A busca por investimentos no exterior cresceu com a alta do dólar. No entanto, é fundamental que o investidor inclua alocações internacionais em seu planejamento independentemente da taxa de câmbio. Investir fora do Brasil oferece vantagens como exposição a uma moeda forte, proteção contra desvalorização do real em crises, maior diversificação geográfica e acesso a uma ampla gama de produtos financeiros de regiões diferentes.
O acesso a opções de investimento em dólar pode ser feito por meio de custódia nacional ou por meio de uma conta de investimento custodiada no exterior. Em relação às alternativas de investimento em dólar por meio de uma conta no Brasil, a principal vantagem é a facilidade – já que não seria necessária a abertura de um novo cadastro –, porém, em algumas situações, a vantagem de ter os recursos em outra jurisdição pode ser interessante em um escopo de planejamento patrimonial.
Entre as opções de investimento pelo Brasil, temos os fundos cambiais, por meio dos quais o investidor tem acesso direto à flutuação cambial, aproveitando a simplicidade de investir nesse tipo de produto. No entanto, a desvantagem dessa opção é que o investidor não tem exposição a ativos que gerem fluxo de caixa (tais como ações, títulos do tesouro americano e/ou títulos corporativos emitidos em dólar).
Outra opção que mantém a simplicidade e agrega o serviço de uma gestão profissional é a de fundos de investimento que tenham exposição a ativos internacionais. O ponto de desvantagem dessa opção fica a cargo das altas taxas geralmente envolvidas nesses produtos e do fato de que, em alguns casos, a disponibilidade desses produtos está voltada a investidores qualificados.
Um ponto importante que diz respeito ao investimento em dólar através da custódia internacional: após a aprovação da Lei 14.754/2023, que tratou sobre a tributação de investimentos no exterior, houve um aprimoramento das regras e procedimentos fiscais que facilitou consideravelmente o aspecto tributário para a pessoa física efetuar suas aplicações internacionais. Ademais, ao longo dos últimos anos, surgiram diversas plataformas de investimento voltadas para brasileiros que desejam acessar as opções de investimento no exterior.
Portanto, o acesso direto a ativos em dólar e com custódia internacional é uma possibilidade inerente a todos os investidores brasileiros. Nesse aspecto, um produto bastante interessante para investimento no exterior são os ETFs, que são fundos de investimento negociados em Bolsa, de baixíssimo custo e que, geralmente, acompanham uma exposição a um índice de referência (seja ele de renda fixa ou renda variável).
Essa é uma excelente opção para estruturar uma carteira diversificada em diversas alternativas de investimento, já que, nos EUA, os ETFs são o tipo de investimento que mais cresce e que tomou o topo das formas de alocação do investidor estrangeiro. É recomendável fazer uma divisão nas alocações (independentemente de ser no exterior ou no Brasil) entre as seguintes classes de ativos: renda fixa curta duração; renda fixa média/longa duração; renda variável e alternativos. Por meio de ETFs, é possível acessar todas essas opções de classes de ativos.
Outro ponto a ser considerado nessas alocações é o caso de ETFs negociados em Bolsas internacionais, mas cuja custódia se dá em países europeus, especificamente na Irlanda e em Luxemburgo, os chamados ETFs UCITS (Undertakings for Collective Investment in Transferable Securities). Por meio desse tipo de ETF, o investidor pode ter acesso a ativos de acumulação. Dessa forma, os rendimentos e proventos recebidos pelos ativos são reinvestidos no próprio produto, permitindo o diferimento fiscal para investidores pessoa física.
Por fim, uma questão importante que o investidor deve levar em consideração são os riscos inerentes às alocações no exterior, tanto em relação aos tipos de produtos quanto ao risco cambial, o risco do custodiante (a depender da instituição financeira), o risco de mercado (tanto em bolsa, quanto do movimento da curva de juros), etc. Ademais, as questões tributárias e sucessórias não podem ser descartadas, pois há regras específicas e produtos com características distintas, a depender da jurisdição. Nesse sentido, é importante reforçar o ponto da importância da assessoria do investidor por um gestor de patrimônio profissional que o auxilie a aproveitar as oportunidades no exterior, mas que tenha experiência em navegar em tais oceanos.
Alexandre Brito é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pela Planejar - Associação Brasileira de Planejamento Financeiro. E-mail: [email protected]
As respostas refletem as opiniões do autor, e não do site de Época Negócios ou da Planejar. O site e a Planejar não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.