No trecho final de “Bye Bye Brasil”, desapontados com a derrocada da Caravana Rolidei em Altamira (PA), Lorde Cigano (José Wilker) e Ciço (Fábio Jr.) se desentendem e se separam na cidade de Belém. O sanfoneiro parte em direção à Brasília com a família, em busca de emprego e melhores condições de vida. Na nova capital do país, muitos nordestinos que trabalharam na construção da cidade agora habitavam as periferias da cidade.

Na última parte da série especial “Bye Bye Brasil, três décadas depois”, que refaz a rota da Caravana Rolidei, do filme de Cacá Diegues, o G1 embarcou na boleia de um caminhão de cacau e seguiu por quase 18 horas de Altamira até Tucuruí, também no Pará. De lá viajou mais nove horas de barco até a capital Belém, onde embarcou em um ônibus que levou outras 36 horas para chegar a Brasília. A ideia foi mostrar como está a infraestrutura de mobilidade da região nos dias atuais e reproduzir o que foi feito durante a gravação.

No vídeo abaixo, a primeira parte da jornada: de carona em um caminhão com o motorista André Luis dos Santos, o Kafona, no volante.

Tucuruí: tem hidrelétrica, mas não tem luz

Passados quase 30 anos da inauguração da usina de Tucuruí (PA), a cidade tem problemas de mobilidade, de saneamento básico e de acesso a serviços de saúde e segurança. Os índices de violência contra a mulher são altíssimos, segundo a defensoria pública local. Uma das explicações encontradas é o êxodo de mão de obra masculina para os canteiros das usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, e de Belo Monte, em Altamira. “Muitas mulheres ficam sozinhas”, disse o defensor Renato Teixeira.

Uma das curiosidades encontradas em Tucuruí foi a história do pescador Louzada, que trabalhou na construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí, mas hoje vive sem luz em uma casa às margens do Rio Tocantins.

De Tucuruí a Belém, uma parada em Cametá

No barco em que a equipe de reportagem viajou de Tucuruí até Belém, a falta de infraestrutura é evidente. Na hora de embarcar, os passageiros enfrentam o primeiro desafio: descer uma escada de pedra até o nível da água, onde está a embarcação. Sem padrão, os degraus chegam a ter 30 centímetros de altura e, na largura, alguns não comportam um pé inteiro. Esse é só um dos problemas que geram reclamações, principalmente de usuários mais velhos, de mulheres com crianças de colo e de quem tem alguma deficiência física.

A capital paraense aparece no roteiro da viagem por causa do Palácio dos Bares, que serviu de palco para uma das cenas finais do filme “Bye Bye Brasil”. Reduto da boemia e do “high society” do Pará nos anos de 1970, o estabelecimento caiu no ostracismo depois de pegar fogo durante as filmagens. Hoje, funciona como espaço de locação para festas fechadas.

Para completar os 8 mil quilômetros de estrada e encerrar a caravana de 35 dias por 17 cidades, a reta final de Belém até Brasília foi feita de ônibus.

‘Aqui vinha do homem de terno ao malandro’

- Cacá Diegues

Antes e depois

A capital do PA pelo olhar de Cacá Diegues há 35 anos e, agora, em 2013, pelo do G1.

Em Brasília (DF), o destino final, o G1 encontrou um sanfoneiro com história parecida com a de Ciço, interpretado por Fábio Jr. no filme de Cacá Diegues. Em “Bye Bye Brasil”, o músico busca a “terra prometida” que era a capital brasileira e alcança o sucesso nos bailes da cidade.

O sanfoneiro Gonçalo Aquino Cardoso, o Sivuquinha, que deixou o Piauí em 1974 para buscar melhores condições de vida na capital, segue na luta.

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