Noite de Oscar

sex, 28/02/14
por Dodô Azevedo |
categoria Cinema, Cultura, Você

Cena do filme Ela, de Spike Jonze, que concorre ao Oscar de melhor roteiro original

 

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Aqui, neste post, a partir das 20h, este blog passa a comentar tudo sobre a noite dos Oscars.

Sabe papo de quem tá ali do teu lado com um balde de pipoca na mão?

A ideia é que juntos, ainda que pela tela do computador, tudo fica mais divertido.

 

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POSTADO às 02:09

E a grande vitoriosa da noite foi Ellen Degeneres. Revolucionou tudo com a ação de marketing que deu no selfie mais compartilhado da história, conduziu o espetáculo de modo a passar mais rapido do que nos anos anteriores. Contrato garantido no ano que vem.

MUITO obrigado a você que acompanhou aqui estas três, quatro horas de comentários aqui. Eu adorei.

Próxima parada, Cannes.

Você vem comigo, né?

 

 

POSTADO às 02:00

Deu 12 anos de escravidão. Ganhou mas não levou. Gravidade foi o grande vencedor da noite. Brad Pitt, branco, constrangedor em sua participação no filme, foi o primeiro a falar, antes de McQueen, o diretor negro. Óbvio. No fundo, e na superfície, é tudo negócio. E o Lobo de Wall Street é uma ópera que explica isso maravilhosamente. O filme do ano. Que explica tudo o que você viu comigo hoje.

POSTADO às 01:55

Matthew McConaughey. Mesma coisa da Lupita. Papel fácil prum ator. Leonardo Di Caprio não sair com estatueta é caso para o parlamento da Ucrânia.

POSTADO às 01:50

A impressão que se tem é se Leonardo Di Caprio nao ganhar a platéia levanta e vai embora.

POSTADO às 01:47

Meio mundo agora de olho na conta de twitter da @MiaFarrow .

POSTADO às 01:46

Estendo o tira-teima: Quero ver a Cate Blanchet fazendo uma escrava preta chicoteada

POSTADO às 01:36

Virou o jogo. Gravidade virou todo o tom da noite, preparada para consagrar 12 anos de escravidão. Alfonso Cuarón, o primeiro latino-americano a vencer melhor direção, sendo o menos latino americano que um diretor pode ser.

POSTADO às 01:35

Roteiraço, o de Ela. Inacreditavel Spike Jonze ter vencido. E conseguiu o que queria: empatou com a ex-esposa, Sofia Coppola, num filme que é clara resposta a Encontros e Desencontros, que explana a relação dos dois quando eram um casal e deu a ela também o Oscar de melhor roteiro original.

POSTADO às 01:33

O primeiro job de John Ridley, roteirista de 12 anos de escravidão, foi roterista do Fresh Prince of Bel Air. Pode ser que 12 anos fique com os prêmios principais e poucos, e Gravidade com o resto.

POSTADO às 01:18

Nos livramos do discurso do Bono.

POSTADO às 01:16

Trilhas muito fracas este ano. Todas. Mas é o sexto Oscar de Gravidade, o primeiro favorito ao Oscar, lembram?

 

POSTADO às 01:02

Momento máximo.

 

Viva Coutinho!

 

POSTADO às 00:55

Porque  que ficamos tão comovidos na hora do obituário? Porque nos enfiam na cabeça, o tempo todo, que são imortais.

 

POSTADO às 00:54

Agora, a homenagem a Eduardo Coutinho. Pera…

POSTADO às 00:39

Tira-teima definivo? Ver a Meryl Streep fazendo o papel da escrava negra chicoteada pelo homem branco.

POSTADO às 00:32

Melhor montagem sem Thelma Schoonmaker, ainda mais em Lobo de Wall Street, é campeonato de basquete sem o time americano. Mas é bacana o Oscar de montagem ir para o diretor do filme. Ah, gosto do trabalho de montagem de Alan Baumgarten, editor de A Trapaça, em Zombiland. Só.

POSTADO às 00:28

O fofógrafo do Terence Malick finalmente ganhou uma. E Roger Deakins, um dos melhores fotógrafos do mundo, bate o próprio recorde de derrotas.

POSTADO às 00:16

O prêmio pra Lupita é o primeiro sinal de que o vencedor da noite será mesmo 12 anos… – o papel e a atuação em si não são extraordinários não. É o tipo de papel bem fácil de atuar na verdade. Já vimos em novelas da Globo.

