Filtrado por Roberto Agresti Remover filtro
  • Africa Twin e R 1200 GS: big-trails são 'tanques de guerra' das motos

     


    Fascinantes e cada vez maiores, as bigtrails são um fenômeno de sucesso relativamente recente na indústria motociclística mundial. Uma rápida olhada para o passado indica que foi do meio para o fim do anos 1970 que as trail, motos nas quais a agilidade e leveza era o maior predicado, receberam o “fermento” que as fez ir crescendo e crescendo cada vez mais.

    Qual é mãe de todas as bigtrail? Há quem sustente que foi a Yamaha XT 500. Apresentada em 1975, logo se tornou um sucesso comercial comprovando que alguns clientes não acharam nada ruim ter um motor mais forte em uma estrutura mais parruda em troca de alguns quilos a mais. Yamaha XTZ 750 Super Ténéré
    Divisor de águas para a consagração da receita foi o sucesso nos ralis africanos. As Yamaha XT 500 praticamente originais venceram as duas primeiras edições do rali Paris-Dakar e tais vitórias tendo como palco mítico deserto do Ténéré garantiram à marca as excelentes vendas de suas motos batizadas com este nome, sejam elas grandes como a Yamaha XTZ 1200 Superténéré, as mais comuns XT 600 ou 660 e as menorzinhas XTZ 250 Ténéré. Yamaha XT 1200Z Super Ténéré
    Mas foi em 1981 que a moto vitoriosa no rali Paris-Dakar fez nascer a verdadeira receita de bigtrail através de um modelo que virou lenda: a BMW R 80 GS, a primeira da série a usar estas tão conhecidas letrinhas. Desde então as GS foram sendo lapidadas e se transformaram em uma espécie de moto-referência quando o assunto é bigtrail.

    Na época de seu lançamento em 1980 a BMW R 80 GS foi vista por muitos como uma moto paradoxal, uma trail sem nexo. A principal causa era seu motor, um boxer bicilíndro de 800 cc largo e pesado. Também causava espanto a escolha da transmissão final por cardã, que em nada ajudava a traseira ter os predicados esperados de uma off-road tais como grande curso de suspensão e leveza. BMW R 80 GS
    No entanto estas BMW GS comprovaram que a estranha receita era boa e venceram o Paris-Dakar em 1983, 1984 e 1985com as R 100 GS, com motores ainda maiores, de 1.000 cc. Tal dominio no então popularíssimo rali africano serviu como uma verdadeira rampa de lançamento para a receita de bigtrail da marca alemã onde motor bicilindrico e peso elevado derrotavam as mais leves motos com motores monocilíndros.

    G1 JÁ AVALIOU A TRIUMPH TIGER 800. ASSISTA:


    Nova Africa Twin vem por aí
    No recém-encerrado Salão de Milão, a mostra mundial que anualmente traz aos olhos do mundo as principais novidades do setor, a Honda CRF 1000L Africa Twin talvez tenha sido o lançamento mais relevante. A intenção da Honda é a de reviver as glórias da XRV 650 Africa Twin original, que lançada em 1986 teve um grande sucesso de mercado, impulsionado pelas vitórias da versão “de briga”, o protótipo Honda NXR 750V e NXR 800V, ganhadoras do rali Paris-Dakar de 1986 a 1989.

    Resumidamente, entramos na quarta década de sucesso deste gênero de motos e mesmo se o rali Paris-Dakar não seja mais tão popular, e tampouco saia de Paris e chegue a Dakar – o palco de disputas agora é a América do Sul e as motos dominantes tem no máximo 450 cc por razões de segurança – praticamente todas as marcas tem em seu catálogo uma bigtrail. Honda CRF 1000L Africa Twin
    Líder deste segmento em todo o planeta é a BMW R 1200 GS, moto cuja receita não se distanciou da R 80 GS de 35 anos atrás na essência. O renascimento da Africa Twin atual, a Yamaha aperfeiçoando cada vez mais suas Ténéré super ou não e até mesmo marcas sem grande tradição no off-road como a Ducati ou a Triumph com representantes neste segmento, as Multistrada e as Tiger mostra o quanto a receita da BMW fez sucesso. Isso para não falar na austriaca KTM , marca especialista em motos off-road, cuja majestosa 1190 Adventure é exemplo.

    'Tanques de guerra'
    O que faz deste gênero de motos modelos tão ambicionados? Um conjunto de fatores. Primeiro deles é, talvez, o inegável ar de indestrutibilidade. Verdadeiros tanques de guerra, tais motos tem na aparência robusta um de seus mais admirados fatores mesmo se isso implique em peso elevado e consequente prejuízo em sua capacidade de superar obstáculos.

