Apartamentos

Por Silviane Neno | Produção Manu Figueiredo*


Plano geral do living revela, da esq. para a dir., cadeira de madeira da década de 1970, de autoria desconhecida, sofá curvo de Giuseppe Scapinelli, banqueta Juta, de Juliana Lima Vasconcellos, mesas de centro vintage (a menor é da Móveis Artísticos Z, de Zanine Caldas), dupla de poltronas de Rino Levi e mesa de apoio Trípede, de Lucas Recchia, do Studio Cas – entre as obras de arte, figuram, da esq. para a dir., tela Sem Título (2020), de Mariana Palma, escultura pendente Disco Voador (2023), de Laura Lima, escultura dourada (sobre a mesa), da série Metaflor-Metaflora 2 (2018), de Solange Pessoa, escultura Reluctance (2020), de Graziela Guardino, e tela Arrebol (2020), de Paula Siebra — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Plano geral do living revela, da esq. para a dir., cadeira de madeira da década de 1970, de autoria desconhecida, sofá curvo de Giuseppe Scapinelli, banqueta Juta, de Juliana Lima Vasconcellos, mesas de centro vintage (a menor é da Móveis Artísticos Z, de Zanine Caldas), dupla de poltronas de Rino Levi e mesa de apoio Trípede, de Lucas Recchia, do Studio Cas – entre as obras de arte, figuram, da esq. para a dir., tela Sem Título (2020), de Mariana Palma, escultura pendente Disco Voador (2023), de Laura Lima, escultura dourada (sobre a mesa), da série Metaflor-Metaflora 2 (2018), de Solange Pessoa, escultura Reluctance (2020), de Graziela Guardino, e tela Arrebol (2020), de Paula Siebra — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto

Virgínia Weinberg, sócia da marca de skincare Olera, e os filhos foram os primeiros residentes a ocupar a torre Mata Atlântica, edifício projetado por Jean Nouvel e erguido para também abrigar parte da hospedagem cinco estrelas em São Paulo, um marco na hotelaria de luxo da capital e parte do complexo Cidade Matarazzo.

No living, Virgínia, de vestido Aya Muse, repousa na poltrona de Rino Levi (1950), revestida de tecido da Lee Jofa – na parede, à esq., escultura de acrílico e linho Reluctance (2020), de Graziela Guardino, e tela Arrebol (2020), de Paula Siebra — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
No living, Virgínia, de vestido Aya Muse, repousa na poltrona de Rino Levi (1950), revestida de tecido da Lee Jofa – na parede, à esq., escultura de acrílico e linho Reluctance (2020), de Graziela Guardino, e tela Arrebol (2020), de Paula Siebra — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Escolhemos o Sig e o Murilo porque eles representam essa brasilidade. Queria algo não caricato, que mostrasse a beleza e a criatividade do nosso país, desde o mobiliário até o artesanato
— Virgínia Weinberg

Obra de estreia do arquiteto francês no Brasil, a torre de 25 andares, com fachada tomada por uma exuberante floresta vertical, é composta por 160 suítes para hóspedes e 100 apartamentos para residentes. No 16º andar do espigão verde fica o lar de Virgínia. “Fui a primeira compradora, em 2017, porque acreditava neste projeto fantástico”, conta. Na verdade, não de uma, mas de três unidades, que juntas somam 600 m². O local seria o pied-à-terre da família, que na época vivia em Israel. “Depois de 13 anos morando entre Sydney, Hong Kong e Tel Aviv, com vindas à terra natal como destino de férias, fazia todo o sentido ter um endereço aqui com as facilidades do serviço de um hotel”, recorda.

Na sala de jantar, mesa Nina, da Vermeil, cadeiras G53, de Giuseppe Scapinelli, tudo sob lustres de Enrico Furio Dominici, no antiquário Varuzza – entre as obras de arte, da esq. para a dir., Lava III (2024), de Vivian Caccuri, esculturas douradas (sobre a mesa), da série Metaflor-Metaflora 2 (2018), de Solange Pessoa, escultura Amphora and Garden (2012), de Betty Woodman, e, em primeiro plano, escultura Angola (2016), de Sonia Gomes — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Na sala de jantar, mesa Nina, da Vermeil, cadeiras G53, de Giuseppe Scapinelli, tudo sob lustres de Enrico Furio Dominici, no antiquário Varuzza – entre as obras de arte, da esq. para a dir., Lava III (2024), de Vivian Caccuri, esculturas douradas (sobre a mesa), da série Metaflor-Metaflora 2 (2018), de Solange Pessoa, escultura Amphora and Garden (2012), de Betty Woodman, e, em primeiro plano, escultura Angola (2016), de Sonia Gomes — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Na sala de jantar, obra Sem Título (2017), de Dan Coopey, com cestos de vime e corda de náilon — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Na sala de jantar, obra Sem Título (2017), de Dan Coopey, com cestos de vime e corda de náilon — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto

Natural de Patos de Minas, MG, ela sempre se cercou da herança brasileira nas casas onde viveu, seja no acervo de arte com artistas nacionais, seja nas plantas tropicais e nos livros e objetos de proteção, como os patuás. Por isso, o primeiro pedido feito para Sig Bergamin e Murilo Lomas, arquitetos escolhidos para materializar a morada paulistana, foi um lugar cercado por referências daqui. “Escolhemos o Sig e o Murilo porque eles representam essa brasilidade. Queria algo não caricato, que mostrasse a beleza e a criatividade do nosso país, desde o mobiliário até o artesanato. E, principalmente, que tivesse cara de casa, mesmo em um hotel.”

