Virgínia Weinberg, sócia da marca de skincare Olera, e os filhos foram os primeiros residentes a ocupar a torre Mata Atlântica, edifício projetado por Jean Nouvel e erguido para também abrigar parte da hospedagem cinco estrelas em São Paulo, um marco na hotelaria de luxo da capital e parte do complexo Cidade Matarazzo.
Obra de estreia do arquiteto francês no Brasil, a torre de 25 andares, com fachada tomada por uma exuberante floresta vertical, é composta por 160 suítes para hóspedes e 100 apartamentos para residentes. No 16º andar do espigão verde fica o lar de Virgínia. “Fui a primeira compradora, em 2017, porque acreditava neste projeto fantástico”, conta. Na verdade, não de uma, mas de três unidades, que juntas somam 600 m². O local seria o pied-à-terre da família, que na época vivia em Israel. “Depois de 13 anos morando entre Sydney, Hong Kong e Tel Aviv, com vindas à terra natal como destino de férias, fazia todo o sentido ter um endereço aqui com as facilidades do serviço de um hotel”, recorda.
Natural de Patos de Minas, MG, ela sempre se cercou da herança brasileira nas casas onde viveu, seja no acervo de arte com artistas nacionais, seja nas plantas tropicais e nos livros e objetos de proteção, como os patuás. Por isso, o primeiro pedido feito para Sig Bergamin e Murilo Lomas, arquitetos escolhidos para materializar a morada paulistana, foi um lugar cercado por referências daqui. “Escolhemos o Sig e o Murilo porque eles representam essa brasilidade. Queria algo não caricato, que mostrasse a beleza e a criatividade do nosso país, desde o mobiliário até o artesanato. E, principalmente, que tivesse cara de casa, mesmo em um hotel.”
Foram quase três anos de obras e 32 versões de projeto até que chegassem juntos ao desenho definitivo. Uma das dificuldades era integrar as mudanças à arquitetura do Matarazzo. “Foi um desafio imprimir a nossa linguagem sem competir com as linhas de Jean Nouvel”, lembra Sig. “Fizemos alterações pontuais de portas e circulação, buscando também diferenciar a unidade das demais”, conta o autor da proposta. Dedicada, Virgínia participou de boa parte do processo. “Tiramos muito acabamento original, em comum acordo, para que o apartamento ficasse mais suave e menos over”, revela a moradora. Para o arquiteto, o conceito de brasilidade foi o fio condutor também na escolha das madeiras e da paleta de tons terrosos.
Todo o mobiliário veio do acervo de Virgínia, guardado por anos em um depósito no Brasil. Os espaços receberam preciosidades do design moderno brasileiro, com assinaturas de Joaquim Tenreiro, Sergio Rodrigues, Zanine Caldas, Geraldo de Barros e Giuseppe Scapinelli – a exemplo das cadeiras de jacarandá e do grande sofá curvo do estar principal, que se abre para um jardim com pés de bananeira, costela-de-adão e até pau-brasil. Virgínia também desempacotou a coleção de arte conservada no mesmo lugar, com peças como as luminárias esculturais de Jorge Pardo, adquiridas em uma edição da SP-Arte, na Luciana Brito Galeria, há uns bons anos. O trio ilumina a escada em espiral, que recebeu pintura bronze do Atelier Adriana e Carlota.
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A atmosfera brasileira tão desejada pela empresária, agora, faz parte do seu cotidiano com a art de vivre que só um dos mais fervidos hotéis paulistanos pode oferecer. “Há um mês, desci pelo elevador com a Oprah Winfrey. No ano passado, com a Alicia Keys. Após um bate-papo na piscina, ela veio tomar um café na minha casa, e posso dizer que ela é maravilhosa.” Entre aquelas paredes, é como se Virgínia reconhecesse a própria terra e ganhasse um vigor extra para escrever suas próximas histórias. “Não me vejo em outro lugar”, confessa. “Ainda preciso de mais energia brasileira.”
*Matéria originalmente publicada na edição de junho/2024 da Casa Vogue (CV 462), disponível em versão impressa, na nossa loja virtual, e para assinantes no app Globo Mais.