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Elon Musk, o homem mais rico do mundo — Foto: Getty Images
Elon Musk, o homem mais rico do mundo — Foto: Getty Images

Se teve alguém com um 2024 cheio, esse alguém foi Elon Musk. Da suspensão de sua rede social X (antigo Twitter) no Brasil até o anúncio de um cargo no governo de Donald Trump, o homem mais rico do planeta esteve envolvido em diversos acontecimentos ao longo deste ano.

Segundo Marcelo Crespo, coordenador do curso de direito da ESPM, apesar de algumas polêmicas, o ano pode ser considerado bom para o bilionário. "Ao que tudo indica, está sendo um ano muito benéfico para o Musk", disse. "Apesar do imbróglio com plataforma [X] e a suspensão pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, a rede social foi restabelecida e, acima de tudo e mais importante do que a plataforma funcionar no Brasil, ele continua fazendo os negócios dele pelo mundo todo", afirmou.

Além do X, Musk é dono de outras empresas, como a fabricante de carros Tesla, a empresa aeroespacial SpaceX, a companhia de internet via satélite Starlink, a startup de neurociência Neuralink e a startup de inteligência artificial xAI, por exemplo.

E, de fato, suas empresas alcançaram feitos neste ano. A Tesla, por exemplo, superou a marca de US$ 1 trilhão em valor de mercado, e suas ações dispararam após a vitória de Trump. Musk apoiou fortemente o candidato republicano, o que lhe rendeu um cargo no próximo governo, apesar de ainda não estar exatamente claro o que ele fará.

Para Crespo, ter o presidente como aliado é uma grande vantagem para Musk e contribui para um balanço positivo do ano, mas o bilionário pode enfrentar conflitos de interesse. "Ele, certamente, está envolvido em um monte de situações conflituosas: bilionário como é, com negócio por todos os lugares do mundo, e agora vai passar a responder para o presidente dos Estados Unidos numa hierarquia institucional do governo. A chance de esbarrar em alguma coisa ilegal, ilícita ou tirar algum proveito indevido é bastante grande", disse.

Relembre os principais acontecimentos de Musk neste ano

Nascimento do 12° filho

Musk e Zilis, com os gêmeos — Foto: Walter Isaacson
Musk e Zilis, com os gêmeos — Foto: Walter Isaacson

Em junho, Musk afirmou que, no começo do ano, havia nascido seu 12° filho. O bebê é fruto do seu relacionamento com Shivon Zilis, executiva da Neuralink -- companhia de implantes cerebrais da qual também é dono. O nome da criança e o sexo não foram revelados. Este é o terceiro filho de Musk e Zilis, que já eram pais dos gêmeos Strider e Azure, nascidos em 2021.

Suspensão do X no Brasil

O ministro do STF Alexandre de Moraes — Foto: Ton Molina/Bloomberg via Getty Images
O ministro do STF Alexandre de Moraes — Foto: Ton Molina/Bloomberg via Getty Images

Um dos embates mais marcantes do ano de Elon Musk foi a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil no final de agosto, determinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Com a invasão de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF e no Congresso, em 8 de janeiro de 2023, o Supremo intensificou investigações sobre a disseminação de fake news e incitação a atos golpistas. Em agosto, Moraes, relator dos inquéritos, ordenou o bloqueio de diversos perfis nas redes sociais de usuários acusados de atentar contra a democracia. Musk, porém, acusou o ministro de censura e não cumpriu a decisão.

Em 15 de agosto, o ministro chegou a aumentar a multa diária aplicada contra o X por descumprir suas decisões. Dois dias depois, a rede social anunciou o fechamento de seu escritório no Brasil, dizendo que o ministro teria ameaçado prender o representante legal do X no país. No dia 28 daquele mês, Moraes determinou que a rede social nomeasse um representante em 24h, o que não aconteceu.

Musk, por sua vez, usou o X para atacar Moraes, comparando o ministro a vilões como Voldemort, de Harry Potter, e Sith Lord, de Star Wars, e usando IA para criar uma imagem de um juiz na cadeia, dizendo "um dia, Alexandre, essa foto sua na prisão será real. Guarde minhas palavras".

