A menopausa é um marco na vida da mulher. A data que determina o fim da menstruação e da vida reprodutiva1.
Antes de ela chegar, porém, acontece o que, para algumas mulheres, pode ser considerada uma revolução. Os hormônios vão parando de atuar como antes, e uma avalanche de sintomas podem aparecer.
De repente, o ciclo menstrual pode ficar desregulado. Há casos em que a irritação chega forte, e o choro vem fácil. É mais difícil perder peso, a memória começa a falhar e uns calores tomam conta do corpo2.
Só quem já passou ou está passando por essa fase sabe o que significa não se reconhecer mais no meio da tempestade.
Essa nova etapa da vida feminina, cheia de sintomas, que engloba o antes e o depois da menopausa, é chamada de climatério3.
E sabe o que a palavra significa? "Ponto crítico da vida humana". Sim, o climatério é uma crise! E a maioria das mulheres que já experimentaram devem concordar com a definição. Mas é possível que essa jornada seja mais leve para todas as mulheres.
Todas essas alterações no corpo acontecem por conta da diminuição das funções ovarianas, com a queda progressiva da produção de hormônios como progesterona, estrogênio e testosterona. Essas alterações mexem com o corpo como um todo4.
Na literatura, são diversos sintomas possíveis. Eles variam de mulher para mulher e, por isso, é importante um acompanhamento individualizado de cada uma
Dra. Rebeca explica que os sintomas que marcam a entrada no climatério podem ser semelhantes aos de uma TPM, só que acentuada e prolongada. Outros incômodos possíveis são os fogachos, ondas de calor incontroláveis que surgem principalmente na parte superior do corpo5.
"A mulher fica vermelha, com o rubor na face. A sudorese vem em ondas também. Às vezes aparece a sudorese noturna. A mulher acorda de noite, ensopada, principalmente na região de pescoço e colo", explica o Dr. Vitor Henrique de Oliveira, conhecido como Vitor Maga, médico ginecologista pela Faculdade de Medicina do ABC. CRM-SP 185.033 | RQE 92.064.
As oscilações hormonais também mexem com as emoções. São comuns as alterações de humor (nervosismo, irritação, tristeza profunda e até depressão), sensação de desânimo e queda do desejo sexual5. Em meio a tudo isso a mulher ainda pode desenvolver a insônia, com a dificuldade para dormir ou despertares no meio da madrugada5.
O ciclo menstrual sofre alterações no fluxo e na periodicidade5. Muitas mulheres experimentam ainda secura vaginal, dor e inchaço nas mamas, dores de cabeça e perda urinária leve5.
"O estrogênio participa de grande parte do metabolismo de vários tecidos do corpo. Então, quando o estrogênio começa a cair, várias alterações acontecem6. A paciente vai falar: ‘Meu corpo está mudando, estou me sentindo muito diferente, minha pele está seca, minha unha está quebradiça, meu cabelo está caindo, estou ganhando peso e perdendo músculo…", diz Dr. Vitor Maga.
E às vezes as fases da vida se sobrepõem aos sintomas. Muitas mulheres entram no climatério ao mesmo tempo em que os filhos estão saindo de casa ou o relacionamento está sendo reavaliado.
E tudo isso deixa o diagnóstico mais complicado, como separar o que é emocional e o que hormonal?
Para definir que chegou à menopausa, uma mulher precisa ficar um ano sem menstruar. Isso costuma acontecer, em média, entre os 45 e os 55 anos3.
Para o climatério, no entanto, o diagnóstico é principalmente clínico3. Por isso, é muito importante fazer um acompanhamento de perto com o ginecologista e botar na mesa todos os sintomas e sensações. Ninguém se conhece tão bem quanto você mesma!
E, sim, há saídas no meio dessa crise toda.
Os tratamentos atualmente são bastante eficazes e podem ajudar cada mulher em suas especificidades, melhorando a qualidade de vida e ajudando com que ela possa usufruir dessa nova etapa com plenitude7.
Existe um arsenal terapêutico que atua para equilibrar os sintomas.
