Olhar para o futuro é necessário. Preservá-lo, fundamental. Na arquitetura e no design de interiores, esses princípios tornaram-se prioridades para muitos profissionais em seus projetos, por meio de diversas práticas, como o uso de materiais ecológicos, o cuidado com o entorno, entre outros pontos. Dito isso, há numerosas formas praticar a sustentabilidade onde vivemos - e todas elas têm impacto positivo não só para o morar das gerações atuais e futuras, mas também na sobrevivência do espaço em que habitamos.
Abaixo, selecionamos 10 projetos incrivelmente sustentáveis para você conhecer mais detalhes sobre como essas práticas podem ser aplicadas e são capazes de enriquecer ainda mais o morar.
1. Casa de 1920
Há muitas razões para o Jardim Europa conservar os casarões que ainda abrigam parte da fatia mais alta da sociedade paulistana. Uma delas diz respeito à maneira como a vizinhança foi imaginada, segundo o conceito de cidade-jardim implementado pela Cia. City, empresa que realizou o loteamento mais de um século atrás. Durante um período, a sede da firma instalou-se no coração do bairro, em uma residência erguida em 1920. O mesmo imóvel, que acolheu também a administração urbana do Clube de Campo de São Paulo, entrou para a família de Carlos Motta em 1979.
Anos depois, viraria o endereço do arquiteto e designer com a mulher, Sibylla, e os filhos, que hoje chegam com os netos em frequentes visitas, assim como os inúmeros amigos. “Para mim, esta casa representa muita coisa. Consigo estabelecer uma boa relação com os vizinhos, ouvir passarinhos e curtir as árvores frutíferas do terreno, como a pitangueira que plantei”, diz ele, que atualmente passa mais tempo em sua fazenda na Serra da Mantiqueira, interior do estado, e, uma vez na metrópole, cultiva hábitos de uma rotina menos complicada. Confira mais detalhes da casa neste link.
2. Bangalô à beira de rio
Um beiral amplo, espelhado como piso da varanda, direciona o olhar para a contemplação do lago. O vento sopra seus desenhos nas águas, incitando um estado meditativo em Paulo Jacobsen. Anos atrás, encontrou ali apenas um lugar seco e abandonado à própria sorte. O pedaço de terra resguardado pela mata situa-se perto da fazenda da família, no Vale das Videiras, recanto do bairro de Araras, em Petrópolis, RJ. Uma região marcada pelo passado glorioso das lavouras de café – e na qual o arquiteto convenceu a vizinhança, há algum tempo, a criar ovelhas para produzir queijo. Confira mais detalhes neste link.
3. Casa de palafita e madeira de demolição
O retiro em Secretário, na região serrana do Rio Janeiro, foi erguido pelo jornalista e roteirista João Carrascosa, que há cerca de sete anos preferiu contar histórias não mais em texto, mas, sim, por meio da arquitetura. Feito para a família – a mulher, Gabi Figueiredo, “incansável companheira”, como ele diz, e as duas filhas de sete anos do casal –, o refúgio começou da observação do lote.
Os dois se puseram a contemplar a natureza, os ventos, a posição do Sol, a temperatura. Um dia, em sua jornada de reconhecimento, depararam com uma cachoeira. Então João compreendeu como posicionaria a residência, e da pequena cabana, sua ideia inicial, partiu para algo maior, sem que isso implicasse a derrubada de árvores e a presença de equipamentos pesados a remexer o lugar. A estrutura cresceu silenciosa: até a tora de 6 m da cumeeira subiu coma força humana, numa empreitada que contou com os construtores Alcinei Cordeiro e Sonia Infante. Confira mais detalhes da casa neste link.
4. Casa imersa na floresta
Vertical como uma árvore, a Casa Macaco praticamente desaparece em uma floresta secundária da região de Paraty, RJ. Só a enxerga quem chega realmente perto, cerca de 30 metros de distância, depois de percorrer uma trilha fechada – único acesso disponível, aliás. No mais, ela deixa mínimos vestígios e até mesmo gera impacto positivo no meio ambiente: a obra incluiu a semeadura de mais de 40 pés de juçara no terreno ao seu redor. Trata-se de uma espécie endêmica na Mata Atlântica, a do famoso palmito homônimo, e referência central do projeto, assinado pelo premiado Atelier Marko Brajovic e construído pela Hybrida Production. Confira mais detalhes da casa neste link.