    Outro fator não indiferente é que qualquer motociclista sobre elas ganha ares de super-homem. Altas, largas, pesadas e geralmente dotadas de aparatos vistosos como barras de proteção, faróis suplementares, malas e parabrisas gigantes, passam uma impressão de serem difíceis de serem domadas. De fato não são motos indicadas para iniciantes mas na verdade não são tão complicadas de se levar quanto fazem crer. Basta apenas não esquecer da condução atenta e apropriada ao seu volume e peso e, é claro, ter pernas longas o suficiente para manobrá-las. BMW GS
    Hoje as bigtrail são as motos favoritas de quem pretende percorrer longas distâncias pois conciliam conforto e capacidade de rodar em qualquer tipo de estrada com grande capacidade de carga e performance. De fato, elas representam para o mundo da motocicleta o que são os SUV no âmbito dos automóveis com a diferença de que elas, as motocicletas com esta pegada multiuso que não temem estradas ruins e aparentam robustez, estão há bem mais tempo no topo das preferências dos motociclistas do mundo todo, uma moda que não dá menor sinal de estar perdendo força, pelo contrário.

  • Sons do motor ajudam a vender motos: escute os 'barulhos'


    O ruído produzido por um motor de motocicleta pode ser um forte motivador de vendas? Considerando que muitas vezes a compra de uma moto é uma atitude predominantemente emocional, a resposta é um enfático sim. Um bom e recente exemplo desta sedução auditiva é a para muitos a saudosa CB 600F Hornet, cujo som emanado pelo escapamento sempre esteve entre os melhores “garotos propaganda” do modelo. Equipada com um motor quatro cilindros em linha, a Hornet exalava pura esportividade pela ponteira de escape, um som agressivo, que das notas graves em baixa rotação passava às mais agudas em piscar de olhos.

    Tal característica, totalmente oposta a das Honda CB 500 – tanto faz quais delas, se as atuais ou a pioneira vendida de 1998 até 2007 – pode explicar a menor empolgação dos clientes ante a estas eficazes bicilíndricas. Todos sabem que seja os modelos antigos quanto os novos são motocicletas eficientes, de desempenho razoável mas… o som  do espace nem de longe se compara ao da Hornet, e não adianta inventar moda, substituindo a ponteira de escape original por uma do mercado paralelo, em geral mais permissivas em termos de decibéis liberados, pois a “música” não muda. Aumenta o barulho, mas a empolgação e agressividade não aparece. Honda CB 600F Hornet
    Como explicar essa diferença? A resposta já foi dada linhas acima, e é bem simples: o fracionamento do motor, ou seja, na quantidade de cilindros. Verdadeiro divisor de águas nesse curioso mais importante aspecto que tanto pode atrair clientes como afugentá-los, é a primeira motocicleta de quatro cilindros que alcançou relevante sucesso, a Honda CB 750 Four.

    Surgida no final dos anos 1960, a “Four” tinha quatro escapes, um para cada cilindro. Tal motocicleta era um produto surpeendente, à frente de seu tempo, época onde motos grandes eram bicilíndricas ou, no máximo, tricilíndricas. Mas o quatro em linha da Honda mudou o padrão, e para melhor, um som de motor maravilhoso que até hoje é uma referência. Enfim, desconbriu se que a quantidade de cilindros poderia ser não apenas um método de conseguir maior potência como conquistar clientes pelo som do motor.

    Como se não bastasse, alguém também descobriu que o que era bom podia ficar ótimo, trocando os quatro escapes individuais desta histórica Honda por um escapamento tipo “quatro-em-um”, no qual como o próprio nome diz, os quatro canos de escapamento convergiam para uma única saída e… haja ouvido! O som era rasgado, inesquecível, adorável para qualquer fã não só de motos, mas de tudo que se movia impulsionado por um motor a combustão interna, e muito similar ao som produzido pelo motor da comentada Hornet que, como sua bisavó Honda CB 750 Four, tem motor tetracilíndrico e vinha de fábrica com escape 4x1.

    ESCUTE SOM DO MOTOR DE 3 CILINDROS DA TRIUMPH TIGER 800XC:


    MODA DE ÉPOCA
    Com toda certeza em um projeto para um novo modelo de motocicleta, o quesito “voz do escape” é muito considerado hoje em dia. Quando se trata de motos utilitárias, o foco é manter baixa a emissão de ruídos por serem tais motos ferramentas de trabalho que em geral são usadas por horas e horas a fio. Um escapamento barulhento nestes modelos seria desconfortável. Em geral os motores monocilíndricos não são bons “cantores”, qualquer que seja seu tamanho. Idem, como já comentado, os bicilíndricos. Sons bacanas, agressivos, começam nos tricilíndros e especialmente nos “tetra”, mas nem sempre foi assim.

