Os principais achados da Fundação Dom Cabral e da NEO Executive Search destacam a importância da governança corporativa na sustentabilidade e perenidade das empresas, as diferenças marcantes entre sociedades anônimas e limitadas, e a percepção de valor da governança entre diversos atores, como conselheiros, sócios e CEOs. A pesquisa também explora a composição típica dos Conselhos, remuneração e os benefícios percebidos da adoção de Conselhos de Administração e Consultivos.
“Exploramos um universo de difícil acesso, devido à pouca ou nenhuma necessidade das empresas de capital fechado divulgarem dados ao mercado, ao contrário do que ocorre com as de aberto”, explica Dalton Sardenberg, professor da Fundação Dom Cabral.
“Apesar dos desafios, conquistamos uma visão abrangente e detalhada sobre o cenário da governança corporativa brasileira, que comprova que ela pode ser uma fonte de geração de valor para as organizações”, complementa Gregori Birnie, sócio da NEO Executive Search.
O estudo foi desenvolvido em duas etapas. A primeira foi uma pesquisa qualitativa com nove presidentes de conselhos de empresas de diferentes portes e que serviu como base para elaborar a etapa quantitativa. A segunda fase foi realizada entre março e abril de 2024 e contou com 438 respondentes, sendo que 221 estavam dentro do público-alvo da análise (empresas de capital fechado). Participaram, desta etapa, sócios (proprietários), conselheiros e presidentes de conselhos, CEOs ou membros de famílias acionistas.
Principais achados:
- Percepção da Governança: 76% dos respondentes concordam que a estrutura de governança atual favorece significativamente a sustentabilidade e perenidade da empresa no longo prazo. No entanto, há uma clara distinção entre a visão dos Conselheiros Independentes e dos CEOs sobre a contribuição da Governança para a sustentabilidade no longo prazo.
- Relação entre Porte e Governança: Quanto maior o porte da empresa, mais robustas são as características de sua governança. Entre as maiores empresas (com faturamento acima de R$500 milhões e mais de 1000 funcionários), pelo menos 50% já têm Conselhos há mais de 5 anos. Além disso, apenas 20% das maiores empresas não têm outros órgãos de Governança, como Conselhos de Sócios, de Família e Fiscal.
- Diferença de Percepção entre Atores: Quando perguntados se a estrutura de governança de suas empresas favorece significativamente a sua sustentabilidade e perenidade no longo prazo, fica bem clara a distinção entre as visões dos conselheiros independentes, sócios e dos CEOs. 83% dos conselheiros Independentes avaliam que a governança estruturada favorece a sustentabilidade no longo prazo, enquanto 68% dos sócios e 62% dos CEOs partilham esta visão.
- Existência de Conselhos: Entre as empresas de controle familiar, 48% têm Conselho de Administração e 52% têm Conselhos Consultivos. Entre as de capital de origem não-familiar, o percentual das que têm Conselho de Administração sobe para 74% contra 26% de Conselhos Consultivos.
- Tempo de adoção do Conselho: Entre as maiores empresas (com faturamento acima de R$500 milhões e mais de 1000 funcionários), pelo menos 50% já possuem Conselhos há mais de 5 anos.
- Participação Feminina nos Conselhos: Empresas menores e familiares tendem a ter mais mulheres nos Conselhos. Nessas empresas, as mulheres normalmente são sócias, acionistas ou membros da família proprietária.
- Conselheiros Independentes: As empresas buscam prioritariamente Conselheiros Independentes com conhecimentos específicos e relevantes. O perfil mais desejado é de indivíduos que são ou já foram executivos, possuem boa reputação, têm formação específica para a função de Conselheiro, experiência na posição e conhecimento do segmento econômico da empresa.
- Remuneração dos Conselheiros: A remuneração mais comum para os Conselheiros é o pagamento mensal, com 71% recebendo dessa forma. Entre esses, 53% recebem menos de R$ 15 mil, 46% acima de R$ 15 mil e apenas 2% declararam não serem remunerados.
- Órgãos de Governança: Quanto maior o porte da empresa, maior a adoção de instâncias específicas de Governança, como Conselhos de Sócios, de Família e Fiscal. Apenas 20% das maiores empresas não possuem esses órgãos adicionais de Governança.
- Sistemas de controle: O porte da empresa tem uma relação positiva com estruturas mais elaboradas de Governança, incluindo sistemas de Compliance ligados ao Conselho de Administração e a presença de auditorias. Entre as maiores e mais maduras, 41% possuem Comitê de Auditoria.
- Governança Familiar: Entre as empresas de controle familiar, após a primeira sucessão cresce o número de empresas com Conselhos de Família.