Infecções no estado aumentaram em 2023, mas reduziram entre gestantes — Foto: Izabelle Farias/Sesacre
O combate ao vírus HIV, causador da imunodeficiência humana (AIDs), conta com uma ferramenta crucial no Acre. Trata-se da Profilaxia Pré-Exposição, também conhecida pela sigla PrEP. O medicamento, acessível no Sistema Único de Saúde (SUS), é capaz de preparar o organismo para enfrentar um possível contato com o vírus e impedir que ele infecte o corpo.
No estado, a PrEP está disponível nas Unidades de Referência em Atenção Primária (Uraps) e no Serviço de Assistência Especializada (SAE), que funciona na Fundhacre.
Em quatro anos (2018-2021), mais de 52,5 mil pessoas tiveram acesso, pelo menos uma vez, à PrEP no SUS, de acordo com o Ministério da Saúde. Especialistas apontam que a medicação contribuiu para a redução de 11,1% nos casos entre 2019 e 2021 no Brasil.
Vacinação contra o HPV é ampliada para usuários de PREP no Acre
O coordenador do Núcleo Estadual de Infecção Sexualmente Transmissível (IST) da Secretaria de Saúde (Sesacre) considera que a PrEP é uma ferramenta essencial no combate ao HIV.
"“A PrEP consiste na tomada de comprimidos antes da relação sexual, permitindo que o organismo esteja preparado para enfrentar um possível contato com o vírus. Além disso, quem faz uso da medicação realiza acompanhamento regular de saúde, incluindo testagens frequentes para HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis”, diz.
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A PrEP é indicada para quem não está infectado pelo HIV e possuir maior risco de entrar em contato com o vírus, como quem tem vários parceiros ou não consegue usar camisinha. Caso você esteja nos grupos indicados, é importante consultar um médico para iniciar o uso do medicamento.
Este acompanhamento pode ser feito no SAE, onde pode ser feita a consulta e o teste rápido para verificar se a pessoa está ou não infectada. Com o resultado negativo, o paciente já recebe a PrEP.
"“Nós atendemos os pacientes por demanda espontânea. Durante a consulta, realizamos o teste rápido, que é indispensável para confirmar que a pessoa não está infectada pelo HIV. Se o resultado for negativo, a medicação é disponibilizada já na primeira consulta, e o acompanhamento é mantido com a equipe multiprofissional do SAE”, explica a enfermeira Gorete Soares.
Medicamento tem eficácia de até 99% na prevenção contra o HIV — Foto: Izabelle Farias/Sesacre
Aumento de casos
O número de infecções pelo HIV no Acre aumentou nos últimos três anos. Isto é o que mostra o boletim epidemiológico das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), elaborado pela Sesacre, com recorte dos dois primeiros quadrimestres (intervalo de quatro meses) de 2024.
Neste período, o total cresceu na comparação com os oito primeiros meses de 2022 e 2023. No primeiro ano da análise, foram registrados 223 casos. Em 2023, o número teve uma leve queda, e fechou em 219 casos nesses meses. Em 2024, foram 244 infecções.
Mesmo com a subida, é possível perceber que os números se mantêm na faixa de pouco mais de 200 casos. “É possível notarmos uma certa estabilidade no número de casos notificados nos períodos dos respectivos anos”, ressalta o boletim.
Com isso, o crescimento foi de 9% entre 2022 e 2024. Já entre os dois primeiros quadrimestres do ano passado e deste ano, o aumento foi de 11%.
Na análise entre regiões, o Baixo Acre, onde fica localizada a capital Rio Branco, teve a maior porcentagem. Dos 686 casos, considerando os oito primeiros meses de casa ano, 606 foram nesta localidade, o que equivale a mais de 88% das infecções.
Casos entre gestantes
Pacientes com HIV poderão tomar um único comprimido por dia
Apesar do crescimento entre a população adulta geral, os números entre gestantes tiveram uma redução de 64,7% entre 2022 e 2024, ainda no recorte dos dois primeiros quadrimestres de cada ano. Entre 2023 e este ano, também foi registrada queda, com pouco 53,8% a menos nas infecções pelo HIV.
No primeiro ano da análise, foram 17 casos. Já em 2023, o número caiu para 13, e em 2024 foram apenas seis casos nos primeiros oito meses do ano.
Dos 36 casos totalizados nesse período entre os três anos, o Baixo Acre também obteve o maior volume, com 31 infecções, o que equivale a 86%.
“O uso da camisinha (masculina ou feminina) em todas as relações sexuais (orais, anais e vaginais) é o método mais eficaz para evitar a transmissão das ISTs, do HIV/aids e das hepatites virais B e C. Quem tem relação sexual desprotegida pode contrair uma IST. Não importa idade, estado civil, classe social, identidade de gênero, orientação sexual, credo ou religião. A pessoa pode estar aparentemente saudável, mas pode estar infectada por uma IST”, alertou a Sesacre.