Valentim Lobato, na época em que teve Covid-19, aos 3 meses de idade — Foto: Bárbara Lobato/Arquivo Pessoal
Para quem vivenciou a pandemia no momento mais crítico, ficando doente e tendo familiares crianças com Covid-19, foi um alívio receber a notícia da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que permite a aplicação da Pfizer em crianças entre 6 meses e 4 anos de idade.
Essa é uma celebração para a enfermeira Bárbara Lobato, de 29 anos, de Macapá. Em 2020, ela, o marido, a irmã e o filho que tinha 3 meses na época foram diagnosticados com Covid-19. Ela descreve que foi um momento de muitas incertezas, medo e angústia, principalmente em relação ao pequeno Valentim Lobato, hoje com 2 anos de idade.
“Quase dois anos após esse período conturbado, é com muita felicidade que recebemos a notícia que meu filho poderá receber a vacina contra Covid. É uma forma de nos sentirmos mais seguros diante desse cenário pandêmico”, disse Bárbara.
Imagem de um frasco da vacina da Pfizer contra a Covid para crianças de 6 meses a 4 anos. — Foto: AP Photo/Mary Altaffer
A história da família aconteceu no final do mês de outubro de 2020, quando Bárbara, o marido e a irmã dela testaram positivo para Covid-19 em um exame. Valentim, que não deixou de ter contato com a mãe por causa da amamentação, começou a apresentar uma sonolência maior do que a normal e a respiração um pouco mais acelerada. Na semana seguinte, a criança passou a incessantemente e assim a família recorreu ao atendimento médico.
“Eu consegui identificar que era choro de dor, que não passava. Eu tentava amamentar, brincar, acalantar, mas nada fazia ele parar de chorar. Foi então que levei ele pro centro de Covid, contei toda a história. Ele foi avaliado e notificado com a doença pelo critério clínico epidemiológico, pois naquele período em nossa casa já tinha eu, o pai e a tia positivados para a doença”, observou.
Ele foi medicado e se recuperou em casa com a família. Hoje vive uma vida normal e saudável, sem sequelas da Covid. A mãe desabafa e diz que se sentiu culpada naquele momento.
“O sentimento de culpa foi muito grande, mesmo sabendo que naquele período ele estava em aleitamento materno exclusivo e eu não podia ficar distante e totalmente isolada dele. O diagnóstico, principalmente naquele ano, assustava demais, amedrontava mesmo, devido a possíveis complicações que, graças a Deus, não foi o caso dele”, relembra Bárbara.
Valentim Lobato e os pais, já com 2 anos — Foto: Bárbara Lobato/Arquivo Pessoal
Depois do susto e hoje com a possibilidade de vacinar o filho contra a Covid, Bárbara pede que os pais procurem as salas de vacinação para manter os filhos imunizados.
“O que estiver ao nosso alcance para incentivar e estimular, que mais pais e responsáveis por crianças procurem imunizar seus pequenos e pequenas, nós faremos com certeza”, ponderou a enfermeira.
Até esta segunda-feira (19), não havia uma previsão de quando a imunização iniciaria no Amapá para este público. A Superintendência de Vigilância em Saúde (SVS) informou que aguarda envio de nota técnica do Ministério da Saúde com as orientações específicas.
Pfizer para bebês
Anvisa aprova vacina contra a Covid-19 da Pfizer para crianças de 6 meses a 4 anos
A aprovação para aplicação de vacinas contra a Covid-19 da Pfizer em crianças entre 6 meses e 4 anos de idade aconteceu na sexta-feira (16). A Anvisa permitiu que a vacina seja usada no país, entretanto o Ministério da Saúde - responsável pelo calendário de vacinação - não informou se já tem previsão de compra e entrega dos imunizantes.
Antes dessa aprovação, o uso do imunizante da Pfizer só era permitido em crianças com mais de 5 anos no Brasil. A partir dos 3 anos, as crianças já podiam receber a vacina CoronaVac.
O pedido da farmacêutica foi protocolado em julho. A autorização acontece após uma análise de dados e estudos clínicos conduzidos que indicam a segurança e eficácia da vacina para essa faixa etária.
O imunizante terá dosagem e composição diferentes: o processo de imunização será em 3 doses de 0,2 mL (equivalente a 3 microgramas).
As duas doses iniciais devem ser administradas com 3 semanas de intervalo, seguidas por uma terceira dose administrada pelo menos 8 semanas após a 2ª dose, completando o esquema vacinal.
A tampa do frasco terá uma cor diferente para facilitar a identificação pelas equipes de vacinação para esta faixa de idade. Será na cor vinho. Para o público de 5 a 11 anos a cor é laranja e para acima de 12 anos, roxa.
Para a avaliação, a Agência contou com a análise de especialistas da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Sociedade Brasileira de Imunologia (SBI) e Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).