Mais de 380 quelônios são devolvidos à natureza após reprodução em grande escala no interior do Amazonas — Foto: Reprodução/Rede Amazônica
Mais de 380 quelônios foram devolvidos à natureza após uma reprodução em grande escala no Instituto Federal do Amazonas (Ifam) - Campus Tabatinga, no interior do estado. Os animais, apreendidos em operações contra a pesca ilegal, receberam cuidados de professores e alunos do curso de Agroecologia. O sucesso da reprodução levou à criação de um projeto com o objetivo de reintroduzir os quelônios ao habitat natural.
De acordo com o diretor do campus do Ifam em Tabatinga, Nicolas Neves, o número de quelônios aumentou significativamente, e a estrutura já não suportava todos os animais.
"Chegou um ponto em que os quelônios se reproduziram muito e a nossa estrutura já não tinha capacidade de ficar com todos eles aqui. Então através desse projeto de extensão, tivemos a preocupação de devolver esses quelônios à natureza", explicou o diretor.
Antes de serem soltos, cada animal passou por uma avaliação detalhada pela equipe do projeto de manejo, que verificou se estavam no tamanho ideal para a soltura.
"Agora estamos fazendo a marcação, pesagem, identificação do sexo e da espécie. Daqui a um ou dois anos, quando esses animais forem recapturados, poderemos identificar que eles eram do IFAM e acompanhar o seu crescimento na natureza", afirmou o engenheiro de pesca, Jâderson Garcez.
Os alunos envolvidos no projeto acreditam que a preservação da espécie é essencial para aumentar a população de tracajás na região do Alto Solimões. "É por isso que é tão importante fazermos todo esse manejo para devolver esses animais ao seu habitat natural", comentou a tecnóloga em Agroecologia, Ávila Keila.
Do campus do Ifam, os animais foram transportados até o porto de Tabatinga, de onde seguiram para uma área de várzea próxima ao Rio Solimões, no entorno da comunidade ribeirinha de Limeira. O momento da soltura foi registrado pela equipe do instituto e acompanhado de perto pelos moradores locais.
O biólogo Emerson Gonçalves explicou a importância do manejo para a sobrevivência dos tracajás. "O tracajá está considerado vulnerável ao risco de extinção. Soltar animais com cerca de três anos de idade aumenta suas chances de sobrevivência, pois, quando muito jovens, são predados por outros animais. A taxa de sucesso na natureza é baixa, pois, para cada 100 filhotes, apenas um consegue atingir a fase adulta", disse.
Ao chegar à comunidade rural de Limeira, as crianças ajudaram os tracajás a chegarem à água, com alguns animais sendo auxiliados ao longo do caminho.
"Achei muito importante viver essa experiência com nossa comunidade, com as crianças, para que eles entendam a importância da preservação e, futuramente, possam ver esses animais se reproduzindo, garantindo que não entrem em extinção", disse a agricultora local Márcia de Araújo.