    Hoje o som do escape das motocicletas é mais contido inclusive por lei, pois há limites precisos a serem cumpridos. Medidos em decibéis de acordo com um padrão exato, uma moto que supere o limite de ruído estabelecido pela lei simplesmente não pode ser vendida, Outro aspecto que reduz o “vozeirão” dos motores é a necessidade de limitar as emissões de poluentes, o que sempre implica na presença de filtros como  catalisadores, verdadeiras mordaças dos motores.

    No passado, quando poluir por ruído ou por gases nocivos era algo que preocupava menos os fabricantes e usuários, os escapamentos das motos explusavam notas bem mais altas, e diferentes também. Era a época em que muitas motocicletas eram dotadas de motores de ciclo 2 tempos, hoje praticamente banidos da produção mundial. Por conta de suas características de funcionamento, tais motores literalmente gritavam, produzindo sons mais agudos para darem o melhor em termos de desempenho.Os ouvidos sofriam, mas o coração se alegrava: um motor dois tempos de pequena cilindrada ou não, monocilíndrico ou os excitantes tricilíndricos, causavam emoções não indiferentes.

    ESCUTE DE UMA ROYAL ENFIELD DE 1952:


    Exemplos? As Suzuki GT 750, 550 e 380 venderam bem no Brasil, muitos por conta da àspera voz, embaralhada em baixa, nas lancinante quando a agulha do contagiros lambia a faixa vermelha. Mais raras entre nós mas ainda mais gritadoras eras as Kawasaki H1 Mach 3, tricilíndricas de 500cc. Fecha a listinha as bicilíndricas Yamaha, da qual a mais conhecida foi a RD 350. Seja a importada, refrigerada a ar (a viúva negra…) ou a LC, Liquid Cooled made in Manaus, elas urravam uma espécie de hino à paixãoa por motos esportivas.

    Hoje, apesar das restrições comentadas,”vozes” sedutoras não faltam no mundo da moto. Para os fãs das americanas Harley-Davidson a compassada batida do V2 norte-americano é inigualável, e o charme é a rotação baixa, pulsante. No extremo oposto está o poderoso zumbido do motor seis cilindros em linha que equipa as BMW K 1600. Porquê zumbido? Pela necessidade por se tratarem de motos para o turismo, verdadeiros transatlânticos das estradas. O motor é uma usina inesgotável de força cujo poderio não pode ser explicitado no volume, o que causaria desconforto, mas sim na singularidade do som emanado pelos escapes seis-em-dois, cada um com três orifícios… HONDA CB 750
    Já nas superesportivas, a fórmula de sucesso da CB 750 Four de quase 50 anos de idade perdura. Os motores quatro cilindros em linha são em geral dotados do lendário escape 4x1, que espertamente libera o justo ruído exigido por lei na rotação especificada para o teste homologatório, mas que urram alucinadamente quando levados a rotações mais altas, verdadeiro marketing auditivo de grande efeito. E para os insaciáveis “audiófilos” do mundo da motocicleta, o mercado de acessórios oferece uma infinidade de sistemas de escapes onde a busca pela performance se confunde como a pela mais bela e agressiva “voz” do motor que, como dissemos, é e continuará sendo um eficiente motivador de vendas.

    ESCUTE O MOTOR DA HONDA XRE 300:



  • Honda Bros 160 supera CG 160 em vendas: entenda o motivo

    Honda Bros 160
    Qual é a moto mais vendida do Brasil? Quem falou Honda CG talvez não tenha acertado 100%. Analisar os números de vendas no atacado (o das fábricas para as concessionárias…) deste ano mostra que a moto mais vendida do momento é a Honda NXR 160 Bros.

    O brasileiro mudou de gosto depois de décadas? Hummm, não é bem assim. Não há dúvida que a NXR 160 Bros e sua antecessora, ainda a venda (por pouco tempo) a NXR 150 Bros, são motos muito bem sucedidas, que caíram no gosto do brasileiro desde que surgiram, mas daí a superar a lendária CG o espaço é grande.

    Todavia, enquanto a NXR 160 Bros é praticamente uma moto só, as estradeiras batizadas de CG são um montão. Querem ver: 125 Cargo, 125 Fan, 150 Cargo, 150 Fan, 150 Start, 150 Titan e, porfim, as últimas a chegar, as 160 Fan e 160 Titan. Tudo isso é CG!

