Diante dos protestos de médicos brasileiros à decisão do governo federal de contratar profissionais de outros países para atuar em regiões mal atendidas, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta segunda-feira (8) que esse tema não pode ser um "tabu" no país. Segundo Padilha, seu ministério não tem "preconceito" contra os médicos formados no exterior.
"Não vamos nos furtar a fazer exatamente o que outros países do mundo fazem, que é buscar médicos estrangeiros quando não temos médicos brasileiros em número suficiente para preencher essas vagas. Esse tema não pode ser um tabu no Brasil", enfatizou o ministro durante a cerimônia de lançamento do programa “Mais Médicos para o Brasil”.
Na tentativa de demonstrar que a importação de médicos é uma prática comum inclusive em nações desenvolvidas, Padilha citou dois países reconhecidos pelo alto padrão de atendimento na área da saúde. De acordo com o ministro, 37% dos médicos que atuam na Inglaterra se formaram fora do país. Já nos Estados Unidos, destacou o titular da Saúde, o indíce de médicos estrangeiros é de 25%.
"Aqui, apenas 1,7% dos médicos que atuam no Brasil foram formados fora do país. Vamos aprender o que os outros países já fazem", ponderou ministro
Sem se referir diretamente às críticas que surgiram no Brasil no momento em que o governo manifestou o interesse de contratar 6 mil médicos cubanos, Padilha enfatizou que o critério que será observado na seleção dos profissionais da saúde é a qualidade da formação, e não suas nacionalidades.
O auxiliar da presidente Dilma Rousseff disse durante a solenidade que, "às vezes, se tenta trazer um debate ideológico para dentro do SUS". Na visão de Padilha, "a única ideologia que deve prevalecer na saúde é salvar vidas, cuidar das pessoas".
"Não temos preconceito. Se tiver médicos bem formados que queriam atender nossa população onde não conseguimos preencher vagas com médicos brasileiros, vamos buscar atrair médicos formados em outros locais do mundo", advertiu.
Em maio, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, anunciou que o Brasil negociava com Cuba um acordo para receber cerca de 6 mil médicos da ilha caribenha para atuar no atendimento em regiões pobres onde a assistência à saúde é deficiente. À época, o Conselho Federal de Medicina se manifestou contrário à ideia e cobrou que os médicos cubanos atuassem no país somente se fossem submetidos ao Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos, o Revalida.