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07/01/09 - 19h18 - Atualizado em 07/01/09 - 19h48

Cientistas estudam química do amor

Pesquisadores analisam base biológica do sentimento.
Especula-se que, no futuro, emoção talvez possa ser induzida.

Da Reuters

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Será que uma pílula ou um spray nasal seriam capazes de salvar um casamento? Talvez, segundo pesquisadores que investigam a base química da mais elusiva das emoções -- o amor.


Larry Young diz que seu objetivo não é criar uma poção do amor high-tech, e sim entender distúrbios graves, como o autismo, que afeta a capacidade de formar vínculos sentimentais.


"Os biólogos em breve poderão reduzir certos estados mentais associados ao amor a uma cadeia bioquímica de eventos", disse Young, do Centro Nacional Yerkes de Pesquisas de Primatas, na Universidade Emory (Atlanta), em artigo na revista Nature.


Seu estudo com arganazes (roedores das pradarias norte-americanas) demonstrou que uma rápida dose do hormônio correto pode alterar drasticamente os relacionamentos.


Esses graciosos roedores são um bom modelo para as relações humanas, segundo Young. Ao contrário de outros animais, eles formam casais que criam os filhotes e passam a vida juntos. Mas é fácil mudar esse comportamento.


"É uma reação química. Pelo menos nos arganazes sabemos que, se você pega uma fêmea, a coloca com um macho e infunde oxitocina no seu cérebro, ela vai rapidamente criar laços com esse macho", explicou ele por telefone.


Já ao rebaixar os níveis naturais de oxitocina -- hormônio envolvido no parto, nos cuidados maternos e nos laços sociais -- ela rejeita o macho como parceiro, mesmo que haja diversas cópulas.


"Os experimentos demonstraram que um borrifo nasal de oxitocina aumenta a confiança e sintoniza as pessoas nas emoções das outras", escreveu Young na Nature.


"Empreendedores da Internet já estão comercializando produtos como o Confiança Líquida Reforçada, uma mistura de oxitocina e feromônios, como uma colônia, preparada para reforçar o quesito namoro e relacionamentos na sua vida", escreveu ele.


Ele acha possível também chegar a um remédio contra crises conjugais. "Se pudéssemos usar uma droga em combinação com a terapia conjugal, seria desejável."


Young também está convencido de que o amor não se resume a um só hormônio. Outros estudos já demonstraram que diferenças em um gene chamado complexo maior da histocompatibilidade, que afeta o sistema imunológico, pode estar envolvido na atração sexual inicial. Para os homens, o hormônio vasopressina parece ser mais importante.


Mas tudo isso é claramente biológico, segundo o cientista. "Acho que o amor nos humanos evoluiu para nos manter juntos", disse.


Isso significa que outros animais provavelmente também amam.


"Qualquer mamífero, quando a mãe tem bebês, fica ligado a esses bebês e faria qualquer coisa para protegê-los. Trata-se de uma química cerebral ubíqua, e isso estimula os laços," disse.


"Seja como for, os recentes avanços na biologia da ligação dos pares significa que não vai demorar muito até que um pretendente inescrupuloso jogue uma 'poção do amor' farmacêutica na nossa bebida. E se fizerem isso, será que vamos ligar? Afinal, amor é insanidade", escreveu ele.

 

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