Em meio à alta do dólar e em resposta às reações negativas do mercado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que nenhum pacote de corte de gastos será suficiente porque sempre tem muita coisa pra fazer e já sinalizou que o governo vai enviar medidas adicionais no ano que vem, sem detalhas quais. Ao mesmo tempo, o governo já anunciou que envia na volta do recesso o projeto que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil. Mas Haddad garantiu que só topa votar a medida se houver a contrapartida - a taxação dos superricos. Mesmo com a desidratação dos projetos de corte de gastos, o ministro comemorou a aprovação e disse que as mudanças não impactam o resultado final. A economia que o governo previa vai cair apenas R$ 1 bi, em dois anos, segundo o ministro. Essa queda é exatamente a retirada do Fundo Constitucional do DF do pacote. Em café da manhã com jornalistas, Haddad disse que o resultado foi interessante e que se aprovou dentro das possibilidades porque estamos dentro de uma democracia. Haddad evitou comentar sobre a falta de articulação do governo. A votação dos projetos foi bem apertada e alguns líderes reclamaram que faltou empenho do ministro de Articulação, Alexandre Padilha. Haddad rebateu e disse que se não tivesse articulação, não tinha aprovado. Enquanto o dólar tem batido recordes nos últimos dias, o ministro da fazenda falou em "escorregada" da moeda e que medidas precisam ser tomadas, mas sem colocar uma meta de quanto o dólar deve ficar. Ele justificou a alta da moeda norte-americana ao vazamento antes do anúncio do pacote de corte de gastos que depois precisou ser esclarecido pelo governo. Mesmo sem citar diretamente, Haddad se referia à informação de que o governo anunciaria junto com o pacote de corte a isenção do imposto de renda pra quem ganha até R$ 5 mil, o que causou nervosismo no mercado financeiro. Para ele, houve uma má comunicação que precisa ser corrigida. Nos bastidores, se fala que o ministro da fazenda foi contra anunciar as medidas em conjunto, mas voto vencido. Nesta sexta (20), ele desviou e, em tom de brincadeira, disse que o voto é secreto. A isenção do imposto de renda seria enviada este ano, o que não aconteceu porque, segundo Haddad, a equipe identificou uma inconsistência na parte do IRPJ. O texto vai prever uma contrapartida, a taxação dos super ricos. No entanto, o Congresso não deve aprovar a medida com facilidade. O ministro disse que um acordo foi fechado entre o presidente Lula e líderes das duas casas garantindo que a isenção só passa se houver a taxação. Ele também comentou sobre a alta da taxa de juros e disse que acredita que ela terá um efeito muito rápido na economia. O BC já adiantou que deve aumentar a taxa Selic nas próximas duas reuniões, podendo ultrapassar 14%. Haddad, no entanto, negou que haverá pressão sobre o novo presidente do BC e que nunca pressionou o Banco Central. Na política, o ministro da Fazenda evitou se colocar como candidato à presidência em 2026. Ele é o nome mais ventilado dentro do governo como eventual substituto de Lula. Hoje, Haddad disse que Lula tem todas as condições para chegar competitivo nas próximas eleições e que mesmo sem ele, não se vê como candidato. Mais recente Próxima Dólar abre em queda de mais de 0,5% e é cotado a R$ 6,08