O nível do Rio Solimões em Tabatinga, no interior do Amazonas, poderá atingir o recorde da cheia de 1999 nas próximas semanas, segundo a Defesa Civil no município. Apesar de se manter estável há dois dias, há previsão de chuvas na nascente do rio no Peru que podem elevar o nível do Solimões. A cota está em 13,75 m nesta quarta-feira (13), a 7cm da enchente histórica. Tabatinga é um dos 20 municípios em situação de emergência em razão dos alagamentos.
Tabatinga fica localizada na tríplice fronteira (Brasil, Colômbia e Peru) a 1.105 km de Manaus. A cidade é situada na calha do Alto Solimões, região mais afetada pela cheia deste ano no Amazonas. No município, 6.124 pessoas foram afetadas pela cheia do Rio Solimões. Diversas unidades de ensino estão com as atividades paralisadas.
O secretário municipal de Defesa Civil, José Costa, informou que há previsões de chuva até o dia 22 de maio nos Rios Tigre e Ucayali em território do Peru, que desembocam no Rio Solimões. "As chuvas intensas em Tabatinga e na cabeceira do rio podem manter essa subida do Solimões", avaliou Costa.
Na última semana, o nível do Solimões na cidade alcançou 13,77 m, ultrapassando a marca da segunda maior cheia registrada em Tabatinga, quando o nível registou 13,73m, no ano de 2012. Após bater a marca da segunda maior enchente, o nível chegou a baixar quatro centímetros, mas voltou a subir de 13,73 m, no domingo (10), para 13,75 m, na segunda-feira (11), segundo o monitoramento da Defesa Civil.
Segundo o órgão, 32 comunidades de áreas de várzea estão alagadas na cidade amazonense. Até o momento, foram construídos 3 km de pontes de madeira em áreas submersas. "Estamos fornecendo madeira, construindo pontes e distribuindo cestas básicas. Já atendemos 80% das 32 comunidades afetadas", disse Costa.
Ao todo, seis bairros de Tabatinga estão alagados: Guadalupe, Dom Pedro, Portobras, Brilhante, Umariaçu I e II.
As aulas em escolas públicas foram interrompidas nas comunidades de várzea. Apenas 18 famílias foram levadas para abrigos da Defesa Civil. Outras famílias foram para casas de familiares, mas a maior parte permanece nas casas alagadas com medo dos saqueadores. "Muitas famílias não querem sair dos imóveis porque os criminosos saqueiam as casas. Os bandidos levavam portas, janelas e até telhas de zinco", comentou o secretário municipal.
Cheia no estado
A Defesa Civil Estadual informou que enviou 374 toneladas de alimentos não perecíveis às cidades afetadas pela cheia no Amazonas. O objetivo é garantir alimentos aos ribeirinhos, que nesta época ficam com a produção agrícola comprometida. Além de alimentos, a população recebe kit´s dormitório (colchões, redes, mosquiteiros) e de higiene pessoal, medicamentos, filtros de água, hipoclorito de sódio.
Na calha do Rio Juruá os municípios em emergência são: Itamarati, Guajará, Ipixuna, Envira e Juruá. Já calha do Rio Purus estão: Canutama, Tapauá, Carauari, Pauini e Lábrea. Atalaia do Norte, Benjamin Constant, Tabatinga, Amaturá, Santo Antônio do Içá, São Paulo de Olivença e Tonantins, situados no Alto Solimões, também estão em situação de emergência por causa do avanço das águas.
Em Coari, que fica na Calha do Médio Solimões, são 4.350 famílias afetadas, segundo dados da Defesa Civil. Dez estão em abrigos municipais. Na cidade, o nível do rio está em 17 m. A máxima registrada em 2012 foi de 17,65m.
O município de Boca do Acre é o mais afetado pela cheia, com 20.905 pessoas de 4.181 famílias atingidas. A cidade, que fica no Sul do estado e banhado pelo Rio Purus, está em estado de calamidade pública. Humaitá (Rio Madeira) e outros três municípios do Médio Solimões - Fonte Boa, Uarini, Alvarães - estão situação de alerta.