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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou nesta quarta-feira que o pacote de corte de gastos vai gerar uma economia de R$ 70 bilhões até 2026. Entre os principais pontos, a correção do salário mínimo vai passar a ser limitado à expansão real do arcabouço fiscal, de 2,5% em 2025. Com essa mudança, o salário mínimo, que hoje é de R$ 1.412, passa para R$ 1.515. Já o abono-salarial, que é pago para quem recebe até 2 salários, vai passar a valer para quem tem renda até R$ 2.640: 1 salário mínimo e meio. Esse benefício passaria a ser reajustado apenas pela inflação.

Ouça o discurso na íntegra:

Junto com pacote de gastos, Haddad anunciou a ampliação da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, a partir de 2026. Essa é uma das promessas de campanha de Lula. Hoje é isento de pagar o IR quem ganha até dois salários mínimos, ou seja, quem recebe até R$ 2.824. O impacto estimado pelo governo com essa medida é de R$ 50 bilhões, o que gerou forte reação do mercado. O dólar fechou a R$ 5,91: o maior valor desde maio de 2020 quando o Brasil vivia a pandemia de covid-19.

Para compensar a ampliação da isenção, Haddad disse que o governo vai propor um imposto para super-ricos, para quem ganha acima de R$ 50 mil. Hoje eles são isentos dessa cobrança.

O governo também pretende acelerar a aprovação do projeto que trata dos supersalários. Haddad disse que o governo vai "corrigir excessos" e garantir que servidores não recebam acima do teto salarial. Atualmente o limite é de pouco mais de R$ 44 mil, que é o salário dos ministros do Supremo. O ministro ainda falou em "limitar" emendas parlamentares.

Já em relação aos cortes no Ministério da Defesa, o governo vai anunciar que pretende alterar a regra de aposentadoria dos militares para estabelecer idade mínima de 55 anos. Outro ponto é acabar com o benefício pago à família de quem é expulso das Forças Armadas por mal-comportamento. Antes do anúncio, Lula se reuniu com os presidentes da Câmara e do Senado, e também com líderes, no Planalto. As medidas vão ser detalhadas pela equipe econômica na manhã desta quinta-feira.

Leia o discurso na íntegra:

“Queridos brasileiros, queridas brasileiras, boa noite. Nos últimos meses, trabalhamos intensamente para elaborar um conjunto de propostas que reafirma o nosso compromisso com um Brasil mais justo e eficiente.

Este não é um esforço isolado do governo do presidente Lula, mas uma construção conjunta que busca garantir avanços econômicos e sociais duradouros. Hoje, temos sinais claros de que estamos no caminho certo. O Brasil não apenas recuperou o tempo e o espaço perdidos, mas voltou a ocupar seu lugar de destaque no mundo, entre as dez maiores economias.

Agora, crescemos de forma consistente, com um PIB superior a 3% ao ano. O desemprego, que castigava nossa gente no período anterior, colocando milhões de famílias abaixo da linha de pobreza, hoje está entre os mais baixos da nossa história. Mais famílias estão voltando a ter renda e trabalho dignos.

Garantimos reajustes reais para o salário mínimo e aumentamos a faixa de isenção do imposto de renda para quem ganha até dois salários. Programas como Minha Casa Minha Vida e Farmácia Popular ganharam um novo impulso. E novos programas como Pé de Meia, o Desenrola e o Acredita chegaram para combater a evasão escolar, ajudar as pessoas a recuperarem o crédito e apoiar quem quer empreender.

O combate a privilégios e sonegação nos permitiu melhorar as contas públicas. Se no passado recente, a falta de justiça tributária manteve privilégios para os mais ricos, sem avanços na redistribuição de renda, agora arrecadamos de forma mais justa e eficiente. Cumprimos a lei e corrigimos distorções.

Foi assim com a tributação de fundos em paraísos fiscais e fundos exclusivos dos super-ricos. Mas sabemos que persistem grandes desafios. Diante do cenário externo, com conflitos armados e guerras comerciais, precisamos cuidar ainda mais da nossa casa.