5. Casa com arquitetura vernacular
Há algo de místico em construir sobre solo de cristal, que brilha em noites de lua cheia e reflete um suave tom rosado sempre que a luz do sol incide em ângulo inclinado. Este cenário onírico entrou no imaginário da atriz e produtora Narciza Leão em 2013, após uma passagem pela Chapada dos Veadeiros, Goiás. “Cheguei no escuro, depois de cinco horas viajando sozinha de carro. Pela manhã, notei a riqueza natural e me emocionei. Queria um lugar para mim ali”, recorda.
Pouco tempo se passou até que ela e mais quatro amigos comprassem em sociedade uma antiga fazenda no município de Cavalcante. Seus companheiros de empreitada logo ergueram uma única casa no meio da vegetação nativa. Marcar presença dessa forma garante proteção contra invasões e desmatamento, ações ainda comuns em locais ermos do Centro-Oeste (e que ajudam a explicar por que o Cerrado é o bioma que mais encolhe a cada ano). A opção de Narciza por fincar uma base própria veio em 2018, em conjunto com a jornalista e cineasta Daniella Cronemberger, sua companheira. Materializar esse sonho de isolamento voluntário ficou a cargo do Bloco Arquitetos, escritório brasiliense dos sócios Daniel Mangabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco. Confira mais detalhes da casa neste link.
6. Casa na mata
Esta casa em Trancoso não mira a praia, mas uma mata densa e verdinha. De taubilha de pínus, o telhado parece se camuflar nela, enquanto protege um arejado espaço interno definido pelo piso de cimento queimado e pelas paredes revestidas por não mais do que um reboco rústico de cor clara. Entre mobiliário e objetos, muitos são de palha. Tudo isso ajuda a explicar, se é que precisa, por que a construção erguida há cerca de dois anos se integra tão bem ao estilo local.
A residência de 660 m² consta do portfólio da Bahia Homes, imobiliária aberta no vilarejo em 2009. O negócio é tocado por Raul Arens Street e Thereza de Barros Martins, ambos paulistanos que, há 15 anos, realizaram aquele sonho comum a tantos: fazer as malas e partir definitivamente para a Bahia. Naquela época, ele já se aventurava no ramo imobiliário, ao passo que ela estudava para concurso público. Com a chance de se mudar caso fosse aprovada, ouviu do marido: “Vamos aproveitar o momento. A vida é agora.” Assim, o casal uniu forças para entrar em um disputadíssimo mercado.
Pouco mais de dez anos depois, o saldo da empreitada fala por si – um catálogo com aproximadamente 200 unidades para aluguel e venda em todo o estado. O refúgio mostrado nesta reportagem, desenhado pela arquiteta Nadia Kulesis Allegretti, do Estúdio OR+K, em parceria com o também arquiteto Gutemberg Siso, dispõe de seis suítes, cozinha, living, salas de jantar e de TV e sauna. Confira mais detalhes da casa neste link.
7. Casa rural no interior
Um tanto da vegetação de savana que caracteriza o Cerrado e outro tanto das florestas que definem a Mata Atlântica emprestam contornos únicos a uma região particular do interior de São Paulo. Nas temporadas mais frias, de outono e inverno, um tom dourado, quase mágico, incide sobre as folhagens – efeito que fisga de imediato os desavisados. Não foi, porém, o que aconteceu com a artista plástica Tati Antunes. Esse encontro – com o local e consigo mesma – se deu no dia a dia, em meio a caminhadas ao redor da casinha que alugou na zona rural de Botucatu, SP, cinco anos atrás. A comunidade do entorno formou-se a partir da colonização alemã, há décadas, com o pensamento antroposófico e a cultura de máximo respeito pela natureza. Na mesma geografia, metros abaixo do solo, está o Aquífero Guarani, maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do planeta.
“Só vivendo neste lugar me dei conta da importância do Cerrado. Passei a notar a complexidade e a antiguidade dessa vegetação. À medida em que entendia, me reconhecia mais. É uma região muito rica e ameaçada, uma condição que me sensibiliza”, conta.