    Se você entrar em uma concessionária da marca e disser para o vendedor “quero comprar uma CG” ele vai perguntar qual, pois atualmente elas são oito. É uma situação transitória pois o motor 150 dirá adeus à linha da Honda no final deste ano e assim restarão apenas as 160 e as 125. Mesmo assim, é interessante notar como a preferência do brasileiro está, cada vez mais, orientada para modelos estilo trail e entre elas a NXR 160 Bros é a campeã.

    Somando todas as CG vendidas em 2015 até setembro, o resultado dá 271.063 unidades. Essa a mesma conta com as NXR Bros (são apenas três: NXR 125 Bros, NXR 150 Bros e NXR 160 Bros) resulta em 164.239 unidades. Longe? Sim, mas chegando cada vez mais perto.

    Na coluna publicada 27 de maio passado já mostramos o quanto as trail estão caindo no gosto do brasileiro, cuja participacão no bolo subiu dos 11,1% em 2008 para 19,5% em 2014.  As razões: múltiplas. Suspensões de maior curso para encarar a crescente buraqueira, o estilo aventureiro cada vez mais em voga e, claro, o contínuo amadurecimento do motociclista brasileiro que percebe que elas são mais versáteis, pois fazem tudo que uma estradeira faz no asfalto e, quando aparece uma estrada sem pavimentação, mostra superioridade indiscutível. Detalhe: de acordo com o DNIT –  Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte – 80,3% das estradas nacionais não são pavimentadas.

    G1 AVALIOU A HONDA 160 BROS. ASSISTA:



    O QUE VEM POR AÍ
    O lançamento da Honda CB Twister, substituta da CB 300R está dando o que falar: é uma moto 100% nova e seu motor 250 cc, inédito, promete maior economia e dá à Twister um desempenho igual ao da CB 300R, apesar dos 50cc a menos no motor. O segredo está na maior leveza do conjunto, que faz sua majestade a relação peso-potência favorável à 250.

    Somando 1+1, muitos preveem que a próxima moto a ser lançada pela Honda é a subsitituta da XRE 300, que compartilhava o mesmo motor com a extinta CB 300R. Porém, esta lógica não parece ter fundamento: fontes bem informadas insistem que a XRE 300 continuará em produção.Yamaha XTZ Crosser 150

    A Honda não quer “largar o osso” desta categoria “plus” nas trail e assim o que teremos é uma nova XRE 300 atualizada, com um novo cabeçote tanto para ajudar o motor a cumprir sua missão de adequar-se aos restritivos testes do programa PROMOT4, expelindo menos sujeira na atmosfera, quanto conquistar aquela robustez que segundo muitos não é o forte destas Honda de 300cc.

    Se este atualização/aperfeiçoamento da XRE se confirmar, não é difícil prever que a fatia das motos com pneus de cravos e suspensões longas, como a citada XRE, a NXR 160 Bros ou as representantes da Yamaha, a Crosser 150 e as 250 Lander ou Ténéré, cresca ainda mais. Evidentemente a NXR 160 Bros foi uma resposta a moderna Crosser, e uma nova XRE 300 vai estimular a uma atualização das 250 Yamaha.

    Seja como for, uma coisa é certa: a moto mais vendida do Brasil neste 2014, individualmente, não é mais uma CG e sim a NXR 160 Bros…

    FOTOS: CAIO KENJI / DIVULGAÇÃO

  • Scrambler, Bonneville, R nineT e Forty-Eight: moda retrô pega nas motos

    A chegada ao mercado brasileiro da Ducati Scrambler, da Harley-Davidson Forty Eight atualizada e das inéditas Triumph Bonneville reforça um segmento que mostra grande vigor em todo mundo. Aqui, ao que parece, não está sendo diferente.

    Tais motos se caracterizam por ter um visual mais essencial, antiguinho até, mas que trazem tecnologia alinhada às mais modernas máquinas da atualidade. Moda passageira ou não, o fato é que este gênero de motos está cada vez mais na “wish list “ de um variado rol de motociclistas.

    Importante alertar que estas motos citadas assim como a BMW R nineT, disponível no Brasil há mais de um ano, e a Royal Enfield Continental GT que deverá pisar no Brasil ainda em 2016, não são exatas réplicas de modelos do passado. Em alguns casos, Ducati Scrambler e Triumph Bonneville, são reinterpretações atualizadas de motos de mesmo nome fabricadas no passado. H-D Forty-Eight, BMW R nineT e Royal Enfield Continental GT são criações atuais em esquema saudosista. 

    DUCATI SCRAMBLERDucati Scrambler Sixty2
    Curioso lembrar que quase 50 anos atrás, quando chegou ao mercado, a Ducati Scrambler original não chamou grande atenção e tampouco representou um “case” de sucesso. Na verdade foi o tempo que se encarregou de dar à ela um status de “cult bike” e ser perseguida por colecionadores. A atual “sede” pelo estilo Scrambler – nome que determina motocicletas que podem rodar tanto no asfalto quanto em estradas ruins – e por tudo que pareça vintage estimulou o renascimento da novidade reinterpretada.


