Tatá Orixá
Abelardo Barbosa dizia que seu programa de TV, o Cassino do Chacrinha, tinha algo de cerimônia de candomblé.
Ontem, Tatá Werneck entrou às 23h na casa do BBB e com a força dos incorporados, dos bolados em santo, ficou no personagem, criando muitas das falas em improviso, ao vivo, e o fez durante ininterruptas 12 horas.
Tudo com a conivência dos participantes, que entenderam a brincadeira (para a surpresa dos que julgam participantes de reality shows de serem necessariamente acéfalos) e receberam Valdirene como filhas de santo recebem a incorporação de um ‘Erê’.
Assisti até às 7 da manhã. Tatá Werneck, como todas as mulheres muito baixinhas, de Pina Baush a Bia Lessa, é uma força da natureza. Ou uma força espiritual de macumba.
Que essa demonstração de força artística (provavelmente um recorde mundial de atuação em alto nível sem interrupção) tenha acontecido ao vivo, num programa popular, no Brasil, é uma beleza.
Que um talento sofisticado como o de Tatá, a quem não conheço pessoalmente, esteja a serviço do popular e que dê a ela o reconhecimento de um orixá, muito importante para nossa formação cultural.
Foto: Reprodução/TV Globo