Sem um representante legal no país, Moraes determinou a suspensão do X no Brasil e multou a plataforma e a empresa Starlink, também de Musk, em R$ 5 milhões por dia pelos descumprimentos ao bloqueio determinado por ele.

Pouco mais de um mês depois, a rede social voltou funcionar após a empresa ter indicado um representante no Brasil e cumprido decisões que vinham sendo desrespeitadas.

Apoio a Donald Trump

Elon Musk abraça Donald Trump em comício — Foto: Reprodução
Elon Musk abraça Donald Trump em comício — Foto: Reprodução

Em ano de eleições nos Estados Unidos, Elon Musk deixou claro que ele queria ver Donald Trump na Presidência pelos próximos quatro anos. Além de diversas postagens no X em ataque ao atual governo e à candidata Kamala Harris, o bilionário também esteve presente, pela primeira vez, em um comício de Trump, em outubro deste ano, dizendo que ele era o "único capaz de preservar a democracia na América".

Trump venceu as eleições, e Musk já começou a colher frutos de seu apoio. Dias após o resultado, o presidente eleito anunciou que o bilionário vai chefiar o Departamento de "Eficiência Governamental" dos EUA, apelidado de "DOGE", inaugurando um cargo inédito no gabinete presidencial. Não está claro, porém, qual será o papel exato de Musk nesta posição.

Apresentação de robotáxi e van autônoma

Robotáxi é apresentado durante evento We, Robot — Foto: Reprodução/X
Robotáxi é apresentado durante evento We, Robot — Foto: Reprodução/X

Após anos de espera e expectativa, Musk revelou, em outubro deste ano, o robotáxi Cybercab, da Tesla, veículo autônomo projetado para operar sem volante, pedais e motorista. A revelação aconteceu durante o evento "We, Robot", realizado nos estúdios da Warner Bros. Discovery, na Califórnia, nos Estados Unidos, e a demonstração ocorreu em um ambiente totalmente controlado.

Durante o evento, Musk também apresentou o protótipo de uma van elétrica e autônoma com capacidade para 20 pessoas. A Robovan lembra um vagão de trem e apresenta laterais metálicas prateadas, com detalhes em preto e tiras de luz. Também possui portas que deslizam a partir do centro.

Além disso, seus robôs humanoides Optimus circularam durante o evento para interagir com os convidados e partiram para a pista de dança. Vídeos e imagens postados nas redes sociais mostraram também robôs vestindo uniforme de barman e servindo bebidas, além de outros Optimus posando para selfies. Depois do evento, fontes afirmaram que a Tesla usou humanos para controlar seus robôs.

Investidores não pareceram muito satisfeitos com as apresentações pós-evento, afirmando que esperavam mais detalhes sobre o carro autônomo e como Musk pretende viabilizá-lo.

Primeiro implante de chip da Neuralink

Noland Arbaugh — Foto: Reprodução/Twitter
Noland Arbaugh — Foto: Reprodução/Twitter

Em janeiro, Musk anunciou que sua empresa Neuralink conseguiu implantar com sucesso um chip cerebral sem fio em um ser humano pela primeira vez. O paciente que recebeu o chip foi Noland Arbaugh, de 30 anos. Em março, a empresa publicou um vídeo no X no qual Arbaugh demonstrou como é usar a tecnologia para jogar xadrez online apenas com a mente.

No início de maio, porém, a Neuralink admitiu ter tido problemas no dispositivo, dizendo que vários fios "se retraíram" do cérebro do jovem, "resultando em uma diminuição do número de eletrodos efetivos". Uma reportagem do The New York Times revelou que 85% dos filamentos se soltaram. A Neuralink fez ajustes no sistema do chip para utilizar a quantidade reduzida de sinais captados.

No mesmo mês, a empresa recebeu autorização para fazer o segundo implante cerebral em humanos e, em agosto, o novo procedimento foi realizado.

Fortuna de mais de US$ 400 bilhões

Elon Musk, dono do X entre outras empresas, disse na rede social que  pode "limitar os movimentos" a países onde a liberdade de expressão é "constitucionalmente protegida" — Foto: Getty Images
Elon Musk, dono do X entre outras empresas, disse na rede social que pode "limitar os movimentos" a países onde a liberdade de expressão é "constitucionalmente protegida" — Foto: Getty Images

Em dezembro deste ano, o homem mais rico do planeta ficou ainda mais rico. Musk tornou-se a primeira pessoa a atingir mais de US$ 400 bilhões em patrimônio líquido.

