Primeira loba-guará resgatada e reintroduzida na natureza no oeste da BA dá à luz
A primeira loba-guará resgatada e reintroduzida na natureza deu à luz três filhotes da espécie, no Parque Vida Cerrado, que fica entre Luís Eduardo Magalhães e Barreiras, municípios no oeste da Bahia.
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Os filhotes são resultado da reprodução entre a loba Caliandra e o lobo José Bonifácio, que já vivia no local. Os lobinhos foram registrados por câmeras de segurança instaladas no equipamento no mês de setembro e a informação foi divulgada um mês depois, na quinta-feira (12).
Como a loba-guará costuma esconder a cria na natureza para protegê-la, não é possível afirmar quando foi o nascimento, mas especialistas acreditam que ela tenha parido no meio do ano.
Filhotes foram flagrados pelas câmeras do parque — Foto: Parque Vida Cerrado
Caliandra foi resgatada quando ainda era filhote, em 2020. No Parque Vida Cerrado, ela permaneceu durante dois anos sob treinamento, em um espaço específico para este fim, e em maio de 2022, foi solta para viver na área do parque.
Em vida livre, a fêmea passou a ser monitorada através de monitor cardíaco e colar com GPS, para realização da leitura dos dados e avaliação clínica, física, além de dados de biometria, para atestar que ela estava saudável.
Em fevereiro deste ano, quando se inicia o período reprodutivo da espécie, a equipe técnica do projeto identificou, por meio do GPS, o compartilhamento da mesma área entre Caliandra e José Bonifácio, um macho de vida livre monitorado por meio do Projeto “Investigando o Cerrrado”, em parceria com a ADM do Brasil.
Através dos colares e das imagens das câmeras instaladas no local, mudanças fisiológicas (aumento abdominal e das glândulas mamárias) e comportamentais (permanência no mesmo local por período prolongado) também foram observadas.
Expectativa
Lobo se alimenta sob os olhos dos pais — Foto: Parque Vida Cerrado
A espécie é classificada como "vulnerável" pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICBMBio). De modo geral, costuma sobreviver somente um filhote por ninhada, que pode ter de três a cinco exemplares.
Nascidos em área livre, os filhotes devem permanecer na natureza sem a interferência das equipes do projeto, sendo assistidos apenas pelos pais, que são responsáveis pelo cuidado, alimentação e ensinamentos para sobrevivência no habitat natural.
Até os seis primeiros seis meses de vida o macho e a fêmea permanecem juntos nessa missão e depois, o macho começa a se afastar. Os filhotes ficam próximos da fêmea até alcançarem um ano de vida, quando se inicia o período de dispersão. Em setembro, os lobinhos circularam com os pais nas áreas monitoradas, conforme registro das imagens.
Antes deles, o último nascimento da espécie registrado no parque foi em abril deste ano, fruto de uma coordenação dentro do parque de animais resgatados, e não em vida livre.
O projeto conta com o apoio e orientação técnica do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), por meio do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP), Inema, Smithsonian Conservation Biology Institute, Pró-carnívoros e Projetos “Amigo do Lobo” e “Sou eu Pequi”.
Parque Vida Cerrado
Especialistas monitoram os animais com monitores cardíaco e colares com GPS, — Foto: Calan Sanderson
Fundado em 2006, como resultado de uma iniciativa do Grupo Galvani - sua principal mantenedora atualmente, o Parque Vida Cerrado é o primeiro e único centro de conservação da biodiversidade, pesquisa e educação socioambiental do Oeste baiano.
Localizado entre os municípios de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, o equipamento mantém um criadouro científico para fins de conservação de animais silvestres, um Centro de Excelência em Restauração voltado ao bioma Cerrado e um núcleo para realização de projetos e atividades socioambientais.
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