Depois de aprovar o pacote de corte de gastos a duras penas, o Palácio do Planalto terá dificuldades na relação com o Congresso Nacional nos últimos dois anos de mandato lula 3. Com a possível eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) na Câmara e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) no Senado, a expectativa é que a dificuldade para aprovar as propostas de interesse do governo dependerá da liberação das emendas parlamentares, assim como da reforma ministerial que é esperada para o início de 2025. Fontes próximas ao presidente da Câmara, Arthur Lira, afirmam que ele vê com descontentamento a falta de harmonia da equipe de Lula, e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é quem comanda a pauta junto ao Congresso. No entanto, Haddad acaba sendo deslegitimado na Casa Civil e outras pastas que reclamam de corte. O caso mais recente é a demora para a divulgação das propostas de enxugamento de gastos, que foram desidratadas ainda antes de chegar ao Congresso Nacional. Nesse tema, ministros da área social atuaram para limitar as medidas, gerando desconfiança do Congresso e do mercado sobre a real intenção do governo em gastar menos. Em conversas com líderes da oposição, Lira tem dito que se o ministro do STF Flávio Dino continuar apertando as regras para a liberação das emendas parlamentares, o governo vai perceber a reação do Congresso e perder governabilidade. Em banho-maria segue uma proposta de emenda à Constituição do líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes, que pretende tornar as emendas impositivas. Vice-líder do União Brasil e com postura mais independente, o deputado Mendonça Filho ressalta que o respaldo da sigla é maior às pautas econômicas, mas isso está longe de apoio total. 'A gente sabe que o partido tem respaldado pautas relevantes de interesse do governo e até do país, numa proporção, eu diria, até de 60 a 70% da bancada na Câmara, mas isso não significou em momento algum uma aliança política plena do partido com relação ao governo atual do presidente Lula. Então, se há espaço para uma rediscussão, não sei.' O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, nega que o governo não tenha governabilidade. Ele admite, no entanto, que é necessário trabalhar mais para negociar as propostas e aprovar na Câmara e Senado. Segundo ele, mudanças pontuais serão feitas na Esplanada dos Ministérios, mas nega que partidos como PSD e União Brasil não tenha espaços de prestígio. 'Todos os partidos estão devidamente contemplados na esplanada dos ministérios. O partido que você citou, o PSD, por exemplo, tem três ministérios, o MDB tem três ministérios. Então, é natural que sempre tenha essa relação de freios, contrapesos, idas e vindas com o Parlamento. Essa história da governabilidade é igual aquela flor do jardim que você tem que regar todo dia para ela ser mantida. Nós vamos continuar regando, vamos continuar trabalhando para a manutenção da governabilidade.' Ainda segundo fontes próximas de Lira, além de uma reforma ministerial, o próprio presidente Lula precisa entrar em campo na articulação com os parlamentares. Mais recente Próxima Senado aprova projeto que limita aumento do salário mínimo