09/07/2015 14h44 - Atualizado em 09/07/2015 14h46

Criança internada com Guillain-Barré em Feira melhora com medicamento

Menina começou a tomar imunoglobulina; ainda não há previsão de alta.
Mãe disse que ela chorava de dores nos membros inferiores, como pernas.

Do G1 BA

A menina de 7 anos, internada com a síndrome Guillain-Barré, tem saúde estável e apresenta melhora no estado clínico com utilização do medicamento imunoglobulina, de acordo com as informações do Hospital Estadual da Criança (HEC)/Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil (LABCMI). Ela está internada desde o dia 1° de junho e ainda não há previsão de alta.

Mãe fala que filha com síndrome Guillé-Barré chora de dor (Foto: Reprodução/TV Bahia)Mãe fala que filha com síndrome Guillé-Barré
chora de dor (Foto: Reprodução/TV Bahia)

Ela está dentre os 55 casos suspeitos na Bahia e uma jovem de 26 anos, que foi um dos dois primeiros casos anunciados, no mês de junho, morreu, segundo confirmado na quarta-feira (8) pela Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab).

De acordo com a mãe da criança, a professora Ana Lúcia de Jesus, a menina sente dores fortes nos membros inferiores e está sem o movimento das pernas. "Muitas dores, muitas dores mesmo. Chorava de desesperar qualquer um e de cortar o coração de qualquer um", disse Ana Lúcia.

Os médicos chegaram a suspeitar de meningite. Ela passou por vários exames de laboratório no HEC, que confirmaram o diagnóstico da síndrome. Um dos exames feitos na paciente para confirmar a doença foi o da retirada do líquido da medula. O exame é semelhante ao utilizado no diagnóstico da meningite. Apesar da síndrome estar associada a doenças virais, a mãe da criança informou aos médicos que a menina não teve qualquer doença.

Ela seria transferida para o Hospital Couto Maia, na capital baiana, mas como houve melhora no quadro vai permanecer internada no HEC. "Não há necessidade [de transferência], porque está respondendo bem ao tratamento. Com o tratamento, a recuperação é completa", disse a médica Nilma Santos.

Medicamento
Trezentas unidades do medicamento imunoglobulina, utilizado para o tratamento da Síndrome de Guillain-Barré, foram enviadas à Bahia pelo Ministério da Saúde para reforçar estoque por conta do aumento dos casos notificados da doença.

A Sesab informou ao G1 BA que tem o medicamento imunoglobulina e que o suporte extra do ministério é uma medida preventiva. Além disso, 18 leitos de três hospitais de Salvador foram bloqueados apenas para atendimento de pessoas com suspeita da síndrome. Antes dos casos atuais, o estado não tinha o controle da doença porque o registro era compulsório para maiores de 15 anos, segundo a Sesab.

A Síndrome Guillain-Barré é uma doença neurológica rara, que não tem causa definida, mas pode ser associada a doenças virais. Ela causa fraquezas ascendentes e paralisias flácidas, que costumam começar pelos membros inferiores e podem atingir as vias respiratórias. De acordo com informações do Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde (SUS) tem 35 procedimentos para tratamento da síndrome, entre diagnósticos, clínicos, cirúrgicos, de reabilitação e medicamentos.

Nesta quarta-feira, 250 profissionais de saúde se reuniram no Hospital Geral Roberto Santos, em Salvador, para discutir se a doença pode ter relação com três doenças que apresentam registros epidemiológicos no estado: dengue, chikungunya e zika. De acordo com a Sesab, a Bahia vive epidemia dessas três doenças. A dengue tem 45.538 notificações, a chikungunya 11.351 e, além disso, já são 32.873 de doença exantemática indeterminada, tipo a zika. 

A zika foi identificada a partir de fevereiro de 2015 após diversas ocorrências de casos de uma doença com sinais e sintomas que se assemelham a dengue, mas com características clínicas diferentes como manchas na pele e febre de baixa intensidade. No dia 21 de maio, o Ministério da Saúde informou a validação da metodologia utilizada pelos pesquisadores da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que identificaram a doença como Zika Vírus.

As cidades da Bahia que possuem maior número de casos notificados de Zika são Salvador (46,18%), Camaçari (16,32%), Jequié (3,75) e Porto Seguro (2,90%). Ao todo, eles somam 69,15% dos casos no estado. Já a dengue apresentou aumento de casos de 162,72%, de janeiro a junho deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram 17,333 casos. E os casos de chikungunya foram notificados em 177 municípios da Bahia. As informações são da Sesab.