Scrambler, Bonneville, R nineT e Forty-Eight: moda retrô pega nas motos
A chegada ao mercado brasileiro da Ducati Scrambler, da Harley-Davidson Forty Eight atualizada e das inéditas Triumph Bonneville reforça um segmento que mostra grande vigor em todo mundo. Aqui, ao que parece, não está sendo diferente.
Tais motos se caracterizam por ter um visual mais essencial, antiguinho até, mas que trazem tecnologia alinhada às mais modernas máquinas da atualidade. Moda passageira ou não, o fato é que este gênero de motos está cada vez mais na “wish list “ de um variado rol de motociclistas.
Importante alertar que estas motos citadas assim como a BMW R nineT, disponível no Brasil há mais de um ano, e a Royal Enfield Continental GT que deverá pisar no Brasil ainda em 2016, não são exatas réplicas de modelos do passado. Em alguns casos, Ducati Scrambler e Triumph Bonneville, são reinterpretações atualizadas de motos de mesmo nome fabricadas no passado. H-D Forty-Eight, BMW R nineT e Royal Enfield Continental GT são criações atuais em esquema saudosista.
DUCATI SCRAMBLER
Curioso lembrar que quase 50 anos atrás, quando chegou ao mercado, a Ducati Scrambler original não chamou grande atenção e tampouco representou um “case” de sucesso. Na verdade foi o tempo que se encarregou de dar à ela um status de “cult bike” e ser perseguida por colecionadores. A atual “sede” pelo estilo Scrambler – nome que determina motocicletas que podem rodar tanto no asfalto quanto em estradas ruins – e por tudo que pareça vintage estimulou o renascimento da novidade reinterpretada.
Será difícil errar se dissermos que ela será um sucesso entre nós como está sendo no resto do planeta, inclusive porque é a linha mais acessível da marca italiana. Além da Scrambler 800, o país vai receber a versão de menor cilindrada, chamada de Sixty2, e que fez estreia no Salão de MIlão.
TRIUMPH BONNEVILLE
Outra motocicleta que segue esta mesma vertente para conquistar clientes – cara de antiga com alma moderna – são as Triumph Bonneville, que no entanto são mais fiéis às origens, mas nem tanto…. A Ducati Scrambler original dos anos 1960 tinha um motor de um cilindro com 450cc.
A atual recebeu um moderníssimo bicilíndro em V de 802 cc e a versão menor um bicilindrico de 399 cc. Na Triumph os ingleses optaram por mais tradicionalismo e assim as Bonneville atuais também são empurradas por um motor de dois cilindros paralelo como a velha “Bonnie" do fim dos anos 1950. O que mudou foi o tamanho: agora ha motores de 900 e 1.200 cc contra os parcos 650cc da primeira destas Triumph de 1959.
BMW R NINET
Alemães também se renderam ao gosto do mercado com uma interpretação bem particular da tendência, mas em vez de reproduzir uma de suas clássicas motos da série R, fabricadas com mínimas alterações estéticas dos anos 1920 até praticamente 1950-1960, a BMW preferiu um caminho mais parecido com o da Ducati.
A R nineT é uma roadster no melhor estilo Café Racer, essencial e atraente justamente por isso: farol, guidão, tanque banco e motor se apoiam a uma esturura mínima valorizando o motorzão (1.170cc), o mais moderno dos boxer refrigerados a ar, arquitetura idêntica à das mais tradicionais BMW. Porém, nunca hove nada nem sequer parecido na linha da marca alemã no passado. E sua linha acabou de crescer com a chegada da R nineT Scrambler, lançada no Salão de Milão.
HARLEY-DAVIDSON FORTY-EIGHT
Tradicionais por excelência, todas as Harley-Davidson poderiam ser encaixadas em maior ou menor grau neste gosto por motos novas com ar antigo. Mas uma delas em particular se destaca neste ambiente, a Forty-Eight, cujo design limpo lembra as motos do imediato pós-guerra, as H-D do exército norte-americano que vendidas a preço de banana eram depenadas de todo o aparato supérfluo, Tais máquinas resultaram no estilo Bobbers. Mais caprichada no quesito suspensões na versão para 2016, a Forty-Eight é outra moto que, como todas acima, tem sabor de velhos tempos.
Curiosidade: ela se chama Forty-Eight, quarenta e oito em inglês, em alusão à introdução do tanque estilo “peanut” na linha da marca norte-americana.
ROYAL ENFIELD CONTINENTAL GT
Prestes a chegar – melhor dizendo voltar – é a quinta e última marca de motos modernas/antigas de nossa listinha, a lendária Royal Enfield, uma das mais emblemáticas marcad na épca em que os ingleses davam as cartas na indústria da moto. As Royal Enfield já foram vendidas no Brasil por um curto período, via importador independente, há poucos anos atrás. Contudo, estas clássicas motocicletas estão prestes a serem recolocadas no mercado pela própria Royal Enfield, atualmente uma empresa de capital indiano.
Desde os anos 1950 a gigantesca Índia contava com as Royal Enfield, fabricadas localmente por uma subsidiária para abastecer principalmente a polícia e o exército indiano. A fábrica inglesa fechou em 1971 mas a marca sobreviveu na Índia. Recentemente uma injeção de capital levou à atualização dos modelos em termos técnicos, mas o estilo e arquitetura tradicionais foram mantidos.
Entre todas Royal-Enfield o modelo mais elegante é a Continental GT, uma café racer pura, com motor monocilíndrico de 535cc. O visual não deixa dúvidas quanto o respeito às origens, porém, signo dos novos tempos é a alimentação do motor por injeção eletrônica Keihin em respeito às normas antiemissões e – ainda bem – a garantia de apertar o botão de partida e ouvir o motor acordar, coisa que nos parece óbvia atualmente, mas que não era algo tão comum assim de acontecer nas Ducati Scrambler, Triumph Bonneville, antigas H-D, Royal Enfield ou BMW alimentadas por mal-humorados carburadores dos modelos originais. O gosto pelo antigo está, felizmente, limitado ao estilo e não ao funcionamento problemático do passado.
FOTOS: DIVULGAÇÃO / EICMA