É por isso que estamos adotando as medidas necessárias para proteger a nossa economia. Com isso, garantiremos estabilidade e eficiência. E asseguraremos que os avanços conquistados sejam protegidos e ampliados.

Já devolvemos ao trabalhador e à trabalhadora o ganho real no salário mínimo. Esse direito, esquecido pelo governo anterior, retornou com o presidente Lula. E com as novas regras propostas, o salário mínimo continuará subindo acima da inflação, de forma sustentável e dentro da nova regra fiscal.

Para garantir que as políticas públicas cheguem a quem realmente necessita, nós vamos aperfeiçoar os mecanismos de controle que foram desmontados no período anterior. Fraudes e distorções atrasam o atendimento a quem mais precisa.

Para as aposentadorias militares, nós vamos promover mais igualdade, com a instituição de uma idade mínima para a reserva e a limitação de transferência de pensões, além de outros ajustes.

São mudanças justas e necessárias para atender as famílias que mais precisam. O abono salarial será assegurado a quem ganha até R$ 2.640. Esse valor será corrigido pela inflação nos próximos anos e se tornará permanente quando corresponder a um salário mínimo e meio.

As medidas também combatem privilégios incompatíveis com o princípio da igualdade. Vamos corrigir excessos e garantir que todos os agentes públicos estejam sujeitos ao teto constitucional. Juntos com o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, aprimoramos as regras do orçamento.

O montante global das emendas parlamentares crescerá abaixo do limite das regras fiscais. Além disso, 50% das emendas das comissões do Congresso passarão a ir obrigatoriamente para a saúde pública, reforçando o SUS.

Essas medidas que mencionei vão gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos e consolidam o compromisso deste governo com a sustentabilidade fiscal do país.

Para garantir os resultados que esperamos, em caso de déficit primário, ficará proibida criação, ampliação ou prorrogação de benefícios tributários.

Combater a inflação, reduzir o custo da dívida pública e ter juros mais baixos é parte central do nosso olhar humanista sobre a economia. O Brasil de hoje não é mais o Brasil que fechava os olhos para as desigualdades e para as dificuldades da nossa gente. Quem ganha mais deve contribuir mais, permitindo que possamos investir em áreas que transformam a vida das pessoas.

Reafirmamos, portanto, nosso compromisso com as famílias brasileiras, proteger o emprego, aumentar o poder de compra e assegurar o crescimento sustentável da economia.

Exatamente por isso, anunciamos hoje também a maior reforma da renda de nossa história. Honrando os compromissos assumidos pelo presidente Lula com a aprovação da reforma da renda, uma parte importante da classe média, que ganha até R$ 5 mil por mês, não pagará mais imposto de renda.

É o Brasil justo, com menos imposto e mais dinheiro no bolso para investir no seu pequeno negócio, impulsionar o comércio do seu bairro e ajudar a sua cidade a crescer. A nova medida não trará impacto fiscal, ou seja, não aumentará os gastos do governo. Porque quem tem renda superior a R$ 50 mil por mês pagará um pouco mais.

Tudo sem excessos e respeitando padrões internacionais consagrados. Você sabe, essa medida, combinada à histórica reforma tributária, fará com que grande parte do povo brasileiro não pague nem imposto de renda, nem imposto sobre produtos da cesta básica, inclusive a carne. Corrigindo grande parte da inaceitável injustiça tributária que aprofundava a desigualdade social em nosso país.

Queridos brasileiros e brasileiras, as decisões que tomamos a partir de hoje exigem coragem, mas sabemos que são as escolhas certas, porque garantirão um Brasil mais forte, mais justo e equilibrado amanhã. Tenho fé de que seguiremos construindo um país onde todos possam prosperar pela força de seu empenho e trabalho. Saibam que o governo do presidente Lula é parceiro de cada família brasileira nessa caminhada.

Com um governo eficiente, estamos construindo um Brasil mais forte e mais justo. Muito obrigado e muito boa noite.”

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