    Será difícil errar se dissermos que ela será um sucesso entre nós como está sendo no resto do planeta, inclusive porque é a linha mais acessível da marca italiana. Além da Scrambler 800, o país vai receber a versão de menor cilindrada, chamada de Sixty2, e que fez estreia no Salão de MIlão.

    TRIUMPH BONNEVILLE
    Outra motocicleta que segue esta mesma vertente para conquistar clientes – cara de antiga com alma moderna – são as Triumph Bonneville, que no entanto são mais fiéis às origens, mas nem tanto…. A Ducati Scrambler original dos anos 1960 tinha um motor de um cilindro com 450cc. Triumph Bonneville T120

    A atual recebeu um moderníssimo bicilíndro em V de 802 cc e a versão menor um bicilindrico de 399 cc. Na Triumph os ingleses optaram por mais tradicionalismo e assim as Bonneville atuais também são empurradas por um motor de dois cilindros paralelo como a velha “Bonnie" do fim dos anos 1950. O que mudou foi o tamanho: agora ha motores de 900 e 1.200 cc contra os parcos 650cc da primeira destas Triumph de 1959.

    BMW R NINET
    BMW R nineT Scrambler
    Alemães também se renderam ao gosto do mercado com uma interpretação bem particular da tendência, mas em vez de reproduzir uma de suas clássicas motos da série R, fabricadas com mínimas alterações estéticas dos anos 1920 até praticamente 1950-1960, a BMW preferiu um caminho mais parecido com o da Ducati.


    A R nineT é uma roadster no melhor estilo Café Racer, essencial e atraente justamente por isso: farol, guidão, tanque banco e motor se apoiam a uma esturura mínima valorizando o motorzão (1.170cc), o mais moderno dos boxer refrigerados a ar, arquitetura idêntica à das mais tradicionais BMW. Porém, nunca hove nada nem sequer parecido na linha da marca alemã no passado. E sua linha acabou de crescer com a chegada da R nineT Scrambler, lançada no Salão de Milão.

    HARLEY-DAVIDSON FORTY-EIGHT
    Tradicionais por excelência, todas as Harley-Davidson poderiam ser encaixadas em maior ou menor grau neste gosto por motos novas com ar antigo. Mas uma delas em particular se destaca neste ambiente, a Forty-Eight, cujo design limpo lembra as motos do imediato pós-guerra, as H-D do exército norte-americano que vendidas a preço de banana eram depenadas de todo o aparato supérfluo, Tais máquinas resultaram no estilo Bobbers. Mais caprichada no quesito suspensões na versão para 2016, a Forty-Eight é outra moto que, como todas acima, tem sabor de velhos tempos.Harley-Davidson Forty-Eight
    Curiosidade: ela se chama Forty-Eight, quarenta e oito em inglês, em alusão à introdução do tanque estilo “peanut” na linha da marca norte-americana. 

    ROYAL ENFIELD CONTINENTAL GT
    Prestes a chegar – melhor dizendo voltar – é a quinta e última marca de motos modernas/antigas de nossa listinha, a lendária Royal Enfield, uma das mais emblemáticas marcad na épca em que os ingleses davam as cartas na indústria da moto. As Royal Enfield já foram vendidas no Brasil por um curto período, via importador independente, há poucos anos atrás. Contudo, estas clássicas motocicletas estão prestes a serem recolocadas no mercado pela própria Royal Enfield, atualmente uma empresa de capital indiano.

    Desde os anos 1950 a gigantesca Índia contava com as Royal Enfield, fabricadas localmente por uma subsidiária para abastecer principalmente a polícia e o exército indiano. A fábrica inglesa fechou em 1971 mas a marca sobreviveu na Índia. Recentemente uma injeção de capital levou à atualização dos modelos em termos técnicos, mas o estilo e arquitetura tradicionais foram mantidos. Royal Enfield Continental GT
    Entre todas Royal-Enfield o modelo mais elegante é a Continental GT, uma café racer pura, com motor monocilíndrico de 535cc. O visual não deixa dúvidas quanto o respeito às origens, porém, signo dos novos tempos é a alimentação do motor por injeção eletrônica Keihin em respeito às normas antiemissões e – ainda bem – a garantia de apertar o botão de partida e ouvir o motor acordar, coisa que nos parece óbvia atualmente, mas que não era algo tão comum assim de acontecer nas Ducati Scrambler, Triumph Bonneville, antigas H-D, Royal Enfield ou BMW alimentadas por mal-humorados carburadores dos modelos originais. O gosto pelo antigo está, felizmente, limitado ao estilo e não ao funcionamento problemático do passado.

