O Brasil ultrapassou nesta segunda-feira (6), 20 dias após ser confirmada em São Paulo a primeira morte de um infectado pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), a marca de 500 mortes causadas pela Covid-19. Naquele dia, eram 301 casos da doença confirmados no país. Nesta segunda-feira, o total de casos já passava de 11,5 mil.
O período foi marcado por medidas dos governos estaduais para evitar aglomerações e promover o distanciamento social. No governo federal, foram tomadas ações para incentivar a economia em meio ao combate ao combate ao vírus.
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As últimas semanas, no entanto, também tiveram declarações e atitudes do presidente da República, Jair Bolsonaro, que foram na contramão das ações tomadas ao redor do mundo contra o coronavírus e que contrariam recomendações das autoridades nacionais e internacionais de saúde.
Veja a cronologia do coronavírus no Brasil:
06.02: lei da quarentena
Antes de haver casos da doença no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a lei que trata as normas da quarentena no país e medidas de combate ao coronavírus. A proposta foi enviada pelo Executivo ao Congresso e aprovada na mesma semana como forma de estabelecer regras para a chegada no país dos brasileiros que estavam em Wuhan - cidade chinesa epicentro da pandemia -- e foram trazidos ao Brasil pelo governo brasileiro.
09.02: chegada de repatriados
Grupo de brasileiros repatriados da China chega a Anápolis para ficar em quarentena, Goiás, em 9 de fevereiro — Foto: Reprodução/GloboNews
Chegaram ao Brasil dois aviões da Força Aérea Brasileira com os repatriados que estavam em Wuhan e deixaram a cidade da China em meio ao período de restrição de circulação no local. Ele precisaram passar 18 dias em quarentena na Base Aérea de Anápolis. Eram 34 passageiros, entre brasileiros e cônjuges chineses.
26.02: 1º caso no Brasil
O Ministério da Saúde informou ter confirmado o primeiro caso positivo de coronavírus no Brasil. A confirmação também era a primeira da doença na América Latina. O homem de 61 anos que mora em São Paulo tinha chegado de viagem à Itália, país que no início de abril tinha o maior número de mortos pela doença - mais de 15,8 mil. O homem estava assintomático e foi deixado em quarentena domiciliar. Outras 30 pessoas que tiveram contato com ele ficaram em observação, segundo o ministério.
11.03: aulas e serviços suspensos
O Distrito Federal foi a primeira unidade da federação a estabelecer medidas de distanciamento social. Por meio de um decreto, o governador Ibaneis Rocha (MDB) suspendeu as aulas na rede pública e privada por cinco dias, além de eventos que exigissem licenças do governo do Distrito Federal. Dias depois foram suspensas também atividades de atendimento ao público em comércios, medida que incluiu restaurantes, bares, lojas, salões de beleza, entre outros.
Ações similares foram tomadas nos dias seguintes em estados como São Paulo, em 16 de março, e Rio de Janeiro, em 17 de março. Os demais estados também passaram a tomar medidas de quarentena.
12.03: integrantes do governo infectados
Mesa de jantar com comitivas de Trump e Bolsonaro em 7 de março, nos Estados Unidos — Foto: Tom Brenner/Reuters
O secretário de Comunicação Social da Presidência da República, Fábio Wanjgarten, testou positivo para o coronavírus. Ele havia acabado de voltar de uma viagem aos Estados Unidos junto com o presidente Jair Bolsonaro e comitiva presidencial.
Bolsonaro chegou a fazer dois testes para a doença. Segundo o presidente, os dois testes deram negativos. Mais de 20 pessoas que faziam parte da comitiva ou tiveram contato com Bolsonaro durante a viagem contraíram a doença, como os ministros Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bento Albuquerque (Minas e Energia), o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) e o prefeito de Miami, Francis Suarez.
17.03: 1ª morte no Brasil
O Brasil teve a primeira confirmação de morte pela Covid-19 em São Paulo. O homem de 62 anos estava internado em um hospital particular e tinha histórico de diabetes, hipertensão e hiperplasia prostática — um aumento benigno da próstata que não é uma doença, mas uma condição comum em homens mais velhos e que pode causar infecções urinárias.
