Paródia e ironia
apropriação transgressora do texto bíblico em “A paixão Segundo G.H.”, de Clarice Lispector
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v18i3.34315Palavras-chave:
Literatura Brasileira, Clarice Lispector, A Paixão segundo G.H. , Paródia, IroniaResumo
É senso comum a identificação dos teóricos, que se dedicam ao estudo da obra de Clarice Lispector, em especial com relação à presença de algumas religiões ocidentais e orientais em A paixão Segundo G.H. No entanto, este artigo propõe identificar, particularmente, a apropriação do texto bíblico nessa obra em específico, bem como a forma transgressora, com raras exceções, em que a narradora personagem do romance utiliza desse texto religioso, sem pudor em subvertê-lo por meio da paródia e da ironia. Com isso, a metodologia é qualitativa e pauta-se na utilização de textos teóricos e críticos visando o método de coleta de dados do material selecionado para realização da análise textual. Assim sendo, intenta-se identificar trechos bíblicos mais relevantes aplicados à tessitura do texto e, além disso, abordar em como a paródia e ironia o compõe e como Lispector constrói sua personagem protagonista G.H. e a narrativa literária. Ademais, Lispector explora, nesse romance, dimensões imaginárias e subjetivas do texto bíblico e, sobretudo, fornece o lugar de sujeito à linguagem que cria em torno de si mesmo um labirinto cujo destino final se encontra em seu âmago, seu interior. Para tanto, utilizam-se como autores: Antonio Candido (2009), Benedito Nunes (1969; 1973; 1995), Maria José Barbosa (2001), Rodrigo Guimarães (2010), Linda Hutcheon (1985; 2000), dentre outros. A narrativa se espraia, inicialmente, em torno do ritual de arrumação que a personagem realiza em seu apartamento e, contudo, percebe-se neste a metáfora da peregrinação e ascensão de ordem introspectiva. Portanto, no quarto da empregada, primeiro cômodo a ser organizado, G.H. defronta-se com uma barata, animal ancestral que conecta e instaura um ponto iniciático para uma longa etapa de reflexão e fluxo de consciência da protagonista, pois é o início de um novo tempo, ciclo de descobertas diante do mundo e, sobretudo dentro de si mesma.
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Referências
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