    FOTOS: DIVULGAÇÃO / EICMA

  • Salão de Milão: a moda e as motos


    Ah, Milão! Chique, elegante, apressada e especialmente cinzenta nestes dias de outono. A São Paulo italiana, centro financeiro e industrial do país, amanhece encapada por uma espessa neblina que não consegue de jeito nenhum esconder sua conhecida vocação. A de ditadora de tendências do mundo da moda. Mas a moda, no caso, não é a vista no quadrilátero formado por Via della Spiga, Manzoni, Montenapoleone e Corso Venezia. Em vez dos pretinhos nada básicos, de estampas elaboradas, cortes arrojados ou tecidos preciosos, nesta semana são as motocicletas que usam Milão como rampa de lançamento de tendências.

    No Eicma, nome oficial do Salão de Milão – principal mostra da indústria da moto mundial – os estandes das principais marcas do planeta imitam as vitrines chiques do centro. Como sempre, boa apresentação é meio caminho andado, e o pavilhão de exposições de arquitetura futurista projetado por Massimilano Fuksas é embalagem mais do que apropriada  para a exposição da “moda-moto 2016”.

    Os principais lançamentos? Você já sabe quais foram: o G1 vem mostrando desde segunda, véspera da abertura do salão, fotos e vídeos das novidades mais fortes (veja a cobertura completa). Agora cabe analisar cada uma das tendências vistas nesta importante mostra.

    Palavra da moda: Scrambler
    Se você ainda não ouviu esta palavra, está por fora. Milão 2016 sacramentou que aplicar o nome Scrambler em uma moto produz efeito. Ele remete a modelos do passado, motos com pegada multiuso, boas para asfalto e para escapadinhas na terra.

    BMW Scrambler R Nine T

    O resgate começou com a Ducati, no ano passado, Um mês atrás veio a Triumph, com sua Bonneville com kit "Scrambler" opcional. Agora, é a vez da BMW mostrar sua receita de Scrambler, usando para tal sua já charmosa R nineT. Escape? Alto, sobre pneus bem esculpidos. Guidão largo, ar de simplicidade completam a "fórmula". São motos essenciais, mas nada simplificadas. Juntam tecnologia moderna com visual conservador, ou quase isso. É uma tendência de longo prazo.

    Atitude da moda: agressividade
    O que dizer da MT-10, a Yamaha R1 travestida de naked (sem carenagens), que parece ter fugido de uma história em quadrinhos estilo Mangá? Que ela chegou tarde, mas muito bem: lembrem-se que há bons anos a Kawasaki, com suas Z750 (depois Z800, depois Z1000), mostrou o “caminho das pedras”.

    Yamaha MT-10

    São motos para serem domadas, cujo fãs não querem saber de frescuras como carenagem, bolha parabrisa, mas sim sentir a fúria do vento chicoteando o corpo em acelerações insanas. Moto para macho, mesmo. Neste mesmo tom, a italiana MV Agusta trouxe sua renovada Brutale 800, mas não há dúvidas de que, na categoria, a maior das motos da família MT da Yamaha foi a mais admirada.

    Moda para 'copiar': maxitrail
    Todos querem o trono da BMW R 1200 GS. A maxitrail alemã é unanimidade: moto mais vendida do catálogo da marca de Munique e inalcançável pelas concorrentes. Marcas gigantescas, como a líder mundial Honda, ou “premium”, como a italiana Ducati, tentam, em Milão, mais um ataque à rainha.

    Honda Africa Twin

    A Honda desencavou o nome Africa Twin e fez ver a definitiva versão de sua maxitrail para tentar desbancar a R 1200 GS. Tecnologia nipônica contra a sisuda tradição bávara: com um motor de desenho exótico, o bicilindro boxer, esconde um "know-how" atualíssimo e eficaz. Conseguirá esta nova Africa Twin, ao trocar o antigo motor V2 dos anos 1990 por um bicilindro paralelo, incomodar a alemã? Veremos.

    Quanto à Ducati, a receita não foi inovar, mas aproximar. Sua Multistrada ganha uma versão com Enduro no nome, e agora tem roda aro 19 na dianteira, como as R 1200 GS, motor mais longe do solo e pegada um tiquinho mais off-road. Ainda tem cara de Ducati, com DNA “rosso corse”, mas está mais pertinho das areias do Atacama do que do asfalto das subidinhas de montanha lisas como tapete. Ou seja, uma Multistrada mais Adventure, com as R 1200 GS casca-grossa.

