Papers by Stefania Capone
Between ubuntu and milonga: the Bantu legacy in Brazil – Contemporary Capoeira (capoeirahistory.com), 2024
Oro, Ari P. (éd.), Fluxos religiosos transacionais, Brasília: ABA Publicações, pp. 74-93. Associação Brasileira de Antropologia - ABA (abant.org.br), 2024
Em um ensaio provocativo, Lorand Matory (2009: 240) perguntava como seria uma teoria do transnaci... more Em um ensaio provocativo, Lorand Matory (2009: 240) perguntava como seria uma teoria do transnacionalismo e da globalização se fosse inspirada na "possessão espiritual e no politeísmo" em vez de nas "ontologias e escatologias das religiões abraâmicas". Antropóloga consagrada desde o início da década de 1980 ao estudo das então chamadas religiões afro-americanas, 2 há muito tempo tenho me interessado por sua transnacionalização em um espaço de circulação que inclui três continentes: África, Américas e Europa. Essa difusão evoca o espaço do comércio triangular que marcou o nascimento do "Mundo Atlântico", uma noção central na historiografia contemporânea a partir da qual surgiram outras metáforas poderosas, como o "Atlântico negro", teorizado por Gilroy (1993) como uma formação intercultural e transnacional, um espaço de interação que possibilitou a formação das culturas e religiões afro-atlânticas. Essa ideia de um espaço comum-geográfico, cultural e comercial-é o produto de uma mudança de perspectiva que transformou profundamente a disciplina antropológica. Desde pelo menos a década de 1960, uma nova abordagem tem desafiado a ideia de isolados "primitivos", substituindo-a por uma abordagem dinâmica na qual são enfatizados os vínculos e as trocas entre diferentes culturas e sociedades. Os historiadores têm amplamente demonstrado a importância desses campos translocais. Curtin e alii (1978) falam de um "sistema do Atlântico Sul", noção desenvolvida por Alencastro
Cet article vise à analyser les subjectivités, en même temps agentives et agies, produites par le... more Cet article vise à analyser les subjectivités, en même temps agentives et agies, produites par les rituels d’initiation des religions afro-atlantiques dans un contexte transnational. Comme dans la santería cubaine ou dans le culte traditionnel yoruba (esin ibilé), les rituels d’initiation du candomblé brésilien produisent de nouveaux sujets qui peuvent être agis – grâce à la transe de possession – par des dieux, des esprits ou des morts, selon la modalité de culte prise en considération. Il s’agira de réfléchir à la place de l’altérité dans les processus de subjectivation, en comparant deux cas emblématiques de la complexité des mondes afro-atlantiques : le culte d’Ifá et le candomblé.Este artigo visa analisar as subjetividades, ao mesmo tempo “agentivas” et “agidas”, produzidas pelos rituais de iniciação das religiões afro-atlânticas em um contexto transnacional. Como na santería cubana ou no culto tradicional yoruba (esin ibile), os rituais de iniciação do candomblé brasileiro pro...
La globalización, en sus formas contemporáneas, tiene un impacto sin precedentes en el desplazami... more La globalización, en sus formas contemporáneas, tiene un impacto sin precedentes en el desplazamiento de prácticas religiosas que antes estuvieron profundamente ancladas en tradiciones, territorios y grupos sociales específicos, sobre todo etnonacionales. Esla obra examina los procesos de transnacionalización de diferentes religiones que recorren en sentido contrario las rutas y los intercambios entre África, Europa y América. Las etnografías contenidas en este volumen describen tradiciones religiosas que viajan en el equipaje de los migrantes para refundar comunidades diaspóricas; religiones afroamericanas que debido a su fama internacional ampliaron y transnacionalizaron su red de parentesco ritual dando paso a la iniciación de nuevos adeptos; misiones cristianas que emprenden la reconquista del viejo continente; circulación de ritos y símbolos en circuitos mercantiles globales que ofrecen segmentos de las tradiciones religiosas reconvertidas en mercancías artísticas, terapéuticas, mágicas y turísticas; y finalmente, fronteras que atravesaron y con ellas transnacionalizaron prácticas religiosas étnicas y nacionales. Todas estas dinámicas de movilización transnacional son objeto de estudios a partir de los cuales analizamos nuevas formas de crear redes, circuitos y liderazgos; pero también nuevos impulsos para fundar naciones imaginadas que atraviesan y trascienden los Estados-nación modernos
Cet ouvrage réunit des enquêtes ethnographiques récentes portant sur les enjeux des mouvements de... more Cet ouvrage réunit des enquêtes ethnographiques récentes portant sur les enjeux des mouvements de transnationalisation religieuse issus des pays du Sud. Il privilégie un triple ancrage, épousant les relations historiques d'échange triangulaire entre l'Afrique, les Amériques, et l'Europe qui ont engendré ces constructions transnationales que sont les christianités africaines, les religions afro-américaines et les nouvelles spiritualités amérindiennes, et qui investissent aujourd'hui les pays du Nord.