POSTADO às 00:13

Sally Hawkins, a irmã de Blue Jasmine: descobri-a no incrivel Happy-go-Lucky, do Mike Leigh. Dica de filme pra este fim de carnaval.

POSTADO às 00:09

Skip Lievsay é o soundmixer dos filmes dos irmãos Coen. Faz um trabalho incrivel em gravidade. Pouca gente reparou, mas metade do filme de Cuarón deve-se ao som.

 

POSTADO às 00:07

Tudo bem de novo.

 

Selfie Epic Win

 

POSTADO às 00:01

U2, melhor não comentar.

 

POSTADO às 23:54

E a Amy Adams tuitando na platéia?

POSTADO às 23:51

Outro que pouco barulho fez em Cannes foi A Grande Beleza. Mas o filme cresceu, acontece. Este blog trocaria todos os indicados este ano por Azul é a cor mais quente, vencedor da palma em 2o13.

POSTADO às 23:41

Estão ligados que esta que levantou o público com a cantoria é a esposa do Sargento Murtaugh de Máquina Mortífera, né? Sério.

POSTADO às 23:36

Kate Hudson nunca deixa nada em casa. Traz tudo o que tem.

POSTADO às 23:26

Karen O e sua canção de comercial de plano de saúde.

POSTADO às 23:21

Este clipe com os heróis do cinema (é o tema dos Oscars de hoje), tira todas as possibilidades de O Lobo de Wall Street, não?

POSTADO às 23:15

Frozen atingiu neste domingo um bilhão de bilheteria, tornando-se o segundo filme a faze-lo desde toy story 3. Merecido.

POSTADO às 23:12

Kim Novak no palco. Um corpo que cai, maior filme da história do cinema, foi indicado, na época, apenas para som e direção de arte.

POSTADO às 23:03

Uma verdade dita agora no palco: A garotada não sabe o que é a AIDS. Por isso, Clube de Compras Dallas vale.

 

POSTADO às 22:58

Michael Wilkison, figurinista de A trapaça, trabalhou com Walter Salles em Água Negra. Era o favorito e perdeu. Tô dizendo que trapaça vai ser o grande perdedor desta noite.

POSTADO às 22:53

Insistindo nesse chapéu e nesse gestual, o onipresente Pharell  reduz-se a a um Jamiroquai reboot. A música é bem boa, porém. Inofensiva, mas boa.

 

 

POSTADO às 22:46

Ponto pra Jared Leto. Valeu também pela primeira menção à política. Sóbria, embora o “estamos de olho”, dirigido à Venezuela e Ucrânia tenha soado, no fim das contas um tanto imperialista.

 

POSTADO às 22:43

Trapaça perdeu a primeira. Jared Leto superestimado. Filme superestimando. Mas tudo esperado.

POSTADO às 22:40

Ellen, de banho tomado, fazendo um dos melhores monolólogos de abertura dos últimos anos. Primeiro acerto da noite. Golaço.

 

POSTADO às 22:25

Assisto a esse povo todo bem vestido no tapete vermelho e penso que falta o peladão que invadiu o palco ao vivo durante a cerimônia 1974, lembram? Google aí: David Niven + Oscar + The Streaker.

 

POSTADO às 22:19

Gravidade deveria concorrer a melhor desenho animado, não filme. Apenas os rostos de Sandra Bullock e George Clooney são de carne e osso. O resto é animação renderizada em gigabytes. Tudo o que ganhar será por seus primeiros 15 minutos de filme. Tudo o que perder será por seus contrangedores 15 minutos finais de filme

 

POSTADO às 22:04

E o Jonah Hill, que levou a Iídiche Mama para a cerimônia do Oscar? Hollywood é judia, todo mundo sabe, mas essa safra desencanada, maconheira, cujo padrinho é o Judd Appatow (diretor de Ligeiramente Grávidos e Virgem de 40 anos) e o mentor é o Harold Hamis (de Feitiço do Tempo) falecido semana passada, ah essa geração é um grande barato.

 

POSTADO às 21:59

Este blog, fã de Steeve Coogan, torce pra qualquer coisa que Philomena belisque.

 

POSTADO às 21:33

O importante aqui é relaxar, curtir a festa, porque o que sai das urnas é historicamente coisa de maluco. Exemplos?