    Ducati Multistrada 1200 Enduro

    Moda para 'todos': as 300 de grife
    Semana passada o mundo viu a versão definitiva da BMW G 310 R. Monocilíndrica, mas nada chocha. Moderna, mas não exagerada. Básica, mas não pobre. É a entrada da marca alemã em um segmento no qual, como comentei na coluna anterior, se destina a fazer números pesados, e crescer em 50% as vendas.

    Quem veio atrás deste mesmo cliente? Ora, vejam vocês, a Ducati (leia-se Audi, dona da marca), com sua Scrambler 62, uma 390 cc que apesar de bicilindrica mira um cliente semelhante e, claro, angariar mais clientes. E mais jovens.

    BMW G 310 R

    Como as BMW, as Ducati eram motos fora do alcance para jovens duros ou semiduros, gente que não pode se permitir grandes motos, pois mesada e salário de primeiro emprego não têm gordura. Quem sabe com estas 300 o sonho de uns – clientes – e de outros – fabricantes – se concretize?

    Ducati Scrambler Sixty2

    Para a democratização da moto de grife acontecer, de fato, elas não podem custar mais de R$ 20 mil quando chegarem ao Brasil - como prometido.

    Versalidade da moda: scooters
    A Honda mostrou o pau, mas não matou a cobra: seu scooter-conceito ADV, com pneus mistos e pegada de trail pode vir a ser fabricado muito em breve. Lembrando, um ano atrás a marca apresentou a Africa Twin como “conceito”, aqui mesmo em Milão e, agora, trouxe a versão definitiva. 

    Este scooter-conceito quase que certamente repetirá este processo, pois tem cara de produto em fase de industrialização, e não de estudo.

    Honda City Adventure

    Um scooter para andar em estradas ruins é algo inédito? Não. Lembra do Yamaha BW, um cinquentinha (ou 90 cc, em alguns mercados) que tinha pneus balão e mandava bem quando o asfalto sumia? O que a Honda propõe agora é, claro, algo de bem mais elaborado. Motorzão, dois freios a disco na dianteira mas, convenhamos, o “conceito” é dar um scooter a quem não quer escolher muito os caminhos, e capturar quem pretende unir a praticidade do scooters a versatilidade das trail. Outras marcas seguirão estas pegadas.

    Fora de moda: motos elétricas
    Onde estão as motos elétricas dos grandes fabricantes? Em Milão, ninguém pôs pilha no segmento, literalmente. A única marca realmente poderosa a investir em fonte de energia elétrica em duas rodas ainda é a BMW, com seu scooter C Evolution. Lançado em meados de 2014, ele ainda não tem nenhum rival.

    Honda e Yamaha, donas da fatia mais grossa do mercado mundial, não parecem crer que baterias podem ocupar o lugar de tanques de combustível, ainda. Culpa de quem? Do custo de produção elevado, e do consequente preço salgado, fora a baixa autonomia. Acabou a carga? Espere… 

    Há ainda certa insensibilidade de governantes que não dão o devido valor à "zero emissão" (de poluentes), deixando de isentar esses veículos e impostos, taxas ou o que for. Se, nos carros, o elétrico parece ser algo viável e os híbridos – mescla de motores a combustão interna com elétricos – são realidade, no mundo das motos esta moda ainda não pegou de fato, por impossibilidade técnica (dos híbridos) ou inviabilidade comercial pelo malvado binômio alto preço/baixas vendas do interesante BMW C Evolution. Sozinho no mercado como um como um papagaio na Islândia.

    Conclusão
    À exceção de elétricas, a “moda-moto 2016” traz um pouco de tudo. Grandes, pequenas, largas e baixas, simples e complicadas. As "custom", tão em voga em anos anteriores, parecem ter atingido seu patamar de estabilização e nada de efetivamente poderoso foi visto neste salão. E, então, de tudo isso que Milão mostrou, o que você achou mais “a sua cara?”. Qual a tendência que mais agrada você? Conte tudo…

    Fotos: Rafael Miotto/G1

  • BMW quer crescer 50% com moto de baixa cilindrada e 'peitar' a KTM


    BMW, três letras que colocadas juntinho, significam muito. Principalmente dinheiro: tanto motos como carros desta marca ocupam o mais alto posto entre os objetos do desejo de quem quer se locomover sobre rodas (o colunista viajou à Alemanha pela Revista da Moto! e a convite da BMW). São máquinas exclusivas que custam caro, e custam caro porque são máquinas exclusivas. Como queiram.