No escritório, Virgínia, de look Dries Van Noten, posa junto à mesa U, de Jacqueline Terpins, em frente à tela Otisha, Kingston, Jamaica (2013), de Deana Lawson, xodó da moradora — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
No escritório, Virgínia, de look Dries Van Noten, posa junto à mesa U, de Jacqueline Terpins, em frente à tela Otisha, Kingston, Jamaica (2013), de Deana Lawson, xodó da moradora — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Entre a sala de jantar e o living, bancada de pedra Cristallo Venato desenhada por Sig e executada pela ADF Construtora, junto às banquetas Alba, de Jader Almeida, da Jaderalmeida — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Entre a sala de jantar e o living, bancada de pedra Cristallo Venato desenhada por Sig e executada pela ADF Construtora, junto às banquetas Alba, de Jader Almeida, da Jaderalmeida — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
No terraço, poltrona Loop, design Willy Guhl para a Eternit — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
No terraço, poltrona Loop, design Willy Guhl para a Eternit — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Foi um desafio imprimir a nossa linguagem sem competir com as linhas de Jean Nouvel
— Sig Bergamin

Foram quase três anos de obras e 32 versões de projeto até que chegassem juntos ao desenho definitivo. Uma das dificuldades era integrar as mudanças à arquitetura do Matarazzo. “Foi um desafio imprimir a nossa linguagem sem competir com as linhas de Jean Nouvel”, lembra Sig. “Fizemos alterações pontuais de portas e circulação, buscando também diferenciar a unidade das demais”, conta o autor da proposta. Dedicada, Virgínia participou de boa parte do processo. “Tiramos muito acabamento original, em comum acordo, para que o apartamento ficasse mais suave e menos over”, revela a moradora. Para o arquiteto, o conceito de brasilidade foi o fio condutor também na escolha das madeiras e da paleta de tons terrosos.

No quarto de uma das enteadas, cabeceira executada pelo tapeceiro Isaias Marcelino, roupa de cama da Trousseau, mesa lateral de caviúna e arandela no antiquário Varuzza – na parede, papel da Phillip Jeffries, na Celina Dias, e fotografia Bicicleta do Pelé 10/10 (1965), de Alberto Ferreira, autografada pelo Rei do Futebol — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
No quarto de uma das enteadas, cabeceira executada pelo tapeceiro Isaias Marcelino, roupa de cama da Trousseau, mesa lateral de caviúna e arandela no antiquário Varuzza – na parede, papel da Phillip Jeffries, na Celina Dias, e fotografia Bicicleta do Pelé 10/10 (1965), de Alberto Ferreira, autografada pelo Rei do Futebol — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Em frente ao quarto dos filhos gêmeos, esculturas Ibeji (2019), de Nádia Taquary, inspiradas nas duas divindades gêmeas e protetoras das crianças na umbanda e no candomblé — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Em frente ao quarto dos filhos gêmeos, esculturas Ibeji (2019), de Nádia Taquary, inspiradas nas duas divindades gêmeas e protetoras das crianças na umbanda e no candomblé — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
O banheiro da suíte máster é revestido com mármore Frangélico, incluindo a banheira, com extração na Bahia pela Brasigran e execução da EDM Brasil – a gamela vintage de três pés aparece também refletida no armário feito pela ADF Construtora — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
O banheiro da suíte máster é revestido com mármore Frangélico, incluindo a banheira, com extração na Bahia pela Brasigran e execução da EDM Brasil – a gamela vintage de três pés aparece também refletida no armário feito pela ADF Construtora — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto

Todo o mobiliário veio do acervo de Virgínia, guardado por anos em um depósito no Brasil. Os espaços receberam preciosidades do design moderno brasileiro, com assinaturas de Joaquim Tenreiro, Sergio Rodrigues, Zanine Caldas, Geraldo de Barros e Giuseppe Scapinelli – a exemplo das cadeiras de jacarandá e do grande sofá curvo do estar principal, que se abre para um jardim com pés de bananeira, costela-de-adão e até pau-brasil. Virgínia também desempacotou a coleção de arte conservada no mesmo lugar, com peças como as luminárias esculturais de Jorge Pardo, adquiridas em uma edição da SP-Arte, na Luciana Brito Galeria, há uns bons anos. O trio ilumina a escada em espiral, que recebeu pintura bronze do Atelier Adriana e Carlota.

Na entrada da casa, escada em espiral com pintura bronze do Atelier Adriana e Carlota e escultura Sem Título (2018), da série Raiz, de Sonia Gomes — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
Na entrada da casa, escada em espiral com pintura bronze do Atelier Adriana e Carlota e escultura Sem Título (2018), da série Raiz, de Sonia Gomes — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
O apartamento se abre para o jardim, composto por várias espécies brasileiras (entre elas, raridades como o pau-brasil) — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto
O apartamento se abre para o jardim, composto por várias espécies brasileiras (entre elas, raridades como o pau-brasil) — Foto: Ilana Bessler/Habitado Projeto

A atmosfera brasileira tão desejada pela empresária, agora, faz parte do seu cotidiano com a art de vivre que só um dos mais fervidos hotéis paulistanos pode oferecer. “Há um mês, desci pelo elevador com a Oprah Winfrey. No ano passado, com a Alicia Keys. Após um bate-papo na piscina, ela veio tomar um café na minha casa, e posso dizer que ela é maravilhosa.” Entre aquelas paredes, é como se Virgínia reconhecesse a própria terra e ganhasse um vigor extra para escrever suas próximas histórias. “Não me vejo em outro lugar”, confessa. “Ainda preciso de mais energia brasileira.”

*Matéria originalmente publicada na edição de junho/2024 da Casa Vogue (CV 462), disponível em versão impressa, na nossa loja virtual, e para assinantes no app Globo Mais.

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