A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) é um dos mais difundidos e repõe os hormônios que estão oscilando (progesterona, estrogênio e testosterona)7. Ela pode ser feita, por exemplo, por via oral, transdérmica, vaginal ou intrauterina7.
Diante dos sintomas, das necessidades e do estilo de vida da mulher, o ginecologista pode indicar a melhor via para o tratamento.
Mas a reposição é para todas as mulheres?
"Depende do que ela está disposta a fazer", afirma Dr. Vitor Maga. "Lá atrás, os médicos tinham uma tendência de falar que toda mulher tinha que fazer reposição, só que isso tem que ser uma decisão da paciente, porque o climatério não é uma doença. Então, não necessariamente eu preciso tratá-lo, eu trato o sintoma", diz o especialista.
Se a mulher convive bem com os sintomas e não quer fazer reposição hormonal, é uma decisão dela. Mas nunca deve deixar de fazer por medo dos hormônios
O ginecologista lembra de uma paciente que chegou ao seu consultório por indicação da filha, reclamando que estava "toda bagunçada".
"Eu perguntei qual havia sido a última vez que ela cuidou de si mesma. E veio aquele choro. Ela disse que estava ficando louca com os sintomas, que não estava dormindo e se sentia feia", conta.
O médico indicou TRH e, depois de três meses, a paciente voltou ao consultório se sentindo outra pessoa.
Mas a reposição não deve ser usada como tratamento único. Uma alimentação saudável, exercícios físicos e até acompanhamento psicológico são essenciais para que a mulher se sinta bem e cuide da saúde como um todo durante essa fase7.
As flutuações hormonais continuarão acontecendo, assim como as intempéries da vida, por isso é importante manter um acompanhamento consistente do ginecologista para fazer ajustes no tratamento quando necessário7.
Mas há mulheres que não podem fazer a TRH? As contraindicações são para pacientes com histórico pessoal de trombose, câncer estrogênio dependente, doença hepática grave, AVC, doença cardiovascular instável ou doença uterina não diagnosticada7.
E como todo tratamento, podem aparecer efeitos colaterais, que são bastante individuais, como dor de cabeça, dor nas mamas, inchaço e sangramentos7. O surgimento de qualquer um deles é motivo para conversar com o médico e reavaliar a conduta terapêutica.
Estar conectada ao seu corpo, atenta aos sintomas e bem informada são os principais passos para atravessar o climatério e a menopausa amparada e com qualidade de vida.
Com o objetivo de abastecer as mulheres com informações confiáveis e baseadas na ciência, a farmacêutica Libbs criou a campanha ‘Sou única, sou muitas’. Por meio do Instagram, Youtube e podcasts são abordados temas prioritários para a saúde da mulher, como contracepção, maternidade e menopausa.
É possível abordar os conteúdos da campanha pelo perfil @souunicasoumuitas, no Instagram; no site A vida Plena e pelo canal da Libbs no YouTube
Referências
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Taffe JR, Dennerstein L. Menstrual patterns leading to the final menstrual period. Menopause 2002; 9:32.
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Freeman EW, Grisso JA, Berlin J, et al. Symptom reports from a cohort of African American and white women in the late reproductive years. Menopause 2001; 8:33.
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McKinlay SM. The normal menopause transition: an overview. Maturitas 1996; 23:137.
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Burger HG, Hale GE, Dennerstein L, Robertson DM. Cycle and hormone changes during perimenopause: the key role of ovarian function. Menopause 2008; 15:603.
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Woods NF, Mitchell ES. Symptoms during the perimenopause: prevalence, severity, trajectory, and significance in women's lives. Am J Med. 2005 Dec 19;118 Suppl 12B:14-24.
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Female aging / Envelhecimento feminino. Sorpreso, Isabel Cristina Esposito; Soares Júnior, José Maria; Fonseca, Angela Maggio da; Baracat, Edmund Chada. Rev. Assoc. Med. Bras. (1992, Impr.) ; 61(6): 553-556, Nov.-Dec. 2015.
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"The 2022 Hormone Therapy Position Statement of The North American Menopause Society" Advisory Panel. The 2022 hormone therapy position statement of The North American Menopause Society. Menopause 2022; 29:767.
Conteúdo produzido em agosto de 2024
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*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha