Estudo analisa a relação do cigarro eletrônico com a Covid-19 — Foto: Christopher Pike/Reuters
Jovens que utilizam os cigarros eletrônicos ou os vaporizadores têm de cinco a sete vezes mais probabilidade de serem infectados pela Covid-19 do que quem não usa, aponta um estudo conduzido pela escola de medicina da Universidade de Stanford (EUA) e publicado nesta terça-feira (11).
Os pesquisadores apontam que a vaporização diminui a imunidade no trato respiratório e, além disso, quem usa os produtos tem mais contato da mão com a boca e o rosto, gesto que pode ser um facilitador da propagação do vírus.
Os dados foram coletados através de pesquisa online, em maio. Participaram 4.351 pessoas, com idades entre 13 e 24 anos, que viviam nos Estados Unidos. Os dados foram cruzados com dados populacionais do país.
Os participantes responderam perguntas sobre se já haviam usado dispositivos de vaporização ou cigarro comum, e também se fizeram uso nos últimos 30 dias. Eles também responderam sobre a Covid-19 (se tiveram sintomas, se fizeram teste e se testaram positivo).
Os resultados, publicados na revista científica Journal of Adolescent Health, mostraram que os jovens que usaram cigarros eletrônicos nos últimos 30 dias tiveram quase cinco vezes mais chances de apresentar sintomas de Covid-19, como tosse, febre, cansaço e dificuldade para respirar, do que aqueles que nunca fumaram ou vaporizaram.
Os pesquisadores alertam que o uso de cigarro eletrônico não trouxe apenas um "pequeno aumento" no risco. “Esse estudo mostra claramente que os jovens que usam os vapes ou cigarros eletrônicos correm um risco elevado, e não é apenas um pequeno aumento no risco; é um grande problema”, disse o líder do estudo Shivani Mathur Gaiha.
Resultados
Entre os participantes que foram testados para Covid-19, aqueles que já haviam usado cigarros eletrônicos tinham cinco vezes mais chances de serem diagnosticados com coronavírus do que os não usuários. Já quem usou nos últimos 30 dias teve 6,8 vezes mais chance de testar positivo.
O professor de Harvard David Christiani, que não faz parte da pesquisa, explicou à agência Reuters que a vaporização pode afetar a imunidade no trato respiratório.
“A vaporização de líquidos prejudica a imunidade local no nariz e no resto do trato respiratório. Uma vez que essas defesas sejam prejudicas, isso tornará as pessoas mais suscetíveis à infecção”. - David Christiani, professor de Harvard
Além de alertar adolescentes e jovens sobre os perigos da vaporização, os pesquisadores esperam que suas descobertas levam a FDA (órgão que atua como a Anvisa nos EUA) a apertar ainda mais as regulamentações sobre como os produtos de vaporização são vendidos aos jovens.
“Precisamos que a FDA se apresse e regule esses produtos. E precisamos dizer a todos: se você for um vaper, está se colocando em risco de contrair Covid-19 e outras doenças pulmonares”, enfatizou Bonnie Halpern-Felsher, autora sênior do estudo.
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