Edição do dia 29/02/2016

29/02/2016 09h16 - Atualizado em 29/02/2016 11h10

Defensoria exige atendimento melhor para dengue, zika e chikungunya

Exigências da Defensoria Pública da União são para tentar abreviar as intermináveis horas de espera e garantir que os pacientes façam exames.

A Defensoria Pública da União faz uma série de exigências para que as prefeituras melhorem o atendimento dos pacientes com suspeita de dengue, zika ou chikungunya. É para tentar abreviar as intermináveis horas de espera e garantir que os pacientes façam os exames para descobrir que doença pegaram.

Com sintomas do vírus da zika, a operadora de caixa Maria José de Oliveira foi até uma Unidade de Pronto atendimento, na Zona Norte do Rio. Demorou duas horas para ser atendida e saiu sem ter feito nenhum exame. “A decepção foi muito grande porque eu esperava fazer o exame para realmente ter certeza que era zika”, diz

A professora Ana Cristina Lima também tem os sintomas do vírus da zika. Ela procurou um hospital municipal em Cabo Frio, na Região dos Lagos, no Rio. Mas não conseguiu fazer a consulta. "Não tem atendimento, acabaram de me informar que teria que passar por uma triagem e agora também acabaram de informar que não tem ninguém para fazer passar por essa triagem e que também não tem médico, o único médico que tem está o trauma”, diz a professora.

A prefeitura de Cabo Frio está distribuindo kits com remédios para dor e febre e soro para hidratação. Mas alguns pacientes reclamam que não conseguem descobrir o diagnóstico após fazer os exames. “O exame foi feito, mas não tem médico para ver o exame, não tem médico para me dizer o que eu tenho realmente”, queixa-se um paciente.

Em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana de Goiânia, os postos de saúde estão lotados e os pacientes enfrentam fila. Em uma unidade, a procura aumentou 40% desde o fim do ano passado. Mas o aposentado Otácilio Dias precisou comprar uma agulha para tomar a medicação.“Já trouxe, está no bolso, porque não tem, isso não é certo, você comprar para vir aqui para tomar”, reclama.

As reclamações pelo Brasil afora chegaram à Defensoria Pública da União, que determinou: todas as secretarias municipais de saúde devem adotar uma série de medidas para garantir o atendimento adequado a pacientes com sintomas de dengue, febre chikungunya e zika.

As prefeituras devem garantir a oferta de serviços de saúde para prevenir e tratar pessoas com doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Criar centros de hidratação, com funcionamento 24 horas, e oferecer exames de sangue com resultado em até duas horas. Além disso, as prefeituras devem ter à disposição dos pacientes laboratórios de referência para a confirmação das suspeitas de zika e chikungunya. Os agentes municipais de saúde também devem garantir a cobertura de, pelo menos, 80% das visitas aos imóveis da cidade para combater focos do mosquito.

As secretarias municipais de saúde têm um mês para apresentar à Defensoria Pública da União um plano de contigência de dengue, chikungunya e zika."Verificar se o dinheiro do governo federal realmente está chegando na ponta, se está ocorrendo investimento qualificado, um projeto executivo para que a gente possa vencer esse surto da dengue”, diz o defensor público federal Daniel Macedo.

“Ah, tomara que mude mesmo, porque do jeito que está, olha, sinceramente, eu acho um desrespeito muito grande”, diz a operadora de caixa Maria José de Oliveira.

O Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde disse que, em 15 dias, vai apresentar o plano de contingência e pediu mais dinheiro do governo federal para melhorar o atendimento aos pacientes.

Sobre a reclamação quanto à falta de exame no Rio, a Secretaria Estadual de Saúde disse que, por ser um exame caro, é feito, de preferência, em grávidas e em pessoas com complicações graves.

A Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia disse que o abastecimento de agulhas já foi normalizado.

A Secretaria de Saúde de Cabo Frio disse que no dia da reportagem dois plantonistas não apareceram para trabalhar, por isso o atendimento estava pior.

Um detalhe no caso das novas determinações da Defensoria Pública da União para melhorar o atendimento: não há nenhuma punição prevista se os municípios não cumprirem as determinações.

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