22.03: MP flexibiliza regras trabalhistas
O presidente Jair Bolsonaro editou uma medida provisória que flexibiliza as regras trabalhistas. Inicialmente, a proposta permitia a suspensão de contratos de trabalho por até 4 meses, mas o presidente retirou artigo que tratava desse assunto após receber críticas. Permaneceram as novas normas que tratam, por exemplo, de teletrabalho, férias individuais e coletivas e banco de horas.
24.03: Bolsonaro pede volta à normalidade
Bolsonaro durante o pronunciamento — Foto: Reprodução
O presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento na TV no qual pediu 'volta à normalidade' e o fim do 'confinamento em massa". A declaração contrariou o que especialistas e autoridades sanitárias do Brasil e do mundo vêm pregando como forma de evitar que o novo coronavírus se espalhe, o isolamento e o distanciamento social.
Na fala, o presidente também culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo ele, uma sensação de "pavor". O pronunciamento foi duramente criticado por governadores, parlamentares e especialistas da área de Saúde. O Ministério da Saúde, que já vinha recomendando o distanciamento social, não comentou.
25.03: governadores criticam Bolsonaro
Após pronunciamento de Bolsonaro contra medidas de isolamento, 25 dos 27 governadores afirmaram que manteriam as iniciativas de quarentena já tomadas para combater o coronavírus.
26.03: cidades vazias após um mês da doença
Centro de São Paulo com ruas vazias no último dia 26, uma segunda-feira (23) — Foto: Andre Penner/AP
No último dia 26, várias cidades do país estavam com ruas vazias em meio a medidas de quarentena anunciadas pelos governos estaduais.
Naquela data, um dia após completar um mês desde que a primeira morte tinha sido registrada no Brasil, o país tinha mais de 60 mortos pela doença. O G1 comparou a situação brasileira à época com a de outros países largamente afetados: China, Itália, Coreia do Sul e Estados Unidos.
28.03: mais de 100 mortos
No último dia 28, o total de mortos no país pela Covid-19 já era superior a 100, chegando a 113, segundo as secretarias estaduais de Saúde. O número foi alcançado 11 dias após a primeira morte pela doença no Brasil.
30.03: Força Nacional na Saúde
Uma portaria assinada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, autorizou o uso da Força Nacional para dar apoio ao Ministério da Saúde nas ações de combate ao novo coronavírus. A medida garante, por exemplo, o auxílio para funcionamento de hospitais e controle sanitário, além de "aplicação das medidas coercitivas [com efeito de reprimir]" para, por exemplo, garantir a realização de exames médicos e testes laboratoriais obrigatórios.
31.03: morre homem aos 23 anos
Matheus Aciole, que morreu com coronavírus aos 23 anos — Foto: Arquivo da família
O gastrólogo Matheus Aciole, de 23 anos, teve a confirmação da morte por coronavírus em 17 de março. Até então, ele era a pessoas mais jovem a morrer pelo vírus no país. Ele era morador de Natal e tinha obesidade, que pode estar associada a quadros casos graves da doença, segundo aponta pesquisa do Reino Unido.
01.04 - MP da redução salarial
Entrou em vigor em 1º de abril a medida provisória (MP) que estabelece o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. A MP permite a suspensão de contratos de trabalho ou a redução salarial e de jornada para reduzir a folha de pagamentos e evitar demissões em massa durante a crise do novo coronavírus.
02.04 - auxílio de R$ 600
Foi publicada no "Diário Oficial da União" a lei que cria um auxílio de R$ 600 mensais, por três meses, a trabalhadores informais, como forma de conter a crise econômica causada pelo novo coronavírus. Bolsonaro informou que o auxílio deverá beneficiar 54 milhões de pessoas, com custo de R$ 98 bilhões.
06.04: morrem adolescente e bebê
Após a morte de um rapaz de 23 anos, um adolescente de 15 anos se tornou o mais jovem a morrer após contrair coronavírus no Brasil. Ele era morador de São Lourenço da Mata, no Grande Recife, e morreu em 27 de março, após uma semana de internação tendo sintomas como febre, tosse e dificuldade de respirar. O resultado do exame para a Covid-19 só saiu no domingo (5), e a divulgação do caso saiu em boletim da Secretaria Estadual de Saúde desta segunda.
Horas após a divulgação da morte do adolescente, foi confirmada a morte de um bebê de 3 meses no Ceará. A criança havia nascido com Síndrome de Bartter, uma alterações nos rins que afeta a taxa de potássio no sangue.