- Taxi driver não ganhou nenhum Oscar. Scorsese sequer foi nomeado para melhor diretor, que naquele ano foi para John Avildsen, de… Rocky, um lutador.

- A grande ilusao, de Renoir, foi o primeiro filme estrangeiro a ser indicado para melhor filme. Perdeu para You Can’t Take it With You, do Capra.

- Spike Lee perdeu o roteiro original de Faça a Coisa Certa para Tom Schulman, de Sociedade dos poetas mortos.

- Stanley Kubrick foi indicado a melhor diretor por Laranja Mecânica… E PERDEU William Friedkin, de Operação França.

- Art Carney, ganhou, por Harry and Tonto (!), de Al Pacino em O Poderoso Chefão II e de Jack Nicholson em Chinatown.

- Cantando na chuva foi indicado apenas para melhor trilha a atriz coadjuvante. E PERDEU nas duas.

 

 

POSTADO às 21:22

Vi Nebraska em Cannes 2013. Não me pegou, não. Nem a ninguém na Croisette.

 

POSTADO às 21:12

David O. Russel conhecido no metiêr como péssimo caráter. Pitis onde ele humilha atores estão pelo youtube, só achar. Artisticamente, não tem personalidade alguma. Trapaça imita Scorsese – ele diz que homenagem e todo mundo finge que acredita. Porém, em Três Reis, ótimo filme, engendrou uma das cenas de abertura mais sensacionais da história do cinema. Mark Whalberg, caracterizado de soldado americano, no meio do deserto do Iraque, perguntando “Are we shooting?” é um ponto alto da história do cinema. Um dia vão ter que dar um Oscar póstumo a O. Russel por isso. Tomara que não hoje.

 

POSTADO às 21:06

E a grande tragédia deste Oscar são as indicações por Trapaça. Um dos piores filmes já indicadados para melhor filme em 84 anos de Oscar. Como o hype em torno dele já passou, deve ser o grande perdedor da noite.

 

POSTADO às 21:03

Her/Ela, o favorito particular do blogueiro. É, na minha opinião, um filme… otimista. Toda forma de amor vale à pena. Monogamia e amor romântico é atributo humano. Amar demais, amor difuso, coisa de máquinas. E sim, uma escancarada resposta de Spike Jonze a Sofia Copola, que expôs o relacionamento dos dois, quando casados, no filme Encontros e Desencontros.

 

POSTADO às 21:00

Já O Lobo de Wall Street é um triunfo do cinema. Há mais valor técnico ali (montagem, edição de som, fotografia), que o técnico Gravidade. Scorsese filmando com tesão de um estudante de cinema de 18 anos. Ou como um velhinho de 71 cheirado. É o favorito deste blog.

 

POSTADO às 20:58

Em Los Angeles, há cartazes publicitários a favor de 12 Anos de Escravidão que apelam para o que elegeu Obama: “Chegou a hora de um negro ganhar o Oscar” etc. O maior triunfo do filme é ser britânico. O maior defeito é ser britânico. Há uma mão pesada e formal e na verdade não nos conectamos com os personagens emocionalmente, e sim fisicamente. Não sentimos a dor da mãe que é separada de seus filhos. Sentimos é as chibatadas que elas levam. Culpa do diretor. Uma única cena genial, que valeria uma estatueta: A que o personagem principal para o filme, e chocado, olha para a câmera. Mas é uma só.

 

POSTADO às 20:52

Vencedores de melhor ator que NÃO eram brancos: José Ferrer, Sidney Poitier, Ben Kingsley, F. Murray Abraham, Denzel Washington, Jamie Foxx, Forest Whitaker. Em 85 anos. Por isso também, a noite deve ser de 12 anos de Escravidão.

POSTADO às 20:51

Nos últimos 10 anos, nenhum ator latino, asiático ou descendente de indio ganhou Oscar.

POSTADO às 20:50

Dos votantes da Academia, 94% são brancos, 77% são homens.

POSTADO às 20:48

Acho que foi hoje, inclusive, que  a Julie Delply, cujo “Antes da Meia Noite” concorre a roteiro adaptado (por causa de uma lógica maluca que diz que continuação é roteiro adaptado) deu uma descascada Academia, dizendo à Vanity Fair que não se pode esperar muito de um corpo de votantes composto de velhinhos de mais de 70 que estão mais interessados nos presentinhos distribuidos durante a campanha dos filmes.

