Grupo sai em nova expedição para mapear mais árvores gigantes em reservas do Amapá
O projeto que mapeia árvores gigantes na Amazônia vai partir em nova expedição no dia 24 de setembro. Com orientação de satélites, os especialistas tentarão chegar a uma árvore de 85 metros nos limites de uma reserva de sustentável e a outra de 83 metros na fronteira da Floresta Estadual (Flota) do Amapá.
Essa não é a primeira vez que especialistas encaram a mata fechada da floresta amazônica em busca das maiores árvores da região. Em 2019, o mundo viu o registro da maior árvore da Amazônia, com 88 metros de altura, dentro uma reserva de conservação de uso sustentável, na divisa do Amapá com o Pará. Com o achado, os pesquisadores passaram a apostar na identificação de outras gigantes.
A expedição mais recente realizada pelos pesquisadores do Instituto Federal do Amapá (Ifap) e parceiros aconteceu em janeiro, quando foi descoberto um novo santuário de árvores gigantes no Sul do estado.
Expedição em janeiro chegou a castanheiras de 66 metros (uma delas à esq.) e angelim vermelho de quase 80 metros (à dir.) em reserva sustentável no Amapá — Foto: Rafael Aleixo/Setec/Divulgação
As maiores castanheiras já registradas no Amapá e angelins-vermelhos (um de 66 metros e outro de 79,19 metros) estavam na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, região ocupada por comunidades tradicionais. Só para se ter uma comparação, a média de altura das árvores da Amazônia fica entre 40 e 50 metros.
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A nova expedição sai de Porto Grande, de onde as equipes “sobem” o Rio Cupixi de embarcação, para monitorar as árvores gigantes.
Robson Borges (de amarelo), professor da Ueap, e dr. Diego Armando (de cinza), professor do Ifap e coordenador do projeto — Foto: Rafael Aleixo/Setec/Divulgação
A pesquisa sobre árvores gigantes começou em 2019 e envolve diversas universidades brasileiras e parceiros que atuam juntos no mapeamento das espécies. O trabalho tem como objetivo potencializar a capacidade turística das unidades de conservação e das regiões de incidência dessas árvores no Amapá.
Além do monitoramento, os pesquisadores querem entender os principais processos ecológicos que incidem nas características únicas das árvores gigantes.
A expedição é patrocinada por projeto de financiamento da Universidade Estadual do Amapá (Ueap), em cooperação com o Ifap e Fundo Iratapuru. O projeto chegou a ser suspenso em março de 2020, devido à pandemia da Covid-19, mas foi retomado em outubro de 2020 com um trabalho voltado para moradores da região.
Áreas de 'árvores gigantes'
Tudo partiu de um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que identificou árvores com alturas muito acima do normal nesta região do estado.
Antes de encarar a viagem pelo rio Jari, pesquisadores de universidades do Brasil, Finlândia e Reino Unido já tinham analisado dados de 594 coleções de árvores espalhadas por toda a Amazônia brasileira. A busca por terra validou o que já havia sido identificado por satélites.
O estudo, realizado por diversas instituições de ensino e pesquisa do Brasil e exterior, começou em 2016, foi financiado pelo Fundo da Amazônia, e resultou na expedição Jari-Paru: em busca da árvore gigante.
Usando uma espécie de "radar laser" que faz sensoriamento remoto, os pesquisadores identificaram 7 regiões com árvores gigantes, todas com altura superior a 80 metros.
Seis dessas coleções estavam na região do Rio Jari, entre os estados do Amapá e Pará, incluindo a gigante mor.
Para se ter uma ideia da dimensão da descoberta, as maiores árvores do mundo são as sequoias-gigantes, que podem medir de 85 a 110 metros e são naturais do hemisfério norte.