    A BMW é um camaleão industrial, mudando conforme o momento. Quando nasceu, no começo do século 20, fabricava motores aeronáuticos. Do movimento das hélices passou ao movimento de rodas. O primeiro veículo com logotipo BMW foi uma motocicleta, a R 32 de 1923. À partir dos anos 1950, carros viraram o negócio principal mas em Munique nunca deram as costas a sua primeira “paixão”, as duas rodas. Apesar de ingleses e italianos, antigos donos da indústria da moto mundial, e dos japoneses de agora, motos BMW, em qualquer época, sempre foram respeitados ícones.

    VEJA COMO É A G 310 R E ESCUTE O MOTOR:

    No passado as BMW eram lembradas principalmente pela robustez, hoje pela tecnologia e… pelo preço elevado, o que não impede que sejam líderes do segmento acima de 500 cc em 26 países, tendo vendido um total de 121.622  motos até este outubro, superando em 11,5% o período anterior.

    E no Brasil, como é? Se considerarmos apenas as marcas tidas como “premium”, ela é a nº1. Bate por pouco a americana Harley-Davidson, vende o dobro que a Triumph e deixa à Ducati a lanterninha em um lucrativo mas estreito bolo de pouco mais de 16 mil unidades vendidas em 2015, até outubro inclusive, onde a parte que cabe à BMW é de 6,4 mil unidades.

    Se essa conta do mercado nacional considerar as motos “acima de 500 cc”, as BMW abocanham algo como 13% do bolo, ocupando um instigante 3º lugar atrás de Honda e Yamaha com suas bem mais populares (e baratas) CB 500, XJ6 e MT-07.
    BMW G 310 R

    Porém, pelo que ouvi em Munique na última quarta-feira (11), tal panorama poderá mudar. Como o lançamento de sua interessante G 310 R, uma roadster moderninha, a BMW quer bem mais clientes do que tem hoje, e clientes diferentes.

    Segundo os chefões alemães não se trata de uma popularização da marca, mas sim de conceder a quem quer ou precisa de motos menores a oportunidade de entrar no mundo BMW. Para isso a BMW conta conosco, brasileiros, e também com asiáticos da Indonésia, Malásia e Vietnã por exemplo, sempre sedentos por duas rodas. E enfie neste balaio também os indianos, que não apenas vão contribuir com numerosos clientes mas também com a fabricação da novidade.

    Uma BMW made in Índia choca? Não há porquê: a BMW estabeleceu uma parceria com a TVS (lembram da Apache, da Dafra? Pois é, é uma TVS!) com o intuito de construir com qualidade mas a preço acessível. Projetada na Europa, a G 310 R será fabricada na terra de Gandhi. No Brasil será montada em Manaus e chegará as revendas ainda em 2016, segundo trimestre.

    VEJA COMO ANDA A KTM 390 DUKE, RIVAL DA G 310 R:


    O plano todo visa fazer a BMW Motorrad, como é chamada a divisão de motos da empresa alemã, incrementar suas vendas em nada menos que 50% até o ano de 2.020. Para isso, não só contará com a G 310 R mas também como scooters menores que os atuais C 650 Sport e C 650 GT, além de elevar em termos globais o número de suas revendas das atuais 1.100 para 1.500.

    Não é a primeira vez que a BMW fabrica uma moto de pequena/média cilindrada. A R 39 de 1925, segundo modelo da marca, era empurrada por um motor monocilíndro de 247 cc. 90 anos atrás assim como é a G 310 R hoje, era uma vitrine de tecnologia alemã. BMW R39 de 1925
    A estratégia expansionista da BMW anunciada ontem tem, também, ingredientes ocultos, menos idealistas do que conceder a mais gente a “oportunidade de entrar no mundo BMW “, ou mercantilistas, crescer 50% em cinco anos. KTM 390 Duke

    Como se sabe, o inimigo frequentemente mora ao lado e os austríacos de Mattighofen, leia-se KTM, estão bem pertinho dos alemães da BMW não só geograficamente: fazem motos aventureiras com as da linha GS da BMW, fazem superesportivas como a BMW S 1000 RR e, principalmente, fazem as interessantes KTM 390 Duke e 200 Duke, atraentes e não a toa parecidíssimas com esta BMW G 310 R.

    No fim das contas, a luta é sempre será por mais clientes, por maior fatia de mercado, mas a BMW sabe, como eu sei e você também, que os jovens de hoje estão menos interessados por motos do que estiveram no passado. E certamente um modo de atraí-los é com produtos marcantes e que custem menos dinheiro como esta nova roadster. O tempo mostrará se a estratégia vai dar certo…

    FOTOS: Roberto Agresti / G1 / Divulgação

Autores

  • Roberto Agresti

    Roberto Agresti pilota e escreve sobre motocicletas há três décadas.

Sobre a página

Veja dicas sobre pilotagem, segurança e as tendências do universo das duas rodas.