A Agência Nacional de Vigilância Sanitária proibiu a manipulação, propaganda e o uso de implantes hormonais na última sexta-feira, mas empresas e clínicas seguem com a venda de cursos voltados a médicos especialistas na internet e redes Sociais. A Elmeco, empresa baiana referência em implantes hormonais, mantém ativo anúncio de cursos. O Instagram com 26 mil seguidores tem chamada para curso em São Paulo com datas de 8 e 9 novembro. A CBN entrou em contato com a empresa, mas não obteve resposta sobre a manutenção dos anúncios de cursos. Ao proibir os produtos conhecidos por chips da beleza, vendidos por farmácias de manipulação, a Anvisa está preocupada com a falta de garantia da qualidade, eficácia e segurança do tratamento. O vice-presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, Sergio Podgaec, diz que havia uma venda indiscriminada dos implantes nas farmácias de manipulação. Segundo ele, não há estudos científicos que comprovem a eficácia do tratamento. Implantes eles não têm bula. A gente não sabe quantas pacientes têm efeitos colaterais, quantas se beneficiam. O grande problema desse tipo de terapêutica é realmente a falta de segurança em relação a riscos e benefícios que as mulheres estão expostas. O que não deve ser utilizado e está proibido pela Anvisa são os implantes que têm diversas substâncias, testosterona, estrogênio, progesterona. Hoje em dia se colocam coisas muito fora do senso comum, ocitocina e tudo, e esses estão proibidos de manipulação, fabricação e uso pela Anvisa, o que é um grande benefício para pacientes. Contrários à nova resolução, um grupo de médicos que trabalha com a terapia de implantes hormonais iniciou uma petição on-line para derrubar a suspensão. Dentre as principais complicações alertadas pela Anvisa estão a elevação do colesterol, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral e arritmias cardíacas. O presidente do departamento de endocrinologia do exercício e do esporte, Clayton Macedo explica que a suspensão do "Chip da Beleza" é uma resposta adequada para garantir segurança à paciente que precisa de hormônios. 'Nós não somos contra prescrição de hormônios, aliás é a nossa especialidade, mas nós queremos que esses hormônios sejam aprovados e tem um estudo de segurança, em todas as vias, em doses, em combinações. Esse é o problema de cenários de implantes manipulados. As doses não são adequadas nem bem conhecidas e os mecanismos de liberação, de velocidade de liberação, de pico, de duração, eles são desconhecidos'. As duas entidades médicas ouvidas pela CBN entendem que a venda de cursos devem ser banidas com base em resolução de 2023 da Conselho Federal de Medicina que proíbe participação de profissionais que ministram cursos que ferem a ética médica. A Anvisa informou que a regra se aplica aos produtos e as farmácias que realizam a manipulação destes produtos. Ou seja, a agência não regula a prática médica ou protocolos de intervenção médica. A reportagem entrou contato com a Elmeco e não recebeu um posicionamento sobre a venda dos cursos. Mais recente Próxima Covid: Saúde vai distribuir novas doses nesta semana para regularizar vacinação de crianças