Neste mês de dezembro, Época Negócios relembra algumas reportagens preferidas pelos nossos leitores. O texto a seguir fala sobre um plano engenhoso dos cientistas para trazer a humanidade de volta em caso de extinção. Confira.
*Esta reportagem foi publicada originalmente em setembro de 2024
A ideia da humanidade se extinguir pode soar estranha para alguns, e provável para outros. Pandemias, guerra mundial, IA tomando o controle, catástrofes climáticas – são muitas as razões apontadas para um fim de mundo digno de um filme de Christopher Nolan.
Felizmente, os cientistas têm um novo plano para salvar a humanidade. Eles dizem que o segredo está em um "cristal de memória 5D", relata o Daily Mail.
Uma equipe da Universidade de Southampton armazenou com sucesso o genoma humano completo em um cristal e diz que ele pode fornecer a base para trazer a humanidade de volta da extinção.
O cristal agora está armazenado no arquivo Memory of Mankind - uma cápsula do tempo especial colocado dentro de uma caverna de sal em Hallstatt, na Áustria.
O que é um cristal de memória 5D?
O primeiro cristal de memória 5D foi desenvolvido em 23 de janeiro de 2014 pelo Centro de Pesquisa Optoeletrônica da Universidade de Southampton.
É o meio de armazenamento digital mais durável do mundo: permanece estável em temperatura ambiente por 300 quintilhões de anos.
O material, um disco de vidro nanoestruturado, também tem uma vida útil estimada de 13,8 bilhões de anos (aproximadamente a idade atual do universo) em temperatura elevada de 190°C, e uma capacidade de 360 TB.
Este formato de armazenamento de dados foi premiado com o Recorde Mundial do Guinness pela sua durabilidade em 2014.
Um porta-voz da Universidade de Southampton disse: “O cristal é equivalente ao quartzo fundido, um dos materiais mais duráveis do planeta, resistente tanto a ameaças químicas quando a temperaturas extremas.”
“Ele pode suportar congelamento, fogo e temperaturas de até 1.000 °C. O cristal também pode suportar força de impacto direto de até 10 toneladas por cm2 e não é alterado, mesmo com longa exposição à radiação cósmica.'
A equipe, liderada pelo professor Peter Kazansky, usou lasers ultrarrápidos para inscrever dados precisamente em espaços nanoestruturados dentro da sílica.
O cristal é inscrito com uma chave visual mostrando os elementos universais (hidrogênio, oxigênio, carbono e nitrogênio); as quatro bases da molécula de DNA (adenina, citosina, guanina e timina) com sua estrutura molecular; sua colocação na estrutura de dupla hélice do DNA; e como os genes se posicionam em um cromossomo, que pode então ser inserido em uma célula.
“Ao contrário da marcação apenas na superfície de um pedaço de papel 2D ou fita magnética, este método de codificação usa duas dimensões ópticas e três coordenadas espaciais para registrar todo o material – daí o 5D em seu nome”, disse o porta-voz.
Embora não seja possível hoje criar humanos sinteticamente usando apenas informações genéticas, a longevidade do cristal 5D significa que as informações estarão disponíveis caso esses avanços forem feitos no futuro.
"O cristal de memória 5D abre possibilidades para outros pesquisadores construírem um repositório eterno de informações genômicas a partir do qual organismos complexos como plantas e animais podem ser restaurados, caso a ciência permita no futuro", disse Kazansky.