Na Comunidade Panorama, famílias estão isoladas com a cheia do Igarapé Redenção — Foto: Lucy Almeida/Arquivo pessoal
Mais de 100 famílias da Comunidade Panorama, que vivem às margens do igarapé Redenção, em Rio Branco, estão isoladas por conta das cheias que também atingiram os igarapés na capital.
O Acre enfrenta uma cheia histórica em 2024. Em todo o estado, mais de 11,5 mil pessoas estão fora de casa, dentre desabrigados e desalojados, segundo a última atualização nesta terça (27). Além disto, 17 das 22 cidades acreanas estão em situação de emergência por conta do transbordo de rios e igarapés. Ao menos 23 comunidades indígenas no interior do Acre também sofrem com os efeitos das enchentes.
Lucy Almeida, presidente da Associação de Moradores do Juraci e adjacências, diz que a prefeitura de Rio Branco dificultou a ajuda para o local, porém a comunidade conseguiu um barco para fazer a retirada de mudanças e caso seja necessário, o transporte de pessoas doentes.
"A gente faz esse trabalho desde 2012. A prefeitura doava o combustível e o barco e nós entrávamos com o serviço, porém dessa vez não. O bombeiro fica lá durante o dia, ele vai pra casa e leva o barco. A noite a gente ficava sem barco. Se precisasse fazer uma mudança a noite ou tirar alguém doente daqui dentro a gente não tinha suporte, mas graças a conseguimos um barco hoje e está aqui a nossa disposição", afirmou.
De acordo com ela, a comunidade ainda tem mais 30 famílias que foram atingidas pelo transbordo do igarapé e estão sendo retiradas do local. "Nesse momento, estamos tirando as famílias das casas e levando para algumas ilhas que tem aqui. Estamos com uma dificuldade imensa aqui, e sem ajuda do poder público", complementou.
A prefeitura de Rio Branco disse ao g1 que no momento há estado de emergência generalizado em vários bairros. "Nós temos a nossa equipe trabalhando com apoio do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil trabalhando, várias equipes de secretarias e comunicação estão a disposição também pra ajudar. O que acontece é que uma situação como essa em ano eleitoral, as pessoas se aproveitam e também tem situações que o poder público é proibido em ano eleitoral. A prefeitura não está negando assistência a ninguém, agora a gente não vai fazer coisas além do nosso limite. Nós temos uma estrutura para trabalhar, nós estamos buscando atender a todos", afirmou.
O coordenador municipal de Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, explicou também que outras demandas estavam sendo atendidas com as canoas, mas disponibilizou o órgão para ajudar as famílias do local. Com relação a mantimentos e água para os isolados, que também é de competência da Defesa Civil, o coordenador pediu que a presidente entre em contato direto com ele, para que a situação seja resolvida.
Enchente no Acre
O Governo do Acre decretou, no último domingo (25), situação de emergência para 17 municípios atingidos pelas enchentes causadas por rios e igarapés.
Acre decreta situação de emergência em 17 das 22 cidades acreanas por conta da cheia dos rios no estado — Foto: g1
O nível do Rio Acre marcou às 12h desta terça-feira (27), 16,25 metros segundo a medição da Defesa Civil de Rio Branco, feita a cada 3h. O rio segue acima de 16 metros e já afeta mais de 300 famílias na capital acreana.
Ainda de acordo com a Defesa Civil Municipal, a capital acreana acumulou 15,5 milímetros de chuva nas últimas 24h. Na última medição de segunda, às 18h, o nível do rio estava em 16,08 metros. Com isso, o rio já está 2,25 metros acima da cota de transbordo, que é de 14 metros.
São cerca de mil pessoas desabrigadas e pelo menos 500 pessoas desalojadas somente na capital, conforme o órgão. Somente nos abrigos mantidos pela prefeitura de Rio Branco, no Parque de Exposições e escolas, são mais de 900 pessoas. São 330 famílias, totalizando 950 pessoas, de acordo com levantamento feito às 9h desta terça.
Moradores da comunidade Panorama estão saindo de suas residências para uma área que não está alagada no local — Foto: Arquivo pessoal/ Lucy Almeida