POSTADO às 20:42

Estas limusines todas chegando e o primeiro a dar as caras no tapete vermelho é justamente um ex-motorista de limusine. O somali Barkhad Abdi, em seu primeiro trabalho como ator, indicado para coadjuvante por Capitão Philips. Difícil os velhinhos da academia, todos lotados de culpa, não curtirem premiar o africano.

 

 

POSTADO às 19:52

Repórter para Ellen Degeneres, faltando duas horas para começar a cerimônia dos Oscars, que ela vai apresentar.

- E aí? Nervosa? Conta pra gente o teu ritual antes de subir ao palco, principalmente numa noite tão importante!

- Gosto de tomar banho, me vestir e pentear o cabelo.

A noite promete.

 

 

Estações

ter, 18/02/14
por Dodô Azevedo |

Fachada de rua do Cinema do Grupo estação - Foto por Dodô Azevedo

Sendo direto: No próximo dia 3 de abril, o Rio de Janeiro saberá se o Grupo Estação, responsável pela formação cinéfila do carioca nos últimos 30 anos, irá pedir falência definitiva.

O carioca está acostumado a perder ou ver transformadas suas coisas mais cariocas. O Palácio Monroe, o Morro do Pasmado, o Jornal Última Hora, o Tivoli Park, O Circo Voador no Arpoador, a Feira de São Cristóvão, o antigo Maracanã.

Morreram de vez ou reiventaram-se.

Em comum, um espírito imortal.

Que uma grife de cinemas, sozinha, entre para este grupo, é inédito. E diz muito sobre ela.

Quem, nas redes sociais, nos botecos e nos blocos de pré-carnaval está consternado, não é tanto o profissional de cinema, não é tanto quem trabalho no ramo ou é do meio.

Quem mais sentirá falta do Grupo Estação é tudo quanto é carioca. Aquele cujo apetite para a sala escura não se sacia com essas aventuras milionárias hollywoodianas, ou comédias brasileiras televisivas, esses filmes grandes.

Aquele que lambe o beiços é com grandes filmes.

Nas redes sociais, quem lambe os beiços com grandes filmes já se mobiliza para evitar o fim do Grupo Estação. No Facebook já existe página de apoio. No perfil de Marcelo Mendes, à frente do grupo, são muitas as manifestações de solidariedade.

Marcelo respondeu com uma proposta, algo que se pode fazer já: que cada pessoa que tem alguma história com o Grupo Estação, lembre-se, escreva, publique.

As minhãs são muitas. Fui criado nos cinemas do Grupo Estação. Minha vida daria um filme passado dentro de um dos cinemas do Estação. Eu aos 16 anos afogado nos números de Peter Greenaway, aos 18 conhecendo o cinema de preto de Spike Lee, aos 20 encontrando minhas almas gêmeas, os personagens de Jim Jarmush, tão estranhos no paraíso quanto nós que nos vestíamos de preto na cidade do sol para dançar no Cubatão, conhecendo Cassavetes e entendendo que aquilo já não é mais cinema, latindo feito um cão para um tal jovem chamado Tarantino, gritando “Lulaaaa!”, com o coração selvagem de Nicholas Cage e David Lynch, descobrindo o silêncio restaurado de Antonioni e, enfim, já no século 21, assistindo ao renascimento definitivo do cinema brasileiro.

Posso dizer, convicto: sou os filmes que vi na vida.

Em seu filme recente, “O primeiro dia de um ano qualquer”, Domingos Oliveira, há uma cena, dentre tantas, particularmente bonita. O personagem de Domingos dorme durante um filme antigo numa pequena sala de cinema. E é esquecido lá. Ao acordar, comenta algo como se existe um lugar digno para um último repouso, é o cinema.

Não quero viver numa cidade onde uma loja da Apple abre com cariocas cantando “sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor” e no mês seguinte cinemas fecham.

Mas morrer, bem velhinho, dentro de uma sala de cinema do Grupo Estação, assistindo a qualquer filme que esteja passando por lá, seria morrer satisfeito.

Morrer de ver, ou reinventar-se; afogar-se em números ou permanecer perto do coração selvagem; o que temos hoje, de certo, como consumado, é que a história do Grupo Estação é filme grande e um grande filme.

Fim?



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