Enquanto a maioria das pessoas vai passar a véspera de Natal celebrando com a família, amigos e curtindo a Ceia, para o Papai Noel, esse é o dia mais intenso de trabalho do ano. E eu não estou falando do Pólo Norte. Aqui no Brasil, muita gente encontra na figura do bom velhinho, uma fonte de renda.
Antônio Carlos, por exemplo, está com a agenda cheia. Ele não é um Papai Noel comum. Fluente em libras, Antônio torna o Natal acessível às crianças surdas. Nesta terça-feira, ele vai passar a tarde trabalhando em um shopping, e à noite, levará o espírito natalino a cinco lares, sempre em um esquema combinado com os adultos para surpreender as crianças.
“Elas deixam os pacotes das crianças do lado de fora do apartamento ou da residência. Deixam somente a árvore de Natal acesa e eu vou entregando, entrando com todos os presentes. Enquanto eles ficam escondidos ali, eu vou entrando e lendo os presentes. E eu escuto as crianças: Eita, o meu presente chegou! Ele chegou! E tem outras que eu vou, faço a interação de Libras com as crianças. E as crianças amam. Os pais principalmente amam.”
Há empresas especializadas em fornecer Papais Noéis. A agência Cleber Noel atende a todo o estado de São Paulo, com profissionais contratados por prefeituras, shoppings ou famílias. Neste ano, houve um aumento na procura pelo bom velhinho negro e pardo, como explica a assessora de comunicação Fabiana Carvalho.
“Nós tivemos muita procura esse ano, maior do que no ano passado e em outros anos, do Papai Noel Negro. E esse ano também o Papai Noel Pardo. É algo que nos chamou atenção nesse ano. Parece que as pessoas estão retornando a essa parte de família, mais do que de presentes em si, a parte material. Inclusive essa parte do Papai Noel Negro, Papai Noel Pardo, para realmente representar a família. Uma família igual à deles.”
Para garantir uma vaga na agenda de São Nicolau, é importante procurar com antecedência. O Papai Noel Marcelo Assis, por exemplo, já não tem mais horários desta terça até quinta, com visitas em eventos familiares e empresariais. Nos bastidores, quem coordena tudo é a Mamãe Noel Edna Rabelo, que lembra: para quem trabalha com isso, o Natal começa muito mais cedo.
“Para nós, o Natal começa bem antes. Não começa em dezembro. Você sabe que o clima de Natal acontece quando as pessoas falam diferente, se comunicam diferente, se vestem diferente, riem mais. Em dezembro isso acontece. Mas para nós não. Para nós, isso é antes. A gente começa a viver esse clima de Natal bem antes.”
Paulo Leite tem 33 anos, mas trabalha como Papai Noel há 17. Ou seja, mais da metade da vida atuando com a roupa vermelha. O amor pela data tão simbólica fazem ele amar o que faz.
“Estar ali dentro da casa da pessoa, ser bem-recebido, faz valer a pena. Ser Papai Noel não é você trocar um contrato com alguém. É você trocar carinho, olhares. É carinho mesmo. Não tem outra palavra.”
De trenó, moto ou caminhão, neste ano, como em todos os outros, Papai Noel, os ajudantes, estão prontos para levar a magia do Natal a todos os lares.