Archives de sciences sociales des religions, 2007
Vivência: Revista de Antropologia, 2020
Este artigo propõe uma reflexão sobre o processo de patrimonialização das religiões afro-brasilei... more Este artigo propõe uma reflexão sobre o processo de patrimonialização das religiões afro-brasileiras, com foco especial no candomblé. Desde pelo menos a década de 1950, essa religião, quando entendida como um dos elementos que compõem a cultura popular, sobretudo os vinculados aos afrodescendentes, tem sido valorizada na construção de uma ideia de nação brasileira. No entanto, tal valorização não ocorre sem conflitos e negociações, evidenciados no tombamento de alguns terreiros de candomblé pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Dentre os poucos terreiros alçados a patrimônio nacional, os de matriz jeje-nagô são predominantes. Associações de adeptos de candomblé que reivindicam uma herança cultural banta questionam essa hegemonia. Para tanto, esforçam-se em cravar à sua representação uma raiz africana “autêntica”, lançando-se na busca de uma África banta, ou tentam fazer da “mistura” sua marca distintiva
Aux Etats-Unis, les cultes d'origine africaine connaissent de nos jours un essor formidable. ... more Aux Etats-Unis, les cultes d'origine africaine connaissent de nos jours un essor formidable. A la santeria, arrivee avec les Cubains dans les annees 60 et 70, et a l'espiritismo portoricain, s'ajoutent a present la « religion traditionnelle yoruba » (ou anago) et l'orisha-voodoo. La confrontation entre differentes versions de la tradition africaine, et les enjeux politiques qui les sous-tendent, trouvent dans le Net un espace privilegie ou se dessinent les changements futurs dans l'univers des religions afro-americaines. Les nouvelles technologies semblent etre ainsi un outil en plus dans la construction d'une nouvelle communaute de croyants.
Lusotopie XX (1-2) | 2021 Pluralités religieuses et subjectivation dans les sociétés lusophones , 2021
This article aims to analyze the subjectivities –at the same time “agentive” and “enacted”– pro... more This article aims to analyze the subjectivities –at the same time “agentive” and “enacted”– produced by the initiation rites of Afro-Atlantic religions in a transnational context. As in the Cuban Santeria or in the traditional Yoruba religion (Esin Ibilé), the initiation rituals of Brazilian candomblé produce new subjects that can be “acted through” by gods, spirits or the dead, depending on the mode of worship taken into account. The article aims to reflect on the place of alterity in the processes of subjectivation, contrasting two emblematic cases of the complexity of Afro-Atlantic worlds: the cult of Ifá and the Candomblé.
