A 57ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro realiza neste ano a sua 4ª Conferência Audiovisual, apresentando o tema: Soberania do Audiovisual Brasileiro. Celebrando o cinema no planalto central, o festival historicamente acolheu e forneceu impulso a uma política em favor do cinema brasileiro. Neste momento em que o audiovisual nacional enfrenta enormes desafios, o Festival abre as portas para um debate oportuno sobre temas essenciais e incontornáveis do cinema brasileiro, reafirmando o seu lugar estratégico na reflexão e proposição sobre as agendas de presente e futuro.
Os desafios não são poucos e nem pequenos. Se nosso cinema tem conquistado reconhecimento internacional, os filmes brasileiros encontram enorme dificuldade de sobreviver e ter uma trajetória digna no mercado interno. A cota de tela, reimplantada este ano, não tem se mostrado suficiente para reverter o problema. O objetivo de reconquistar a conexão com a sociedade brasileira segue sendo importante em termos econômicos, simbólicos e políticos, na medida em que legitimam o investimento público num círculo virtuoso.
Para isso, urge discutir e propor uma política de Estado, que seja estruturante e articule as dimensões artística e industrial dessa atividade. Se nossa produção nacional tem batido recordes de filmes lançados a cada ano, o fosso que separa essa produção da população brasileira vem aumentando por razões diversas que merecem discussão: da necessidade urgente de regulação do streaming, do tratamento do cinema como indústria e de uma visão sistêmica sobre a atividade que englobe distribuição, exibição e o conjunto do ecossistema criativo e produtivo do setor.
Urge portanto debater as consequências da falta de regulação e seu impacto no emprego e na renda dos trabalhadores e mais além: o assunto não deve ser enxergado apenas como um problema dos que vivem do fazer cinema e do dia a dia na produção. Essa dimensão é fundamental para garantir a compreensão da sociedade como um todo e das instituições políticas sobre o lugar do audiovisual, visto que a presença do conteúdo nacional fortalece a cultura brasileira e sua diversidade na construção de um projeto soberano de nação.
Passados dois anos da eleição do presidente Lula, importantes fóruns, congressos, espaços de participação do audiovisual já foram realizados, e o debate agora parte de um acúmulo. E o que move o Festival de Brasília a realizar este encontro é um sentimento de urgência: quais os passos para regular o streaming e dotar o Brasil de uma política de Estado para o setor que nos permita ir além de ciclos, criando uma perspectiva de longo prazo?
É nesse contexto de grandes desafios, que o Festival de Cinema de Brasília do Cinema Brasileiro se propôs a agregar pessoas com experiências distintas no audiovisual brasileiro para refletir e apontar caminhos sobre as prioridades para a política pública e que, ao fim, possam deixar uma contribuição para que o cinema e o audiovisual brasileiro garanta a sua soberania.
Sara Rocha, Alfredo Manevy, Gabriel Portela e Janaína André
Equipe 4ª Conferência Audiovisual 57ª FBCB
5 de dezembro (quinta)
9h no Cine Brasília – Sala de Cinema 2
O Secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Claudio Abrantes, apresenta uma fala de boas-vindas ao público da 4a Conferência do Audiovisual Brasileiro.
5 de dezembro (quinta)
9h10 no Cine Brasília – Sala de Cinema 2
A Excelentíssima Ministra do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, ministra a conferência de abertura “A importância dos direitos culturais e do cinema brasileiro na consolidação de uma sociedade democrática”.
5 de dezembro (quinta)
10h no Cine Brasília – Sala de Cinema 2
O Brasil é um grande ator político e econômico do sul global e tem todas as condições de promover um projeto audiovisual soberano. O cinema tem impacto na cultura brasileira, na relação dos brasileiros com sua imagem com a língua portuguesa e com um projeto de país. Ao mesmo tempo, os resultados de market share mostram que apesar do grande investimento em produção, o cinema nacional está cada dia mais entrincheirado em seu próprio mercado doméstico, o que cria condições mais difíceis para uma inserção global. Para mudar este quadro, uma estratégia de desenvolvimento abrangente nas dimensões artística, técnica e industrial são necessárias e o Estado precisa atuar de forma coordenada e transversal para que de fato se concretize a soberania do audiovisual brasileiro.
Participantes: Deputada Jandira Feghali, Deputada Benedita da Silva, Juca Ferreira (BNDES) e Sara Silveira (19 filmes).
