Sargento Erisson Nery foi pronunciado a júri popular pela Justiça — Foto: Arquivo pessoal
Preso desde novembro do ano passado suspeito de atirar no estudante Flávio Endres Ferreira, o sargento da Polícia Militar Erisson Nery foi pronunciado a júri popular pelo Juízo da Vara Criminal da Comarca de Epitaciolândia, onde o crime ocorreu.
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O Conselho de Sentença avaliará se o sargento é culpado de tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, porte ilegal de arma de fogo de uso permitido e lesão corporal grave.
O estudante levou ao menos quatro tiros e ficou com sequelas em uma das mãos. Após passar por uma cirurgia na região do abdômen e ficar nove dias internado no pronto-socorro de Rio Branco, o estudante Flavio recebeu alta no dia 7 de dezembro do ano passado.
Em julho, a Vara Única Criminal da Comarca de Epitaciolândia realizou uma audiência de instrução e julgamento do PM após recebimento da denúncia.
A antiga defesa de Neri também já havia entrado com pedido de análise de insanidade mental, o que foi negado pela comarca do interior. O pedido foi negado em primeira e segunda instância.
Ainda segundo a Justiça, a defesa alega que o sargento agiu em legítima defesa e pede a desclassificação do homicídio qualificado para simples sem as qualificadoras e a retirada da acusação de porte ilegal de arma de fogo e lesão grave.
“Nesse diapasão, nota-se que os depoimentos produzidos à luz do contraditório indicam que o acusado (…), em tese, tentou ceifar a vida da vítima (…) em decorrência de um desentendimento banal e insignificante havido entre o réu, a vítima e o grupo de amigos da vítima, momentos antes", destacou a juíza Joelma Ribeiro na decisão.
O processo corre em segredo de Justiça. A reportagem entrou em contato com a defesa do sargento e aguarda retorno.
Estudante Flavio Endres Ferreira foi baleado pelo sargento da PM Erisson Nery em novembro de 2021 — Foto: Arquivo pessoal
Denúncia
Em fevereiro deste ano, a Justiça aceitou a denúncia do MP-AC contra o sargento. Nery responde pelos crimes de tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, porte irregular de arma de fogo de uso permitido e por lesão corporal de natureza grave.
O sargento ficou conhecido nas redes sociais após assumir um trisal com a mulher, também sargento da PM Alda Nery, e a administradora Darlene Oliveira. Os três moravam na cidade de Brasileia, no interior, e há alguns meses a sargento fazia tratamento psicológico, quando o casal voltou a gerar polêmica ao surgirem boatos de separação.
O sargento também já responde um processo por ter matado um adolescente de 13 anos em 2017, quando o menino tentou furtar a casa dele. Mais de quatro anos após o crime, o policial ainda não foi julgado. O MP fez a denúncia em julho do ano passado pelos crimes de homicídio e fraude processual e a denúncia foi aceita um dia depois pela Justiça.
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Relembre o caso
No dia 27 de novembro de 2021, o sargento Nery se envolveu em uma confusão em um bar na cidade de Epitaciolândia, interior do Acre, que acabou com o estudante Flávio baleado. No dia 29, o militar foi preso e ouvido na delegacia do município, enquanto um grupo de amigos fazia protesto e pedia justiça.
Vídeos que circularam na internet mostraram o momento da confusão dentro e fora do bar. Uma das imagens mostra o sargento Nery armado após atirar contra o estudante e, em outro vídeo, é possível observar que a vítima foi agredida inicialmente pela sargento da PM Alda Nery, mulher do policial.
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Nery, porém, alegou que reagiu a uma importunação sexual feita pelo homem contra sua mulher, a administradora Darlene Oliveira. Mas, um vídeo do interior do bar onde ocorreu a confusão mostra que a vítima foi agredida inicialmente pela sargento da PM Alda Nery.
As imagens confirmam o depoimento da equipe que fazia a segurança no local. No depoimento, um dos seguranças diz que o sargento acusava o pessoal da mesa ao lado de estar olhando de forma desrespeitosa para a mulher dele. O segurança tentou acalmar o sargento, mas ele continuava alterado.