La reproduction ou représentation de cet article, notamment par photocopie, n'est autorisée que d... more La reproduction ou représentation de cet article, notamment par photocopie, n'est autorisée que dans les limites des conditions générales d'utilisation du site ou, le cas échéant, des conditions générales de la licence souscrite par votre établissement. Toute autre reproduction ou représentation, en tout ou partie, sous quelque forme et de quelque manière que ce soit, est interdite sauf accord préalable et écrit de l'éditeur, en dehors des cas prévus par la législation en vigueur en France. Il est précisé que son stockage dans une base de données est également interdit. Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) © Éditions de l'EHESS | Téléchargé le 18/12/2020 sur www.cairn.info (IP: 90.108.195.183) © Éditions de l'EHESS | Téléchargé le 18/12/2020 sur www.cairn.info (IP: 90.108.195.183)
RESUMO Este artigo propõe uma reflexão sobre o processo de patrimonialização das re-ligiões afro-... more RESUMO Este artigo propõe uma reflexão sobre o processo de patrimonialização das re-ligiões afro-brasileiras, com foco especial no candomblé. Desde pelo menos a década de 1950, essa religião, quando entendida como um dos elementos que compõem a cultura popular, sobretudo os vinculados aos afrodescendentes, tem sido valorizada na construção de uma ideia de nação brasileira. No en-tanto, tal valorização não ocorre sem conflitos e negociações, evidenciados no tombamento de alguns terreiros de candomblé pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Dentre os poucos terreiros alçados a patrimônio nacional, os de matriz jeje-nagô são predominantes. Associações de adeptos de candomblé que reivindicam uma herança cultural banta ques-tionam essa hegemonia. Para ABSTRACT This article aims to analyze the process of heritagization of the Afro-Brazilian religions, focusing mainly in Candomblé. Since the 1950's, this religion, considered as one of the elements composing the popular culture, especially the ones linked to the Afro-descendants, has been included in the construction of the Brazilian nation. However, such inclusion does not take place without conflicts and compromises that can be seen clearly in the selection of some Candomblé terreiros (cult houses) by the National Institute for Historic and Artistic Herita-n. 55 | 2020 | p. 18-35 Dossiê | Dossier
Transcultural Dialogues, 2019
Civilisations, 2018
2018- A l'écoute des transnationalisations religieuses
Bien avant le tournant transnational dan... more 2018- A l'écoute des transnationalisations religieuses
Bien avant le tournant transnational dans les études migratoires et religieuses, les pratiques spirituelles se sont toujours diffusées du fait de la circulation des personnes et des objets, mais aussi des musiques qui accompagnent les rituels. La musique a en effet, au cours de l'histoire, joué un rôle central dans la diffusion et l'implantation locale des « religions universelles », telles que l'islam ou le christianisme. Mais elle a aussi contribué à la migration des « religions ethniques », comme les religions d'inspiration africaine dans les Amériques (candomblé, batuque et umbanda brésiliens ou vodou haïtien, entre autres). Issues des premières phases de globalisation culturelle, entraînées par la colonisation, ces religions sont le produit des rencontres entre différentes cultures, dans un univers-l'univers afro-américain-qui, depuis le début, s'est structuré selon une logique « transnationale », et pas simplement par le déplacement forcé des esclaves africains (Capone 2004 : 14-16). Si les interprétations classiques opposent les religions « universelles » à vocation transnationale aux religions du lignage ou « ethniques », dont l'ancrage territorial serait primordial, nous sommes aujourd'hui confrontés à des flux transnationaux qui font des religions « ethniques » des ressources identitaires disponibles au-delà des frontières du groupe d'origine, modifiant en profondeur les paysages religieux des pays d'accueil (Bava & Capone 2010). La « nature transnationale » de l'Eglise catholique, des Eglises évangéliques ou pentecôtistes, et de bien d'autres pratiques religieuses aujourd'hui, aide ainsi les immigrés à retrouver une continuité entre différents territoires, en renouant dans la société d'accueil avec des rituels familiers, des organisations et des réseaux religieux déjà connus dans leur terre d'origine. La musique joue, en cela, un rôle fondamental, permettant aussi d'activer les affects dans la « mise en scène » des appartenances religieuses (Salzbrunn 2017). Approches transnationales des pratiques religieuses Dès le début des années 1990, l'approche transnationale des phénomènes religieux a apporté une nouvelle compréhension des religions « en migration ». Dans un autre travail (Capone 2010), nous avons montré comment, dans le domaine des études des migrations internationales, se sont développés les cadres théoriques qui ont permis le passage d'une approche assimilationniste des flux migratoires à une approche mettant en lumière les processus transnationaux.
