A cidade de Piranhas, às margens do Rio São Francisco no sertão alagoano, foi cenário das cenas iniciais de “Bye Bye Brasil”. Os prédios coloridos da praça principal, as ruas estreitas e a calmaria do povoado de Entremontes podem dar a impressão de que nada mudou desde o fim dos anos 1970. Mas o filme levou energia elétrica para a localidade, fez com que a população participasse da produção cinematográfica e mostrou os primeiros indícios de que o isolamento cultural da região estava com os dias contados.

Das espinhas de peixe às antenas parabólicas

Na história de Cacá Diegues, o personagem Lord Cigano, interpretado por José Wilker, vê as antenas de TV (as “espinhas de peixe”) como rivais das atrações circenses de sua caravana. À época, a TV ainda era novidade nas regiões mais pobres e afastadas do país.

Hoje, o aparelho está na casa de todos os moradores, acompanhado de variados modelos de antenas parabólicas instaladas sobre as casas. Carros e motos, incomuns há 35 anos, cortam as principais ruas do município, cujo índice de moradores na zona urbana cresceu 1.000% entre 1980 e 2010. Já o movimento nas águas do São Francisco é bem menor.

‘Espinhas de peixe’

No final dos anos 70, a TV chegava ao sertão. Era comum olhar para os telhados das casas e ver as ‘espinhas de peixe’ enfileiradas

Antenas parabólicas

Já hoje, as antenas de sinal UHF deram lugar às parabólicas, que proporcionam uma recepção de sinal melhor no sertão nordestino.

Ouça o depoimento/ensaio fotografico sobre a Piranhas de 2013

Antes e depois

O centro histórico de Piranhas pelo olhar de Cacá Diegues há 35 anos e, hoje, pelo G1.

Um filme jamais visto

Os habitantes mais velhos de Piranhas lembram bem dos cerca de 15 dias de gravações com José Wilker, Betty Faria e Fábio Jr. Moradores da cidade participaram como figurantes, mas muitos deles jamais viram o filme – e as suas atuações – nas telas grandes. Piranhas teve um único cinema, nas décadas de 1950 e 1960, bem antes de ser cenário de 'Bye Bye Brasil'.

  • ‘Cidade continua atrasada’

    Dona Zilma e Seu Erasmo serviram café para o elenco e falam da Piranhas da época

  • ‘O bigode continua o mesmo'

    Seu Raimundo conta como fez figuração durante a cena inicial, na feira da cidade

  • ‘Sou artista de cinema’

    Luizinho vê pela 1ª vez sua imagem no filme: uma criança que brinca com um veado

Uma vida no escuro

No filme, Lorde Cigano (Wilker) utiliza uma lanterna em uma sala escura para se apresentar ao público de uma cidade sem luz. Aqui, Dona Dione reproduz a cena ao contar a história de sua vida em Piranhas.

Todos os dias de manhã, às 5h40, a gente estava nadando nesse belo rio São Francisco... Meu marido faleceu há 7 anos, mas mesmo assim eu desço e ainda tomo banho no rio todos os dias, às 5h40. É a minha academia”

E o sertão virou mar

Conhecida por ter tido as cabeças de Lampião e Maria Bonita exibidas em frente ao prédio de sua prefeitura, na década de 1930, Piranhas é a terceira cidade mais visitada de Alagoas, atrás de Maceió e Maragogi. O que transformou o local em rota turística é o seu cânion, navegável a partir de 1994 com a construção da Usina Hidrelétrica do Xingó. Para se ter uma ideia, na época de “Bye Bye Brasil” (final dos anos 70) não havia hotéis ou pousadas em Piranhas. Hoje são cerca de 800.

Piranhas vista do alto

Um sobrevoo pela cidade mostra a beleza local

Piranhas vista por baixo

Passeio pelo Xingó exibe a beleza do cânion

Os últimos passos de Lampião

O cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, morto em 1938 na Grota de Angicos, em Sergipe, é figura bastante lembrada no sertão nordestino. O G1 viajou de Piranhas até o local da morte do líder do bando acusado de sequestros, assassinatos, torturas, estupros e saques em fazendas e cidades. Para muitos, no entanto, Lampião era “um homem do povo”, que afrontava os coronéis da região e lutava pelos miseráveis.

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