Qual é o seu trajeto diário? São quantos quilômetros percorridos? Existem rotas alternativas? Quanto você gasta, todos os dias, para fazer esse trajeto? Essas perguntas podem ajudar a entender sua rotina e otimiza-la – seja no relógio ou no bolso.
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Tempo x dinheiro
Considerando integrações e o sobe e desce de linhas para percorrer um determinado trajeto, é verdade, nem sempre o ônibus vai ser mais rápido. Mas aí a compensação é financeira. A assistente social Andreza Cristina da Silva, que o diga. Foram quase dois anos de idas e vindas entre Fazenda Rio Grande e uma universidade no bairro Santo Inácio, em Curitiba, a cerca de 36 km de distância, para cursar o mestrado em psicologia.
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Com o valor atual da passagem do transporte metropolitano, ela gastava, diariamente, R$ 9. Se fosse de carro, seriam no mínimo R$ 31 reais por dia – considerando um veículo capaz de rodar 12 quilômetros por litro e o preço do combustível a R$ 5,20. Isso sem contar o desgaste do veículo e o preço do estacionamento. Mas ela destaca a economia de tempo, também. “Para ir para o centro de Curitiba, por exemplo, o ônibus acaba sendo muito mais rápido. Em alguns pontos em que há diversos semáforos para os carros, o ônibus segue tranquilo pela canaleta. Vale muito mais a pena”, pondera. Além disso, há outro benefício: a atenção dedicada. Não dá para ler um livro enquanto guia o volante – algo possível quando o motorista se torna passageiro.
Faz bem para o meio ambiente
Segundo o Instituto Água e Terra, em 2020 a emissão de gases poluentes no Paraná diminuiu em média 10% em relação a 2019. A mudança pode estar relacionada à menor circulação de veículos e de atividades em fábricas, por causa da pandemia de coronavírus. Entre março e agosto do ano passado, período em que o isolamento social foi seguido de forma mais rigorosa pela população, a redução dos níveis de poluição chegou a cerca de 40%.
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Não há como comprovar que essa redução tenha relação direta com o número de carros nas ruas. Mas o técnico em qualidade do ar do IAT, João Carlos de Oliveira, reforça que os momentos em que as alterações foram identificadas coincidem com os períodos de menor circulação de veículos. “Por isso a gente tem o indicativo de que a emissão veicular tenha impactado nos índices”, revela. Além disso, um fator que poderia influenciar negativamente é a estiagem, mas ainda assim a situação tem se mantido estável para o lado positivo. “Tem uma melhoria considerável do ano passado para agora, mesmo com influência das queimadas, da estiagem, do tempo seco e da baixa umidade”, completa.
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Embora os dados tenham sido obtidos por causa de um momento de crise, eles revelam o quanto é possível fazer a diferença pensando em sustentabilidade. Para se ter uma ideia, de acordo com o Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), em média, uma pessoa dentro de um carro sozinha é responsável pela emissão de 65,8 gramas de gás carbônico-equivalente (CO2-e) por quilômetro.
Se estivesse em um ônibus, esse índice seria quase quatro vezes menor: 17 gramas. Ou seja: 30 carros com apenas o motorista são responsáveis pela emissão de cerca de 1,9 kg de CO2-e. Se estas pessoas estivessem todas em um ônibus, o índice seria de 510 gramas. As informações constam no Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros do Município de São Paulo.
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Como fazer parte da mudança?
Adotar um novo modal de transporte faz parte de uma mudança de hábito. Talvez seja necessário incluir uma caminhada até o ponto de ônibus mais próximo, emitir o cartão transporte para facilitar o pagamento, fazer uma manutenção na bicicleta esquecida nos fundos da garagem. Tudo isso faz parte, também, de uma mudança cultural, incentivada pela Campanha Ruas Vivas, promovida pela União dos Ciclistas do Brasil.
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“O nome fala sobre a mobilidade ativa: meios de transporte com propulsão humana, lojas com fachadas voltadas para a rua, o que a torna mais atrativa e segura, já que ninguém se sente à vontade caminhando ao lado de muros”, pondera Henrique Jakobi Moreira, integrante do Corpo técnico do Ciclo Iguaçu. Ele destaca a falta de uma cultura de compartilhamento de espaço entre modais. “Isso se faz com infraestrutura. A forma vai acompanhando o uso: cada trecho tem uma necessidade diferente”.
Ou seja: as melhorias que queremos no trânsito devem ocorrer à mesma medida em que a rotina acontece. Não dá para esperar que o outro faça o correto para tomar a atitude certa. Aguardar por um universo utópico não vai resolver os problemas – vivê-los e pressionar por mudanças, sim.
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