Por g1 AC — Rio Branco


Influencers do Acre são alvos da Polícia Civil — Foto: Arquivo pessoal

A Polícia Civil do Acre deflagrou nesta segunda-feira (18) a operação Jackpot contra jogos de azar e rifas ilegais. As influenciadores digitais Rogéria Rocha, Juliana Vellegas, conhecida como Juh Vellegas, Jéssica Ingrede, o marido Jordson Ferreira da Silva, e Jamila Roysall foram alvos.

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Juntas, as quatro influenciadoras, que são conhecidas no estado, acumulam quase um milhão de seguidores. O g1 tentou contato com a defesa delas, mas não obteve retorno até a atualização mais recente desta reportagem.

Além delas, veja os demais alvos da Polícia Civil:

  1. Sara Henning
  2. Fabrício Moura
  3. Lunna Isis
  4. Emilyane Silva
  5. Katren
  6. Lauana Alencar
  7. Kethellem Isabelle
  8. Adariana Rodriguez
  9. Carla Oliveira
  10. Tâmyla
  11. Charlethy Maia
  12. Juliana Maquera

Foto postada pela influenciadora Sara Henning, uma das investigadas, nesse domingo (17), em Paris, na França — Foto: Arquivo pessoal

O g1 confirmou com a Polícia Civil que, ao todo, a operação tem 17 alvos investigados.

As equipes policiais cumpriram 17 mandados de busca e apreensão, em Rio Branco, Brasiléia, Xapuri, Senador Guiomard e Tarauacá. A ação policial apreendeu 13 celulares, sendo quatro lacrados, e dois veículos que teriam sido adquiridos com recursos obtidos em jogos de azar.

A Polícia Civil confirmou que jogos de azar são aqueles em que o ganho ou a perda dependem da sorte.

“Apesar de permitidas, as apostas ainda não podem ser exploradas no Brasil devido à ausência de regulamentação específica. A Polícia Civil continua atuando para coibir práticas ilegais e garantir a segurança da população”, disse o diretor do Departamento de Polícia da Capital e do Interior (DPCI), delegado Pedro Paulo Buzolin.

Em coletiva na manhã desta terça-feira (19), um dia após a operação, Buzolin destacou que a polícia ainda não considera pedir a prisão dos envolvidos na investigação. Os investigadores vão analisar o material apreendido para apurar, inclusive, a possibilidade de crimes relacionados à divulgação, como lavagem de dinheiro.

"Esses tipos de jogos que vinham sendo promovidos aqui no estado não possuem nenhum tipo de regulamentação. Essas plataformas, normalmente, estão instaladas em países que não participam dos tratados internacionais, das convenções internacionais, não se submetem a nenhum tipo de fiscalização, a nenhum tipo de auditoria. Então, a gente não pode mensurar a possibilidade de ganho que a pessoa que joga tem, o jogo pode ser programado para que a pessoa não tenha nenhuma chance de ganhar, então é um jogo de azar. É um jogo que depende da sorte da pessoa e neste caso não só da sorte, mas também da índole da pessoa que está em um outro país fazendo a programação do computador no qual são realizadas as apostas online", explicou o delegado.

O delegado ressaltou que a prática de rifas no Brasil é permitida apenas para fins filantrópicos ou com autorização do Ministério da Economia, o que não é o caso da investigação. Buzolin também nega perseguição contra os influenciadores, e ressalta que a operação ocorreu após requisição do Ministério Público do Acre (MP-AC).

"A Polícia Civil trabalha de forma imparcial, isenta. Nós iniciamos a atuação após uma requisição do Ministério Público do estado do Acre. Essa é uma conduta realmente ilícita, não há aqui nenhum tipo de perseguição a qualquer pessoa, ou a um grupo de pessoas. É a realização do trabalho da Polícia Civil diante da constatação de uma conduta ilícita. O trabalho da Polícia Civil foi motivado pelo pedido do Ministério Público, por sua vez foi motivado por divulgações amplas na mídia nacional", ressaltou.

Citadas se pronunciaram

Lauana Alencar ressaltou que faz a divulgação de plataformas, mas negou qualquer conduta irregular — Foto: Reprodução

Algumas das influenciadoras citadas na investigação se pronunciaram nas redes sociais após a Operação Jackpot. Lauana Alencar, que se intitula "Rainha das plataformas", divulgou uma série de vídeos nos quais nega qualquer conduta irregular. Ela ressalta que faz a divulgação de jogos, mas que todos têm as devidas autorizações para funcionar. Lauana também se dispôs a prestar esclarecimentos às autoridades.

"Eu não quero falar muito, até porque eu não tenho muito o que falar, na verdade. Estou disposta para qualquer autoridade, a esclarecer os fatos reais ou o que eles precisam saber, o que eles queiram saber de mim, da minha parte. Como vocês sabem, eu divulgo plataforma, sempre divulguei aqui no meu Instagram. Nunca neguei isso e não vou negar, porque isso eu exponho aqui nas minhas redes sociais. Mas desde já estou disposta a qualquer autoridade para fazer qualquer tipo de depoimento, para mostrar qualquer tipo de prova. E é isso, não teve nada ao meu respeito, não teve polícia na minha casa, não teve nenhum tipo de apreensão", disse.

Outra citada na investigação que se pronunciou sobre o caso nas redes sociais foi Emilyane Silva. Em tom incisivo, ela criticou pessoas "curiosas" que nunca entram em contato, mas falaram com ela na segunda para saber sobre o caso, a quem chamou de "hipócritas". "Vocês queriam tá [sic] era no nosso lugar", afirmou.

Emilyane Silva criticou "hipocrisia" de pessoas que falaram com ela em busca de informações sobre o caso — Foto: Reprodução

A operação policial denominada “Jackpot” significa um prêmio acumulado em máquinas de cassinos ou em sorteios de loterias (como o Euromilhões, a Mega-Sena ou o Totoloto), onde o valor do prêmio aumenta sucessivamente com cada jogo efetuado e não contemplado com o prêmio máximo.

Apuração do MP-AC

Em dezembro de 2023, após uma reportagem do Fantástico, o Ministério Público do Acre (MP-AC) instaurou um procedimento de notícia de fato e pediu abertura de inquérito policial para investigar a divulgação e financiamento de jogos de azar on-line e verificar se há casos de acreanos que tenham sofrido prejuízos por conta de plataformas como o “Jogo do Tigre”.

Ao g1, o promotor Dayan Moreira Albuquerque explicou que não tinha conhecimento da existência dessas plataformas, e que viu a necessidade de apuração após os relatos veiculados na matéria da Rede Globo. Não há relatos de acreanos na reportagem, mas as plataformas têm alcance nacional.

"Na verdade, eu não tinha assistido a matéria que saiu na Rede Globo, no Fantástico. Me enviaram a matéria, e assim nós tivemos conhecimento. Na verdade, eu nem sabia o que era esse jogo. Nós tomamos conhecimento, instalamos um procedimento e, óbvio, o primeiro passo foi encaminhar e determinar a instauração de inquérito policial, e quem tem a atribuição para presidir um inquérito é o delegado de polícia. Então, a princípio, o delegado vai apurar quem são essas pessoas que estão divulgando, porque a gente sabe que não é só uma, nem duas. Me parece que tem várias pessoas. E após essa apuração, o inquérito volta para nós [MP], para analisarmos para uma eventual denúncia”, disse.

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