Quando percebeu que era esse o seu lugar, convidou o arquiteto Fernando Fernandes, do F.Studio Arquitetura, para procurar uma casa. Chegaram a este terreno de 5 mil m², com uma construção hippie abandonada. “A fundação seria mantida, a estrutura de aroeira era boa e poderíamos partir do que já existia”, conta Fernando, que atuou ao lado de Flavia Araujo e teve a colaboração de Felipe Vargas no projeto. Assim, a edificação principal aumentou, contemplando agora um volume onde fica o quarto de Tati. Dentro dele, o conforto térmico se explica pelas paredes de taipa, camadas de terra comprimidas que honram o propósito da construção original.
8. Refúgio nas montanhas
Plantar a própria floresta e erguer uma casa "neocaipira". Eram estes os desejos de Laura e Jimmy, um casal da capital paulista que aos poucos pretende mudar a vida para a zona rural de Cunha, no interior de São Paulo. Neste município, famoso pela produção de cerâmica, pinhão e lavanda, encontraram o terreno ideal para construir a morada dos sonhos e admirar suas árvores crescerem. Parede a parede, semente a semente.
O refúgio fica isolado em um ponto entre as Serras do Mar e da Bocaina, onde o sol se põe atrás das montanhas. “Ali ainda não tinha energia elétrica nem água encanada”, conta o arquiteto Luís Tavares, à frente, com o sócio Marinho Velloso, do escritório Arquipélago, que assina o projeto da residência. “A obra foi feita com recursos do próprio local, da forma mais sustentável possível.” Confira mais detalhes da casa neste link.
9. Casa "flutuante"
"Você queria ter uma casa na árvore quando era criança?” A resposta positiva encerrou a primeira reunião entre Guilherme Torres e o então futuro proprietário desta residência em Curitiba, PR – um engenheiro civil que planejava seu novo endereço para viver com a mulher e as duas filhas, hoje com 9 e 12 anos. “Acho até que o assustei. Foram menos de três minutos de conversa diante do local e decidimos ir embora”, lembra Guilherme, entre risos. O terreno na ponta de uma rua sem saída, cercado pelo bosque do condomínio, despertou o olhar do arquiteto para o fato de que a construção deveria se voltar para o verde. Suspendê-la resolveria a questão da privacidade, além de viabilizar a presença de uma piscina que não veria o sol caso fosse cavada rente ao chão.
Para que os 1.165 m² da casa ganhassem vida, no entanto, não faltaram desafios para a arquitetura e a engenharia – todos vencidos sem percalços devido à disposição do morador, o responsável pela obra, executada pela Construtora Monreal. Um exemplo? Embaixo do volume único que, à distância, parece flutuar, existem144 pilares – 22 deles estruturais e outros 122 dispostos em ângulo. Estes últimos Foram fixados só depois de a laje ficar pronta, subvertendo a ordem comum da construção. Seguir o caminho convencional arriscaria uma instabilidade desnecessária dos itens inclinados. Prontos e curados, eles ocuparam seus lugares definitivos com força plena e muita graça. A técnica inédita foi desenvolvida pelo calculista estrutural exclusivamente para esta residência. Confira mais detalhes da casa neste link.
10. Casa em módulos
Pode uma casa de 500 m², construída em módulos durante cerca de cinco meses, ser aconchegante, iluminada, bem ventilada, linda, contemporânea – e ainda sustentável? Sim, pode! Os arquitetos Thiago Bernardes, Camila Tariki e Rafael de Oliveira, do escritório Bernardes Arquitetura, conceberam e deram corpo a esta morada na pequena Porto Feliz, interior de São Paulo. Batizada Casa Pipa, “ela é o resultado de mais de quatro anos dedicados ao desenvolvimento de um modelo de construção que oferecesse todas as qualidades de qualquer outro projeto do escritório, com mais rapidez e sustentabilidade”, conta Rafael.
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Trabalhar com módulos foi um dos maiores achados para se obter um modelo de construção tão rápido. Ou um “produto”, como o define Rafael. Eles são estruturados em madeira lyptus laminada colada (também chamada de madeira engenheirada), material que garante rigidez e estabilidade na composição de lajes, pisos e pilares. A residência que se vê aqui é organizada em um pavilhão principal, que inclui área gourmet, jantar, living, cozinha e lavanderia, além de quarto e banheiro de serviço. Saindo por um beiral coberto, chega-se aos dois volumes laterais, cada um abrigando duas suítes. Confira mais detalhes neste link.