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Por Vinicius Montoia, g1


Toyota Corolla Cross XRE, do lote 129, tem lance inicial de R$ 70 mil — Foto: Reprodução Receita Federal

A Receita Federal liberou mais um lote de carros para o leilão que vai realizar no dia 30 de setembro. Dentre os 13 veículos disponíveis estão caminhões, carros de passeio e vans. O g1 verificou todas as ofertas e te mostra quais os valores iniciais cobrados neste leilão regional de mercadorias apreendidas ou abandonadas.

Ao todo, são 160 lotes que incluem celulares, produtos elétrônicos (incluindo multimídia de veículos), relógios, utensílios domésticos, artigos esportivos, entre outros. As propostas de valor poderão ser enviadas das 8h de 23 de setembro até às 18h de 27 do mesmo mês. E qualquer um pode participar, tanto pessoas físicas quanto jurídicas.

A sessão será no último dia de setembro, às 10h (horário de Brasília), e os lances podem ser dados pela internet.

Ford Fiesta 1.6 em leilão da Receita Federal — Foto: Reprodução/Receita Federal

O veículo mais barato custa R$ 300 e é um Fiat Uno Mille de 1996. Apesar de estar em condições de rodar, dá para ver que precisa de bons ajustes para trafegar com segurança. O volante, por exemplo, está quebrado.

Já o mais caro, um caminhão Volvo FH 440, tem lance inicial por R$ 99 mil. Há ainda a oportunidade de comprar um Toyota Corolla Cross na versão de entrada XRE com motor 2.0 a combustão. O SUV é de 2021 e seu lance inicial é de R$ 70 mil.

Porém, o valor cobrado por essa mesma versão no mercado de usados chega a quase o dobro do que a Receita Federal pede inicialmente: são R$ 135 mil, em média, as ofertas em sites de veículos usados. Um zero quilômetro não sai da concessionária por menos de R$ 179.890.

Veja a lista completa abaixo e, na sequência, as dicas para participar de leilões.

Mercedes-Benz LS 1630 1995
Valor atual: R$ 500,00

Toyota Corolla Cross XRE 2021
Valor atual: R$ 70.000,00

Toyota RAV4 2014
Valor atual: R$ 40.000,00

BMW 328i 1998
Valor atual: R$ 500,00

Fiat Uno Mille 1996
Valor atual: R$ 300,00

Renault Master 2013
Valor atual: R$ 33.000,00

JAC J6 2.0 Diamond
Valor atual: R$ 6.000,00

Ford Fiesta sedã 1.6 SEA 2014
Valor atual: R$ 10.800,00

Chevrolet Astra GL 1999
Valor atual: R$ 3.000,00

Scania G 380 A
Valor atual R$ 45.000,00

Chevrolet Meriva 2003
Valor atual: R$ 3.600,00

Volvo FH 440
Valor atual: R$ 99.000,00

Chevrolet Meriva Joy 2007
Valor atual: R$ 1.000,00

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Como funcionam os leilões

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Veja dicas para participar de leilões

Como em qualquer leilão, é preciso analisar minuciosamente cada item para saber qual faz sentido na sua garagem. Para te ajudar, o g1 reuniu as principais dicas e as opiniões de especialistas para que você tome a melhor decisão.

Existem dois tipos de leilões: os particulares e os públicos. A primeira pergunta que o consumidor pode se fazer é: de onde vêm esses veículos?

Os leilões públicos costumam ofertar modelos que foram apreendidos ou abandonados. De acordo com Otávio Massa, advogado tributarista, esses veículos têm origem em operações de fiscalização aduaneira e foram retidos por questões legais, fiscais ou por abandono em recintos alfandegados.

Existem também os carros inservíveis de órgãos públicos, como os que já não têm mais utilidade para o propósito governamental e são vendidos para reutilização ou como sucata.

“Os veículos são vendidos no estado em que se encontram, sem garantias quanto ao seu funcionamento ou condições, e o arrematante assume todos os riscos”, explica o tributarista.

Em meio aos riscos, há excelentes preços. Porém, existe um passo a passo para verificar o estado do carro, que vamos falar adiante.

Diferentemente das revendas oficiais ou multimarca, não é oferecida uma garantia para o produto. É nesse momento que o consumidor tem que ligar o alerta: produtos de leilões particulares podem ter garantia para apenas alguns itens. Os públicos, por sua vez, não têm garantia.

Por isso, é importante checar se é possível fazer uma vistoria presencial no modelo antes de pensar no primeiro lance.

Luciana Félix, que é especialista em mecânica de automóveis e gestora da Na Oficina em Belo Horizonte, lembra ainda que a burocracia pode ser um grande empecilho para o uso do item leiloado. Um exemplo que ela cita é o de um carro aprendido, que pode ter problemas na documentação.

“Esses carros já vêm com burocracias devido ao seu histórico. (...) Às vezes, são carros que necessitam de uma assistência jurídica. Você tem que contratar um advogado para fazer toda a baixa dessa papelada”, alega a especialista.

Leilões particulares

De acordo com a especialista em mecânica automotiva Luciana Félix a maioria dos pregões particulares oferece carros de seguradoras (geralmente de sinistros, com perdas totais ou parciais), de locadoras, e de empresas com pequena frota, que colocam a antiga para leilão quando precisam fazer a substituição.

Simplificando o conceito:

  • 🔒Leilões particulares: frotas de empresas, devoluções de leasing, de seguradoras
  • 🦁Leilões da Receita Federal: apreendidos, confiscados ou abandonados.

