Moradores do subúrbio de Salvador realizaram 'guerra de espadas'
Moradores de Periperi, bairro que fica na região do subúrbio de Salvador, soltaram artefatos conhecidos como "espadas", na noite de sexta-feira (28), véspera de São Pedro. A tradição proibida permanece forte em várias partes da Bahia, incluindo a capital. [Veja detalhes abaixo]
As espadas são uma variação mais potente dos tradicionais buscapés, feitos de bambu, pólvora e limalha de ferro. Os adeptos da prática são conhecidos como "espadeiros", que simulam "guerras" em ruas e praças.
Na noite de sexta, eles dispararam vários fogos pelas ruas do subúrbio. Moradores colocaram papelões e tapumes nos portões para evitar que as espadas entrassem nos imóveis. Apesar disso, pelo menos uma casa foi invadida por um artefato, na região da Urbis de Periperi. [Veja vídeo abaixo]
Espada invade casa no subúrbio de Salvador
A espada entrou em um quarto do imóvel e parou ao lado do travesseiro, na cama onde uma moradora dormia. "Por pouco, não acaba em tragédia", disse a sobrinha da mulher, que não quis ser identificada.
"Todo ano isso acontece e não são tomadas as devidas providências. Minha tia tem medo, porque infelizmente muitos participantes são vizinhos dela, ou convidados por eles", afirmou.
Em imagens feitas por equipe da TV Bahia na noite de sexta, é possível ver muitas marcas de fogos no chão, e até crianças com espadas nas mãos, além da presença de viaturas. A Polícia Militar foi acionada, porém, os espadeiros dispersaram e ninguém foi detido.
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Tradição x Leis
'Guerra de espadas' em Periperi, no subúrbio de Salvador — Foto: Reprodução/TV Bahia
A tradicional "guerra de espadas" durante as festas juninas divide opiniões na Bahia. Praças e ruas se transformam em "campos de batalha", onde espadeiros acendem fogos de artifício e simulam combates.
Em Salvador, as guerras são registradas tradicionalmente no subúrbio, na véspera e no dia de São Pedro, 28 de junho e 29 de junho. No bairro de Periperi, principalmente à noite, espadeiros de diversas partes da cidade se reúnem para a "brincadeira". Alguns usam roupas jeans, capacetes, luvas e óculos, para se prevenir de queimaduras mais graves.
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Além da capital, a "guerra" é um forte elemento cultural dos festejos juninos no interior baiano desde a década de 30, em cidades como:
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Desde 2017, fabricar, possuir e soltar as espadas é crime, com pena que pode chegar até seis anos de prisão. O Corpo de Bombeiros também alerta para o perigo da produção das espadas, que é artesanal e feita, muitas vezes, em locais improvisados como barracões e depósitos.
VEJA:
Cronologia da proibição
👉 Em 2003, foi instituído o Estatuto do Desarmamento. Com isso, a proibição da guerra de espadas se baseou no Artigo 16, que trata da posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Desde então, o Ministério Público acompanha a situação da guerra de espadas.
👉 A partir de 2015, o órgão estadual expediu recomendações com restrições sobre as espadas.
👉 Já em 2018, o Ministério Público Estadual recomendou ao município de Senhor do Bonfim, que não promovesse ou cooperasse com a soltura da guerra de espadas, prática onde fogos de artifício, semelhantes a pequenos foguetes, são utilizados como espadas.
Como se cuidar em casos de queimaduras?
Hospital Geral do Estado, em Salvador — Foto: Divulgação/GOV BA
👉 Resfriar o local ferido com água corrente por vários minutos.
👉 Evitar tocar na queimadura, aplicar gelo, furar bolhas e descolar tecidos grudados.
👉 Não colocar substâncias como manteiga ou creme dental nos ferimentos.
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