« Divine children: the Ibejis and the Erês in Brazilian Candomblé », in Peek, Philip (ed.), Twins... more « Divine children: the Ibejis and the Erês in Brazilian Candomblé », in Peek, Philip (ed.), Twins in African Cultures and the Diaspora: Double Trouble or Twice Blessed, Bloomington: Indiana University Press, 2011, pp. 290-305.
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Papers by Stefania Capone
Bien avant le tournant transnational dans les études migratoires et religieuses, les pratiques spirituelles se sont toujours diffusées du fait de la circulation des personnes et des objets, mais aussi des musiques qui accompagnent les rituels. La musique a en effet, au cours de l'histoire, joué un rôle central dans la diffusion et l'implantation locale des « religions universelles », telles que l'islam ou le christianisme. Mais elle a aussi contribué à la migration des « religions ethniques », comme les religions d'inspiration africaine dans les Amériques (candomblé, batuque et umbanda brésiliens ou vodou haïtien, entre autres). Issues des premières phases de globalisation culturelle, entraînées par la colonisation, ces religions sont le produit des rencontres entre différentes cultures, dans un univers-l'univers afro-américain-qui, depuis le début, s'est structuré selon une logique « transnationale », et pas simplement par le déplacement forcé des esclaves africains (Capone 2004 : 14-16). Si les interprétations classiques opposent les religions « universelles » à vocation transnationale aux religions du lignage ou « ethniques », dont l'ancrage territorial serait primordial, nous sommes aujourd'hui confrontés à des flux transnationaux qui font des religions « ethniques » des ressources identitaires disponibles au-delà des frontières du groupe d'origine, modifiant en profondeur les paysages religieux des pays d'accueil (Bava & Capone 2010). La « nature transnationale » de l'Eglise catholique, des Eglises évangéliques ou pentecôtistes, et de bien d'autres pratiques religieuses aujourd'hui, aide ainsi les immigrés à retrouver une continuité entre différents territoires, en renouant dans la société d'accueil avec des rituels familiers, des organisations et des réseaux religieux déjà connus dans leur terre d'origine. La musique joue, en cela, un rôle fondamental, permettant aussi d'activer les affects dans la « mise en scène » des appartenances religieuses (Salzbrunn 2017). Approches transnationales des pratiques religieuses Dès le début des années 1990, l'approche transnationale des phénomènes religieux a apporté une nouvelle compréhension des religions « en migration ». Dans un autre travail (Capone 2010), nous avons montré comment, dans le domaine des études des migrations internationales, se sont développés les cadres théoriques qui ont permis le passage d'une approche assimilationniste des flux migratoires à une approche mettant en lumière les processus transnationaux.
Bien avant le tournant transnational dans les études migratoires et religieuses, les pratiques spirituelles se sont toujours diffusées du fait de la circulation des personnes et des objets, mais aussi des musiques qui accompagnent les rituels. La musique a en effet, au cours de l'histoire, joué un rôle central dans la diffusion et l'implantation locale des « religions universelles », telles que l'islam ou le christianisme. Mais elle a aussi contribué à la migration des « religions ethniques », comme les religions d'inspiration africaine dans les Amériques (candomblé, batuque et umbanda brésiliens ou vodou haïtien, entre autres). Issues des premières phases de globalisation culturelle, entraînées par la colonisation, ces religions sont le produit des rencontres entre différentes cultures, dans un univers-l'univers afro-américain-qui, depuis le début, s'est structuré selon une logique « transnationale », et pas simplement par le déplacement forcé des esclaves africains (Capone 2004 : 14-16). Si les interprétations classiques opposent les religions « universelles » à vocation transnationale aux religions du lignage ou « ethniques », dont l'ancrage territorial serait primordial, nous sommes aujourd'hui confrontés à des flux transnationaux qui font des religions « ethniques » des ressources identitaires disponibles au-delà des frontières du groupe d'origine, modifiant en profondeur les paysages religieux des pays d'accueil (Bava & Capone 2010). La « nature transnationale » de l'Eglise catholique, des Eglises évangéliques ou pentecôtistes, et de bien d'autres pratiques religieuses aujourd'hui, aide ainsi les immigrés à retrouver une continuité entre différents territoires, en renouant dans la société d'accueil avec des rituels familiers, des organisations et des réseaux religieux déjà connus dans leur terre d'origine. La musique joue, en cela, un rôle fondamental, permettant aussi d'activer les affects dans la « mise en scène » des appartenances religieuses (Salzbrunn 2017). Approches transnationales des pratiques religieuses Dès le début des années 1990, l'approche transnationale des phénomènes religieux a apporté une nouvelle compréhension des religions « en migration ». Dans un autre travail (Capone 2010), nous avons montré comment, dans le domaine des études des migrations internationales, se sont développés les cadres théoriques qui ont permis le passage d'une approche assimilationniste des flux migratoires à une approche mettant en lumière les processus transnationaux.