Tipo de compra

Segundo Ronaldo Fernandes, especialista em Leilões da SUIV, empresa que possui um banco de dados de peças automotivas, é fundamental entender que existem duas maneiras de adquirir automóveis ofertados em leilões: para restaurar ou utilização; e aqueles voltados exclusivamente para empresas de desmanche legal.

“Não há um tipo específico de veículos que vai a leilão, mas é muito importante verificar qual o tipo de venda que está sendo oferecida para o veículo de interesse, pois alguns veículos poderão circular normalmente e outros servirão somente para desmonte ou reciclagem devido à sua origem”, afirma Fernandes.

Nos casos em que os carros são vendidos para desmanches, a origem deles se dá por conta do tamanho do sinistro. “Dependendo do tamanho do sinistro, o automóvel só poderá ser vendido como sucata, ou seja, sem documentação para rodar novamente”, afirma Fernandes.

Critérios para venda

Segundo o advogado tributarista Otávio Massa, os critérios para que um carro vá a leilão incluem:

  1. Valor comercial: veículos com valor residual significativo que justifique a venda;
  2. Condição recuperável: mesmo que parcialmente danificados, se ainda tiverem peças reutilizáveis ou puderem ser reparados;
  3. Procedimento legal: veículos apreendidos ou abandonados que legalmente devem ser vendidos em leilão público.

Resumindo, o que define se um veículo vai ser leiloado é o quanto ele ainda pode despertar o interesse financeiro de novos compradores. Thiago da Mata, CEO da plataforma Kwara, afirma que é feita uma avaliação prévia para determinar o valor a ser cobrado.

“Normalmente, ativos que possuem débitos superiores ao seu valor de mercado são considerados sucata e vão para descarte. Da mesma forma, veículos cujo estado de conservação seja muito crítico podem ter o mesmo destino para que possam ser aproveitadas as peças”, argumenta.

Otávio Massa corrobora com a visão de da Mata ao afirmar que “não há uma porcentagem mínima específica estabelecida por lei, mas o critério principal é se o veículo tem valor comercial residual. Veículos sem valor ou severamente danificados podem ser descartados”.

Carros, caminhões, ônibus e outros modelos destinados a desmanche têm seus respectivos números de chassis cancelados. É como se o automóvel deixasse de existir.

Prudência e dinheiro no bolso

De acordo com Thiago da Mata, da Kwara, inspecionar o veículo é de suma importância. Afinal, os carros podem ter distintos estados de conservação, o que tem que entrar na lista de preocupações de quem participa de um pregão.

“[Os veículos] podem tanto estar em bom estado de conservação, como também é possível que tenham ficado em pátio público durante um período de tempo importante”, afirma.

Os carros podem ter marcas provocadas pelo período em que ficaram expostos ao clima: pintura queimada, oxidação da lataria, manchas provocadas pela incidência solar. E esses reparos também precisam entrar no planejamento financeiro do comprador.

Idealmente, a inspeção deve ser feita de forma presencial, segundo os especialistas consultados nesta reportagem.

Ao verificar um carro, por exemplo, é preciso verificar tudo: bancos, painéis de porta, console central, volante, conferir os equipamentos, a quilometragem, ligar o carro, abrir o capô, checar a existência de bateria de 12V e, se possível, levar um especialista ou mecânico de confiança para checar as partes técnicas e prever possíveis custos extras com manutenção.

Luciana Félix, que é especialista em manutenção, diz que o consumidor precisa ver até o histórico de manutenção, se possível. E documentar tudo com fotos.

“Comprar carros em leilão é tipo um investimento de risco, você pode se dar muito bem ou muito mal, pois você não poderá andar com o carro para saber como está o seu motor ou câmbio, pois todos os veículos estão lacrados”, argumenta a proprietária da Na Oficina.

É importante ressaltar que essa é a mesma verificação que se faz ao comprar um automóvel usado, seja presencial ou via marketplace: deve ser feita uma avaliação técnica, além de checagem da quilometragem rodada e documentação do ativo.

“Importante que seja feita a verificação de débitos ou algum tipo de bloqueio para venda, pois a responsabilidade por estes pagamentos pode ser diferente de leilão para leilão. Estas informações devem estar presentes no Edital, que deve ser lido com atenção antes que qualquer lance seja dado”, alerta Thiago da Mata, da Kwara.

Quando a compra é feita pela internet e não existe a possibilidade de visitar o produto, é indicado solicitar uma vídeo-chamada para fazer essa inspeção. Não é o ideal, mas já ajuda a verificar o estado do carro, mesmo que seja à distância.

O que verificar:

  • Documentação: incongruências jurídicas;
  • Custos para regularização;
  • Estado de conservação do carro;
  • Custos para restauro;
  • Condições de compra;
  • Inspeção mecânica e de equipamentos.

Assim, se você vai participar de um leilão pela primeira vez, atente-se para os seguintes passos.

  1. Estude: leia o edital e entenda as regras do leilão;
  2. Verifique a procedência: se certifique que o veículo não tem pendências legais;
  3. Defina um orçamento: estabeleça um limite máximo de gastos;
  4. Inspecione: se possível, veja o veículo pessoalmente ou solicite um relatório detalhado;
  5. Experiência: participe de leilões menores para entender a lógica de funcionamento.

▶️ LEMBRE-SE: Utilize apenas canais oficiais para se comunicar com o leiloeiro e verifique sempre a autenticidade das mensagens. Evitar fraudes já é um bom começo.

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