No cenário global de aceleradas mudanças climáticas, diversas soluções buscam compensar as emissões de gases de efeito estufa (GEE). Esse é o caso do mercado de crédito de carbono, que permite que empresas, países e até mesmo pessoas físicas compensem suas emissões por meio da compra de créditos provenientes de empresas e organizações que desenvolvem projetos de redução ou captura de emissões de carbono, tais como iniciativas de energia renovável, eficiência energética, reflorestamento ou processos mais avançados de captura de carbono do próprio ar.
Para garantir a integridade desse mercado, esses projetos passam por rigorosas verificações, sendo certificados por entidades independentes com reconhecimento internacional. “Uma vez aprovados, cada tonelada de carbono (CO2) retirada ou capturada torna-se um crédito de carbono, registrado em organismos específicos”, diz Marcelo Sarkis Donelian, responsável pela área de risco social, ambiental e climático do banco BV.
As transações de compra e venda ocorrem por meio do mercado de carbono, que funciona de maneira semelhante ao mercado de commodities, com a relação de oferta e demanda influenciando os preços. Existem dois tipos de mercado de carbono: o voluntário, em que empresas, pessoas ou governos optam pela compensação por escolha própria, e o regulado, no qual empresas são obrigadas a adquirir créditos se ultrapassarem limites de emissões definidos por reguladores.
Nesse panorama, organizações que compensam suas emissões de GEE por opção buscam demonstrar seu compromisso com a migração para uma economia de baixo carbono, além de validar que o tema ESG efetivamente faz parte da sua cultura.
Um exemplo é o banco BV, que assumiu o compromisso de compensar as emissões dos veículos que financia, adquirindo créditos de carbono. “O projeto, iniciado em 2021, já compensou as emissões de mais de 1,8 milhão de veículos até hoje, montante que equivale a toda a frota do município de Curitiba”, comenta Roberto Padovani, economista-chefe do banco BV.
Patrícia Morita Fugita, da área desustentabilidade do banco BV, destaca que empresas que adquirem créditos no mercado voluntário direcionam recursos financeiros espontaneamente para a questão, incentivando e fomentando esse mercado. “No programa de compensação do BV, todos os créditos de carbono adquiridos foram de projetos brasileiros com o objetivo de fomentar o mercado nacional. Para se ter uma ideia da grandiosidade, já foram compensadas mais de 3 milhões de toneladas de CO2 desde o início do compromisso, ou seja, já foram utilizados mais de 3 milhões de créditos de carbono”, ressalta a especialista.
Por outro lado, também existem empresas no mercado de carbono regulado. Na Europa, por exemplo, há regulamentações que demandam que as organizações compensem o que não foi possível reduzir das emissões.
Além disso, existem ainda empresas que disponibilizam uma “calculadora” online para pessoas físicas apurarem as suas emissões. Essas empresas também prestam o serviço de venda de crédito de carbono para a sua devida compensação, segundo explica Marcelo Sarkis Donelian, responsável pela área de risco social, ambiental e climático do banco BV. “Apesar de esses exemplos serem pontuais no mundo como um todo, acredito que essa é uma tendência que veio para ficar”, finaliza.