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escritório (Foto: Pexels)

 (Foto: Pexels)

Desde que a pandemia mandou trabalhadores para casa no ano passado, uma série de modificações foram feitas nos prédios comerciais para evitar a propagação do novo coronavírus. Agora, enquanto as empresas em alguns países se preparam para receber os funcionários de volta, os especialistas dizem que mais mudanças estão a caminho.

Segundo o jornal americano The New York Times, os escritórios terão espaços de reunião ampliados e menos estações de trabalho pessoais, alterações impulsionadas pelo sucesso do home office. Esses novos arranjos significam que as companhias podem precisar de imóveis menores, e algumas até já reduziram suas necessidades imobiliárias, de acordo com uma pesquisa da consultoria PwC.

Nos Estados Unidos, a Target informou este mês que estava desistindo de escritórios no centro de Minneapolis e, em setembro, a varejista de artigos esportivos REI vendeu sua sede recém-construída em Washington.

“Estamos realmente em um ponto de inflexão”, disse Meena Krenek, diretora de design de interiores da Perkins + Will, empresa de arquitetura que está reformando escritórios, inclusive os seus, para novos modos de trabalho.

Na primavera passada (no hemisfério Norte; outono, no Brasil), enquanto os lockdowns estavam em vigor, os proprietários e inquilinos se prepararam para o que achavam que seria um retorno ao escritório no verão e no outono. As mesas foram afastadas cerca de dois metros e barreiras de acrílico foram instaladas entre elas. Setas de mão única foram estampadas no chão do corredor, cadeiras foram removidas das salas de conferência e um planejamento elaborado determinou como e quando as equipes retornariam para evitar a superlotação.

Mas a situação não permitiu a volta e muitos trabalhadores tiveram de ficar em casa - à medida que a pandemia se arrastava e as pessoas se habituavam ao Zoom, elas descobriram que era possível serem produtivas mesmo estando no sofá da sala ou em cadeiras no quintal.

Agora, enquanto os diretores de empresas estão planejando novamente um retorno aos escritórios, não apenas as medidas de segurança, mas também as novas disposições de trabalho estão impulsionando as discussões sobre os espaços corporativos no pós-pandemia.

Pelos dados de estudo realizado pela KayoCloud, plataforma de tecnologia imobiliária, mais de 80% das organizações estão adotando um modelo híbrido, no qual os funcionários exercem suas atividades presencialmente três dias por semana.

O The New York Times aponta que os locais de trabalho estão sendo reinventados para atividades que se beneficiam da interação face a face, incluindo colaboração em projetos e treinamento de times, como forma de promover a cultura e a identidade de uma empresa.

Diante disso, as áreas comuns serão aumentadas e equipadas com móveis que podem ser movidos conforme as necessidades. Além disso, à medida que a quantidade de espaço dedicado à reunião se expande, o destino da área pessoal de cada um está em jogo, afinal, não fará tanto sentido mantê-la se o colaborador irá para o escritório apenas por dois ou três dias na semana. 

“Um ano atrás, se eu tivesse entrevistado pessoas, elas teriam dito que definitivamente precisam de três arquivos e uma estante”, disse Andrea Vanecko, diretora do escritório de arquitetura NBBJ. “Agora, há uma resposta muito diferente.”

Em alguns casos, as mesas pessoais estão sendo substituídas por estações de trabalho de “hotelaria”, também chamadas de hot desks, que podem ser utilizadas por quem precisa de uma vaga por um dia.

Em relação aos protocolos de segurança, limpar tampos de mesa antes e depois do uso se tornou obrigatório, assim como reservar uma mesa com antecedência. 

No caso das salas de reniões, elas também estão sendo remodeladas. Com a nova forma de trabalhar provocada pela pandemia, uma tela grande na parede pode ser usada para apresentações ou para que um executivo que esteja em outro local faça uma aparição remota.

Home office permanente

Um ponto que vem levantando algumas questões é que alguns funcionários estão mudando permanentemente para o home office. Nesse caso, como dar a eles a mesma capacidade de participar que aqueles que estão fisicamente presentes? De acordo com o The New York Times, há discussões iniciais sobre o uso de inteligência artificial para organizar representações holográficas de funcionários que estão fora.

Trabalho, máscara, escritório, carreira (Foto: martin-dm via Getty Images)

As áreas pessoais de trabalho correm o risco de serem substuídas no modelo de trabalho híbrido (Foto: martin-dm via Getty Images)

Em relação aos equipamentos, dispositivos que combinam câmeras de 360 ​​graus, microfones e alto-falantes estão sendo colocados em uma mesa ou tripé para melhorar o som e a visibilidade. No futuro, essas tecnologias provavelmente serão incorporadas às salas de reunião e o número de telas aumentará.

Da mesma forma, cabines telefônicas - pods do tamanho de armários implantados em escritórios de plano aberto para dar aos trabalhadores um lugar para fazer chamadas privadas - podem dar lugar a cabines de videoconferência, que alguns fabricantes introduziram com telas embutidas.

As telas são destinadas a ficarem próximas ao café, por exemplo, para permitir que as pessoas no local se encontrem virtualmente com os colegas que estão em casa. Além disso, os quadros brancos digitais provavelmente se tornarão mais populares, para que os funcionários em home office vejam o que está sendo escrito em tempo real.

Em relação às modificações feitas logo no início da pandemia, como as marcações no chão indicando o espaçamento necessário, Natalie Engels, diretora da Gensler, empresa de arquitetura, apontou que elas devem ser usadas ​​“apenas até as pessoas se habituarem”.

Outros elementos, como botões de elevadores de "autolimpeza" e tecnologias de eliminação de vírus, como ionização e luz ultravioleta, deverão ser removidos.

Porém, mover-se por um prédio de escritórios provavelmente será uma experiência sem usar as mãos, auxiliada por aplicativos móveis, sensores e controles de voz, mesmo depois que a relutância em tocar as superfícies diminuir.

Sensores permitirão que os funcionários passem pelas catracas e "chamem" o elevador com um aceno de mão. Botões nas paredes externas dos banheiros podem ser pressionados com o cotovelo, evitando a necessidade de tocar nas maçanetas das portas. Algumas empresas estão adicionando abridores de portas acionados pelo pé.

O coronavírus também chamou a atenção para a qualidade do ar de uma forma que pode ser duradoura. Os espaços ao ar livre - rooftops, terraços e pátios - eram populares antes da pandemia e tornaram-se ainda mais à medida que o ar fresco deixou de ser um diferencial para se tornar uma necessidade.

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