place de plus en plus importante dans la liste des
patrimoines culturels de l’État brésilien. L’inclusion
des manifestations culturelles des descendants
d’Africains au Brésil a été encouragée par le décret
n° 3.551 du 4 août 2000 qui établissait un registre
des biens immatériels. Ce décret précédait de trois
ans la Convention pour la sauvegarde du patrimoine
culturel immatériel de l’Unesco, datée du 17 octobre
2003. Il est le fruit d’un long chemin qui débuta
dans les années 1930 avec la création des premières
politiques publiques en faveur du patrimoine national
brésilien. De la mise en valeur d’un passé colonial,
symbolisé par le baroque et ses églises revêtues d’or,
on en viendra graduellement à inclure les « biens
culturels » des groupes minoritaires dans les listes
de l’Institut du patrimoine historique et artistique
national (IPHAN) 1. Ce volume propose une analyse
des processus qui ont mené à la reconnaissance en
tant que patrimoine culturel brésilien de pratiques
culturelles afro-brésiliennes qui ont longtemps été
réprimées et discriminées. Pour cela, il est important
d’appréhender les changements dans les politiques
publiques qui sous-tendent aujourd’hui la formation
d’un patrimoine afro-brésilien.
de las grandes religiones impulsadas por los Estados nación imperialistas, el proceso de transnacionalización que ahora observamos es al revés: de sur a norte, de oriente a occidente, de las periferias hacia los centros metropolitanos, de las culturassubalternas1 a las religiones hegemónicas. Esos desplazamientos operan mediante redes transnacionales policentradas y no derivan necesariamente de las estrategias de las grandes instituciones. Por último, se realizan en forma cada vez más intensa de un “sur” al otro, una periferia a la otra o una cultura subalterna a otra. Aunque no siempre sean evidentes, ya que a veces se trata de grupos pequeños, no por ello dejan de constituir una filigranafina pero a la vez densa que redibuja una nueva geografía espiritual del mundo.
américaine.
Le Brésil constitue un cas exemplaire de la complexité du dispositif patrimonial, qui inclut différents niveaux de patrimonialisation (municipalités, États, Gouvernement fédéral, instances internationales). Dans le cas du patrimoine culturel afro-brésilien, les deux modalités de sauvegarde – biens matériels et immatériels – s’articulent, montrant souvent les limites et les tensions inhérentes aux processus de patrimonialisation, directement influencés par les politiques raciales en vigueur.
Ce numéro veut être une première contribution à une anthropologie globale des phénomènes patrimoniaux, dans laquelle on pourrait appréhender les variations du dispositif patrimonial et ses écarts du modèle occidental. Dans le cas brésilien, ce patrimoine « afro-brésilien » n’est plus simplement lié à l’État-nation, mais est aussi mis à la disposition d’un public international afro-descendant qui épouse les contours de ce qu’on appelle aujourd’hui l’Atlantique noir. Il s’agit donc d’un patrimoine « global » qui dépasse les limites nationales, tout en propageant souvent ses propres « narrations nationales », issues des processus historiques qui ont fondé le Monde Atlantique.