempo real que tipo de combustível estão lhe oferecendo, qual a temperatura no momento e otimiza a mistura de maneira impecável.

    As motocicletas brasileiras acima de 250 cc são todas equipadas com injeção eletrônica o que serve de efetiva prova do melhor funcionamento do sistema mais moderno e eficaz em absolutamente qualquer condição de uso.

    Com a extinção do carburador nas motos de pequena cilindrada, uma página tecnológica será virada. Ficam para trás a irregularidade de funcionamento por conta de combustíveis de qualidade heterogênea – algo muito comum no Brasil –, o consumo exagerado por causa das frequentes desregulagens, natural em carburadores depois de certo período, e entra em cena um uso exato do combustível e o benefício decorrente: motor mais “limpo”, que queima a mistura ar-combustível de maneira correta. Com isso, todos só temos a ganhar.      

    FOTOS: Raul Zito / G1 / Divulgação

  • 3 invenções que mudaram a vida do motociclista

    Quem está começando a vida ao guidão agora não faz idéia como os três itens que selecionamos abaixo contribuíram para melhorar a vida do motociclista. Acreditem, antes disso tudo surgir, a relação com nosso objeto do desejo sobre rodas era bem mais complicada…

    A PARTIDA ELÉTRICAPartida elétrica

    Não é necessário chafurdar demais no passado buscando como exemplo uma moto jurássica, tipo a Norton Manx 500 dos anos 1950 do meu vizinho, para entender o quanto é bom apertar aquele botãozinho no punho direito e ouvir o motor pegar.

     Meu vizinho, coitado, era um cara perseverante demais segundo a maioria dos moradores da rua, pois gastava sábados e domingos inteirinhos empurrando a velha moto inglesa para lá e para cá na tentativa (inglória em 95% das vezes!) de ligar o manhoso monocilíndro, cujo único jeito de ser acionado era no empurrão.

    No entanto, em tempos mais recentes outros modelos se destacaram pela total “ranzinzice” na hora de serem postos para funcionar. A Honda XLX 350R, lançada no final dos anos 1980 – e sem partida elétrica – ficou estigmatizada por conta disso. Exigia arte e ciência de seu dono para ser ligada! Partida a pedal
    Piadinha da época: como reconhecer um dono de XLX 350R? Basta notar que sua coxa direita é o duas vezes mais grossa que a esquerda! Exageros à parte, a dificuldade em fazer funcionar o monocilíndro apenas com a força da perna aplicada à alavanca de partida, conhecida também por kick-starter, não era de todo infundada.

    Para ativar a Xiselona – apelido da moto -  era preciso ter jeito, pegar a mão, ter a manha. Toda moto de um único cilindro e capacidade cúbica razoável (e por razoável considere acima de 250 cc) exige energia para ser ligada. Sem o maravilhoso botão, haja truque e… força!

    Hoje são raríssimas as motos que não tem partida elétrica, e a totalidade delas são de baixa cilindrada o que torna a operação de dar partida no pedal algo muito fácil. Porém, a partida elétrica é sempre a melhor maneira de ligar uma moto. Uma santa evolução!

    CAPACETE ESCAMOTEÁVEL
    Capacete escamoteável
    Os primeiros capacetes para motociclistas eram pouco mais do que gorros de couro. Surrupiados dos aviadores, protegiam mais contra o frio do que contra impactos. Depois deles vieram os capacetes tipo “coquinho” e, uns 50 anos atrás, apareceu a grande evolução, os chamados capacetes “Jet”, aqueles que continuaram abertos na face mas protegiam, além crânio, também as orelhas.  Apenas no final dos anos 1960 que, finalmente, vieram os capacetes integrais, ou fechados, dotados do prolongamento diante do queixo que protegia a face por inteiro.

    Logo ficou evidente que em termos de segurança, o capacete integral era que havia de melhor, mas não há dúvida que se comparado a um modelo tipo “Jet”, aberto, ele é mais abafado, quente, volumoso e incômodo. Eis que há cerca de 20 ou 25 anos atrás, começaram a surgir os capacetes escamoteáveis.

    No início eles eram meio complicados, a operação de abrir ou fechar a parte frontal exigia as duas mãos, jeitinho e nem sempre era uma ação suficientemente prática e rápida. Atualmente eles são parte consistente da produção de qualquer fabricante que se considere sério, e favoritos de muitos usuários, especialmente os mototuristas.

    Razões? Muitas: rodar devagarinho, com o frontal aberto, é reconfortante em climas quentes. A praticidade é outro aspecto forte, coisa que se nota ao parar no pedágio e procurar trocados nos bolsos ou, simplesmente, pedir uma informação sem ter que ficar urrando. Hoje os capacetes escamoteáveis são um sucesso. Seguros, práticos e confortáveis. Juntaram o conforto do modelo Jet à segurança do integral. Uma santa invenção!

    MEMBRANA IMPERMEÁVELMembrana impermeável

    Chuva, o horror de 10 entre 10 motociclistas! É até possível encontrar um que afirme, estufando o peito, adorar pilotar no molhado. Sim, masoquistas e malucos existem em todos setores da população mundial… O fato é que pilotar motocicleta molhado é um verdadeiro HORROR, algo que arrasa o humor de qualquer um além de ser potencialmente perigoso, e não estamos falando apenas do piso escorregadio ou dos problemas decorrentes da baixa aderência ou má visibilidade, mas sim da insidiosa hipotermia.

    Água caindo do céu, mesmo no verão, sempre será mais fria do que a temperatura do corpo humano, que deve ficar entre 35-36,5ºC. Abaixo disso acontece a perigosa hipotermia e suas consequências, confusão mental, sonolência e reações lentas. Nada disso combina com pilotar moto.

    Quando motocicletas foram inventadas já chovia faz tempo no mundo, e assim maneiras de escapar da água já existiam. Visto que guarda-chuva e vento não combinam, motociclistas começaram a bolar trajes feitos com tecidos impermeáveis, e os encerados foram os primeiros a serem usados.

    Depois chegaram os tecidos sintéticos, plásticos, razoavelmente capazes de deixar a água de fora mas… e o motociclista, ficava seco? Não, continuava molhado, e desconfortável. Como assim? Por causa da condensação formada pelo calor emanado pelo seu próprio corpo.

    O natural “bafo” corpóreo e o eventual suor decorrente do calor formado pela falta de ventilação acabava mantendo molhado o infeliz motociclista mesmo se os pingos de chuva não penetrassem no traje. Eis que uma genial alma, William Gore, criou em 1969 uma membrana mágica, conhecida pelo nome comercial de Gore-Tex.

    A partir daí a vida do motociclista mudou, e para muito melhor: trajes fabricados com o Gore-Tex no forro, associados a tecidos externos resistentes como a cordura, representam o que há de melhor (e mais caro) para trajes para motociclistas.

    Funcionam assim: a membrana mágica permite ao vapor de água, a condensação criada pelo calor do corpo e suor, sair, mas impede a água de entrar. Ou seja, o motociclista fica seco e ventilado, confortável.

    Existem vários nomes que são aplicados a este princípio têxtil, como H2Out, Aero-tex e outros, mas todos eles têm em comum a mágica característica de conseguir manter a água longe de sua pele e oferecer um excepcional conforto. Uma santa (mas ainda cara) invenção/evolução!

    FOTOS: Roberto Agresti/ G1/ Divulgação

Autores

  • Roberto Agresti

    Roberto Agresti pilota e escreve sobre motocicletas há três décadas.

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