O fato aconteceu após uma nova compra de ações feita pela sua empresa SpaceX, que aumentou a fortuna do bilionário em cerca de US$ 50 bilhões, chegando a US$ 439,2 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index.

Startup mais valiosa do mundo

Sede da SpaceX na Califórnia — Foto: Getty Images
Sede da SpaceX na Califórnia — Foto: Getty Images

A operação de compra de ações feita pela SpaceX não só deixou Musk ainda mais rico, como também aumentou a avaliação de sua empresa para US$ 350 bilhões (R$ 2,1 trilhões), tornando a fabricante de foguetes a startup mais valiosa do mundo.

Manobra da SpaceX

Spacex — Foto: Foto: Reprodução/X
Spacex — Foto: Foto: Reprodução/X

Outro marco importante para Musk neste ano foi a manobra inédita que sua empresa aeroespacial conseguiu fazer em outubro. A SpaceX “capturou” com sucesso seu propulsor “Super Heavy” em sua primeira tentativa, durante um teste de voo.

A torre de lançamento capturou o foguete com um par de braços mecânicos e o colocou de volta na plataforma de lançamento, um elemento-chave para os planos de longo prazo que permite a reutilização dos propulsores, economizando tempo e dinheiro.

Processos contra a OpenAI

Sam Altman, CEO da OpenAI — Foto: Getty Images
Sam Altman, CEO da OpenAI — Foto: Getty Images

Elon Musk ajudou a fundar a OpenAI, criadora do ChatGPT, mas a relação com a startup esfriou. O bilionário foi à Justiça contra a startup, alegando que ela e seu CEO, Sam Altman, violaram o acordo de fundação ao priorizarem o lucro em detrimento do “benefício para a humanidade”.

Musk afirmou, ainda, que, ao formar uma aliança multibilionária com a Microsoft, que se comprometeu a investir bilhões na empresa, a startup acabou virando uma subsidiária da big tech. O bilionário chegou a retirar o processo em junho, mas entrou com a ação novamente.

Musk disse ser preciso pausar o domínio crescente da criadora do ChatGPT para proteger sua própria startup de inteligência artificial, a xAI, bem como o público.

A OpenAI, criadora do ChatGPT, rebateu as alegações de Elon Musk e divulgou e-mails que mostram que o bilionário apoiou seu plano de criar uma entidade com fins lucrativos e arrecadar bilhões de dólares antes de deixar a empresa, no início de 2018. Um porta-voz da empresa também disse que Musk recicla “as mesmas alegações infundadas” e “continua sendo completamente sem mérito”.

Remuneração bilionária da Tesla

Tesla — Foto: Getty Images
Tesla — Foto: Getty Images

Ainda no âmbito judicial, em janeiro deste ano, uma juíza do Estado americano de Delaware anulou um acordo de 2018 fechado entre a Tesla e Musk, em que foi acertado um pacote de remuneração de US$ 55,8 bilhões ao empresário. A determinação aconteceu após um acionista da empresa de carros elétricos questionar o alto valor.

Em junho, os investidores da Tesla votam a favor do pacote de remuneração bilionária, mas em dezembro deste ano, o pacote foi novamente rejeitado por uma juíza de Delaware.

Ofensa de Janja

Primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja — Foto: Reprodução/Instagram
Primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja — Foto: Reprodução/Instagram

A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, xingou Musk enquanto debatia regulamentação das redes sociais em um evento dentro da programação do G20, em novembro.

A ofensa de Janja ocorreu após um som mais alto no ambiente chamar a atenção. Ao se assustar com o barulho, a primeira-dama brincou que seria algo provocado pelo bilionário. "Acho que é o Elon Musk", disse, ao se abaixar. “Eu não tenho medo de você, inclusive... Fuck you, Elon Musk!”, afirmou.

O bilionário reagiu ao xingamento no X, com emojis de risadas e dizendo: “Eles perderão a próxima eleição”.

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