Mediação: Gabriel Portela
5 de dezembro (quinta)
14h no Cine Brasília – Sala de Cinema 2
A regulação do streaming é o debate central da política audiovisual brasileira. Um dos cinco maiores e mais cobiçados mercados consumidores de streaming do mundo, o Brasil ainda não possui um marco regulatório para o segmento, o que torna necessária a reflexão sobre os pontos mais fundamentais para o desenvolvimento da produção independente. Atualmente tramitam no congresso dois projetos de lei sobre a regulação do mercado de VOD que refletem cenários completamente distintos, um favorável e outro desfavorável à produção independente. Estes marcos são essenciais para o futuro da política pública de cinema, na medida que podem significar tanto um avanço como um retrocesso, a depender do resultado da mobilização dos agentes políticos e setoriais. A mesa propõe ouvir os parlamentares envolvidos, agentes políticos, cineastas e também especialistas no tema, que permitam trazer os principais desafios para uma regulação brasileira que garanta o desenvolvimento e a soberania do audiovisual brasileiro.
Participantes: Paulo Alcoforado (Ancine), André Basbaum (TV Record), MInom Pinho (APACI), Pedro Tinen (pesquisador), André Saddy (SuperCaBEQs) e Cibele Amaral (CONNE).
Mediação: Rosana Alcântara
5 de dezembro (quinta)
16h30 no Cine Brasília – Auditório 1
O painel irá explorar as implicações da legislação recém-sancionada sobre os jogos eletrônicos no Brasil, como ela pode impulsionar o desenvolvimento dos games dentro do contexto mais amplo e como ele está impactando o desenvolvimento de games e sua relação com o mercado audiovisual. Com um enfoque na interseção entre as indústrias de jogos, cinema e mídia digital, este painel reunirá especialistas, desenvolvedores e representantes da indústria para discutir as oportunidades e desafios trazidos pela criação do Marco Legal dos Jogos Eletrônicos, sancionado em 2022, e como ele pode moldar o futuro das produções digitais no Brasil.
Participantes: Raquel Gontijo (Abragames), Alberto Miranda (Abring), Fred Reis (FR3D FILM & REALTIME 3D) e Igor Rachid (Abring).
Mediação: Janaína André
6 de dezembro (sexta)
10h no Cine Brasília – Auditório 1
O impacto da inteligência artificial sobre a atividade audiovisual proporciona grandes oportunidades mas também grandes desafios. Como país periférico no desenvolvimento tecnológico, o Brasil deve refletir sobre a estratégia de apropriação, regulação e o impacto desigual da tecnologia entre produtores e criadores. Do impacto sobre a animação e games, do suporte aos roteiristas e gestores, aos ganhos em produtividade, somam-se riscos de desaparecimento de atividades, com impactos no emprego e na organização tradicional da atividade. Neste segmento, vamos mergulhar no efeito transformador que a inteligência artificial está tendo na esfera da produção audiovisual. Desde o trabalho de produção à distância até a geração de ambientes virtuais e a elaboração de efeitos visuais (VFX). Vamos examinar as novas tecnologias que facilitam interações seguras e eficazes e também considerar as questões éticas e os limites da intervenção da IA na arte.
Participantes: Cauê Oliveira Fanha (MinC), Raquel Gontijo (Abragames), Guido Lemos Filho (UFPB), Igor Rachid (Abring) e Fred Reis (Gravidade Zero).
Mediação: Igor Bastos
6 de dezembro (sexta)
14h no Cine Brasília – Sala de Cinema 2
Para o desenvolvimento de uma indústria audiovisual sustentável é preciso adotar políticas sistêmicas e transversais que se conectem com outras políticas públicas. Da mesma forma, é necessário que haja o fortalecimento institucional de políticas municipais e estaduais para que possam se integrar em um sistema nacional para o audiovisual brasileiro e fortalecê-lo enquanto uma atividade estratégica para o país. Como estimular a relação da política audiovisual com a transversalidade de outras políticas de estado. E como os incentivos regionais podem garantir o desenvolvimento do audiovisual em todas as regiões do país através do fortalecimento de novos arranjos institucionais e políticas locais?
Participantes: Bárbara Trujillo (Spcine), Felipe Dias (Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Salvador), PH Souza (ABRACI), Paulo Zilio (Ancine) e Igor Bastos (Abranima).
Mediação: Sara Rocha
6 de dezembro (sexta)
14h no Cine Brasília – Auditório 1
O pequeno tamanho do parque exibidor brasileiro é um dos gargalos para a produção audiovisual do país, contabilizando menos de 3.600 salas/telas, concentradas majoritariamente em shopping centers. Este circuito comercial alcança atualmente menos de 500 dos 5.570 municípios do país (cerca de 8% dos municípios) e, em 2022, os filmes brasileiros acessaram somente 4,1% deste circuito. Com este parque exibidor extremamente diminuto diversos filmes nacionais já finalizados aguardam, sem muita esperança, por espaços de exibição. Situação que se tornará ainda mais crítica nos próximos anos com a produção audiovisual viabilizada pela Lei Paulo Gustavo.
