Chamamos de Baixo Imp�rio o per�odo final do
Imp�rio Romano do Ocidente, caracterizado por sua decad�ncia e queda, em 453, em meio �s invas�es dos povos germ�nicos. A origem mais remota dessa crise est� diretamente ligada � combina��o entre a estrutura econ�mica do Imp�rio e sua incapacidade de dar seq��ncia � saga de conquistas, �nica forma capaz de manter os dom�nios de Roma.
Fronteiras naturais
Roma expandiu-se, ao longo da Rep�blica e in�cio do Imp�rio, at� onde as fronteiras naturais fossem capazes de resguardar seus dom�nios. Ao sul, a fronteira natural era o Saara, impossibilitando invas�es advindas do centro e do sul da �frica. A oeste, o Imp�rio estendia-se at� o Atl�ntico, garantindo sua fronteira ocidental com o dom�nio da Bretanha. A fronteira oriental do Imp�rio era garantida pelo deserto da Ar�bia, o C�ucaso, o mar Negro e as montanhas do planalto iraniano. Ao norte, os rios Reno e Dan�bio eram os principais componentes do
limes.
Assim, conforme vimos, o Alto Imp�rio buscou apenas consolidar os dom�nios romanos. Mesmo as conquistas da D�cia e da Mesopot�mia obedeceram ao crit�rio do guarnecimento em fronteiras naturais. No caso da primeira, ela levava o Imp�rio at� os montes C�rpatos. A segunda, apenas estendia seus dom�nios por um vale imensamente f�rtil, mas facilmente defens�vel pela presen�a dos rios Tigre e Eufrates e pelo car�ter montanhoso e des�rtico de seu entorno.
Dessa forma, percebemos que as conquistas romanas cessaram pela total inexist�ncia de �reas a conquistar. Ao norte do Imp�rio, por exemplo, al�m do Reno e do Dan�bio, estendia-se uma vasta plan�cie que, praticamente sem interrup��es, seguia at� os montes Urais, criando uma regi�o gigantesca e imposs�vel de ser defendida.
Conseq��ncias do fim das conquistas
Embora fundamental de imediato para consolidar o dom�nio romano, o fim das conquistas trouxe consigo efeitos que, a longo prazo, se revelariam desastrosos para as estruturas do Imp�rio.
Em primeiro lugar, o �mpeto de conquistas havia gerado a forma��o de um gigantesco e dispendioso ex�rcito, que s� poderia ser mantido se Roma fosse capaz de garantir a manuten��o do fluxo de riquezas obtido com as guerras e vit�rias. Assim, a estabilidade das fronteiras tornou-se fr�gil diante das dificuldades de se garantir o abastecimento de todo o ex�rcito.
Al�m disso, o fim das conquistas trouxe um efeito sobre a estrutura de m�o-de-obra do Imp�rio. Conforme vimos anteriormente, grande parte da economia romana assentava-se sobre a m�o-de-obra escrava, cuja fonte de abastecimento mais forte era o afluxo de prisioneiros de guerra estrangeiros. As p�ssimas condi��es de vida, o alto �ndice de mortalidade, a baixa expectativa m�dia de vida, al�m do pequeno �ndice de natalidade dos escravos, pelo fato de que o n�mero de mulheres escravas era sempre mais baixo, geravam um crescimento vegetativo negativo.
A esse dado some-se o efeito da prega��o crist�, que, ao defender a igualdade e negar a escravid�o, servia de est�mulo a fugas e revoltas de escravos. A �nica forma de repor essa m�o-de-obra seria por meio das conquistas, cessadas desde o in�cio do s�culo 1.
Crise econ�mica
Assim, lentamente, o n�mero de escravos declinou ao longo do Alto Imp�rio, chegando, no s�culo 3, a uma situa��o de escassez definitiva. E o primeiro efeito da crise do escravismo foi a crise econ�mica, gerando alta de pre�os, escassez e desabastecimento das cidades.
Tal situa��o obrigava o Imp�rio a um aumento sistem�tico das importa��es de produtos agr�colas, inclusive de regi�es de fora do Imp�rio. Isso significava um aumento da sa�da de moedas do Imp�rio, agravado pelo fato de as minas de metais preciosos estarem esgotadas. Outro elemento agravante era a alta natural de pre�os gerada pela escassez. O somat�rio desses elementos gerou uma grave crise financeira que, por sua vez, provocou o decl�nio do com�rcio e de toda a atividade urbana.
Algumas medidas foram tentadas para deter a crise. Ainda no final do s�culo 3, o imperador Diocleciano decretou o Edito do M�ximo, limitando sal�rios e pre�os de uma s�rie de g�neros. Mas eram medidas meramente paliativas ante a dimens�o de uma crise que, longe de ser passageira, apresentava um car�ter estrutural.
O agravamento da crise passou, j� a partir do s�culo 4, a apresentar efeitos militares e administrativos. Ocorreu o desequil�brio entre a for�a do Ex�rcito e a massa de b�rbaros que pressionava as fronteiras do Imp�rio. Desequil�brio esse que era apenas a conseq��ncia mais vis�vel de outros importantes desequil�brios: entre as despesas do Estado e sua arrecada��o; entre a produ��o e o consumo; entre o campo e a cidade; e entre a propor��o de escravos e a de homens livres.
Toda a estrutura social, econ�mica e administrativa do Imp�rio come�ava a se desagregar. O enfraquecimento do Ex�rcito tornava o Imp�rio mais vulner�vel a revoltas de prov�ncias e de escravos, enfraquecendo-o ainda mais. Ao mesmo tempo, tornava mais desprotegida a extensa fronteira do Imp�rio. Era o princ�pio da
desintegra��o.
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