Paralelamente à pequena presença das salas comerciais, o Brasil possui um histórico significativo de cinemas e outros espaços de exibição independentes e públicos, administrados por governos estaduais, prefeituras e instituições federais de educação e outras.
Ao se abrirem para produções nacionais e mais independentes, estes exibidores cumprem funções estratégicas, como a formação de programadores e de público. Se contarem com políticas e programas que considerem suas potencialidades e especificidades, estes exibidores públicos podem contribuir ainda mais para ampliação do acesso e para o fortalecimento da cadeia produtiva do audiovisual brasileiro.
É neste contexto que a 4ª Conferência Audiovisual do Festival de Brasília promove o Encontro de Salas de Cinema Independentes, buscando constituir um espaço para troca de experiências e formulação desta comunidade de cinemas, exibidores e programadores independentes e públicos. Espera-se também contribuir para o diálogo com o Estado e seus formuladores de políticas públicas direcionadas para ampliação do acesso à produção audiovisual brasileira e fortalecimento da cadeia produtiva do setor.
Participantes: Mauri Palos (Cine 14Bis/SPCine), Suzana Argolo (Cine SaladeArt/UFBA), Thiago André (CINUSP/USP, Mônica Kanitz (Cinemateca Paulo Amorim/RS), Rita Aquino (UFBA), Ângela Francisca (Coordenadora Cine Redenção – UFRGS), Adriano Adoryan e Alex de Oliveira (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP).
Mediação: Alvaro Malaguti (RNP)
6 de dezembro (sexta)
16h30 no Cine Brasília – Auditório 1
Mesmo com os esforços de fomento à produção, o cinema brasileiro ainda enfrenta grandes desafios no seu processo de industrialização. O foco quase exclusivo em editais para produção enquanto política audiovisual e o aumento do número de filmes não tem garantido maior alcance social ou impacto econômico necessário para o pleno desenvolvimento do setor. Esse diagnóstico aponta para a reflexão de que é uma ilusão pensarmos que apenas o recente incremento descentralizado de recursos para a produção, como os destinados por meio da Lei Paulo Gustavo entre outros editais, significará o aumento do alcance e impacto socioeconômico do audiovisual brasileiro. Como avançar para um modelo de política pública capaz de distribuir os investimentos de forma coordenada através de uma estratégia de industrialização do setor e que não se limite apenas a editais?
Participantes: Thais Olivier (ABRA), Marcio Fraccaroli (Paris Filmes), Marcos Barros (Abraplex), Vania Lima (Dendê Produções), Nichollas Alem (advogado e pesquisador) e Marco Altberg (ABRAVI).
Mediação: Alfredo Manevy
7 de dezembro (sábado)
10h no Cine Brasília – Sala de Cinema 2
A pandemia acelerou a revolução do streaming, mudou hábitos e colocou em xeque a sala de cinema, que tem enfrentado dificuldade em reencontrar o público pré-pandemia. Menos de 10% dos municípios possuem salas de cinema e o fechamento de circuitos dedicados ao cinema brasileiro em 2024 refletem um contexto desafiador para a sala independente de cinema. Em que pese o incremento do número de filmes produzidos no Brasil, no de 2023 o cinema brasileiro teve um dos menores market share da história, o que também se reflete no desafio de ocupação do mercado e encontro do cinema nacional com a sociedade. Ao mesmo tempo, a TV linear por assinatura tem mostrado resiliência como parte de políticas públicas que permitiram que obras nacionais circulassem socialmente. Qual o lugar da sala de cinema independente no futuro do cinema brasileiro? Como desenvolver no Brasil políticas públicas para o circuito exibidor que contribuam para reposicionar a sala como espaço potente de alcance social e cultural? E quais as perspectivas para o mercado de televisão enquanto janela de difusão para a produção brasileira independente?
Participantes: Daniel Jaber (Cardume), Álvaro Malaguti (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), Nilson Rodrigues (Cine Cultura), Suzana Argolo (Cine SaladeArt/UFBA) e Vanessa Souza (Canal Curta).
Mediação: Pedro Butcher
7 de dezembro (sábado)
14h no Cine Brasília – Auditório 1
Representantes do Governo Federal apresentam suas perspectivas e visões sobre a regulação do VOD no Brasil.
Participantes: Joelma Gonzaga (MinC/SAV) e Ricardo Capelli (ABDI)
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