Vivemos em um momento crítico para a humanidade, onde as ações para garantir um futuro sustentável se tornam cada vez mais urgentes. O impacto das nossas escolhas diárias, seja dentro de casa ou nas cidades, é determinante para a saúde do planeta. Para fazer a diferença, é necessário adotar práticas que promovam a sustentabilidade em todos os aspectos de nossas vidas, desde a construção e o uso de nossos lares até a maneira como interagimos com o ambiente externo.
Nesse sentido, a arquitetura oferece um caminho promissor por meio de práticas de conceitos como bioarquitetura, biourbanismo e biomimética, enquanto no campo do design as pesquisas por biomateriais demonstram novas possibilidades, algumas inimagináveis até pouco tempo.
Descubra os temas mais urgentes quando o assunto é vida sustentável dentro e fora de casa:
Bioarquitetura, biourbanismo e biomimética
Quatro correntes da arquitetura, todas com um significativo prefixo em comum, engrossam as fileiras pela manutenção da vida: bioarquitetura, biofilia, biourbanismo e biomimética. “Estas vertentes trazem a noção de que o simbolismo do domínio não cabe mais, que somos parte da natureza e é tempo de nos conectarmos com ela sob a perspectiva do cuidar, do bem viver, com responsabilidade individual e coletiva”, resume Rodrigo Mindlin Loeb, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Para tanto, é crucial ouvir cada vez mais outras áreas. “Sem dúvida, carecemos de uma abordagem transdisciplinar, porque os desafios são sistêmicos e complexos. Isso inclui dialogar com as pessoas, os moradores das cidades, os povos originários, as comunidades tradicionais, os cientistas”, finaliza. Saiba mais sobre os novos caminhos sustentáveis da arquitetura.
Os biomateriais
Resíduos de cana-de-açúcar se convertem em plástico, folhas de cactos e ramos de cogumelos resultam em alternativas para o couro. Desejos para um mundo mais ecologicamente correto? Melhor: isso já é realidade. Esse tipo de matéria-prima preparada com base em plantas e substâncias orgânicas (graças a pesquisas de bioquímica e bioengenharia) recebe o nome de biomaterial, termo da medicina já incorporado ao vocabulário do design – em 2019, os organizadores do London Design Festival elegeram essas descobertas como material do ano. Conheça os biomateriais e como eles têm substituído compostos poluentes na indústria.
O papel da economia circular
Afinal, existe design sustentável? Professor de design para sustentabilidade e inovação social, o argentino radicado no Brasil Christian Ullmann desmitifica a economia circular, questiona a formação dos designers e os provoca a repensarem seu papel na construção de um mundo mais verde. "Em tese, a economia circular segue três princípios: eliminar o conceito de lixo, manter os materiais no ciclo produtivo, regenerar o ecossistema natural. Quem faz isso? Ninguém. Cadê a eliminação do lixo? Não basta reduzir 10%. E o ciclo contínuo do material? Há 40 anos, as garrafas de cerveja retornáveis funcionavam bem porque eram todas iguais e tinham um custo, que era restituído quando se devolvia o casco. Agora, cada marca adota um modelo. Estamos agindo errado há quanto tempo? Uma hora vem a conta", reflete. Confira a entrevista na íntegra.
O fator cultural na construção da sustentabilidade
Com escritório em três continentes, David Adjaye se define como um interessado nos assuntos do mundo. Nem poderia ser diferente para um filho de diplomata que vivenciou uma infância nômade, concluiu a educação formal em Londres e investiu os 11 primeiros anos de sua carreira viajando pelos 54 países da África, numa jornada que o despertou para a riqueza da diversidade. Apreensivo com o ritmo da degradação ambiental, ele fala, nesta conversa exclusiva com a Casa Vogue, sobre a influência das mudanças climáticas na arquitetura e a oportunidade única, disponível apenas às nações em desenvolvimento, de “acertar as coisas de primeira” – no sentido de implantar grandes infraestruturas seguindo os princípios da sustentabilidade. Confira aqui.
Madeira engenheirada, a bola da vez
Ainda incipiente na construção civil brasileira, esta preciosa fonte renovável ganha relevância em sua versão engenheirada. A matriz sustentável se destaca pelo reduzido impacto ambiental casado com alta tecnologia – e por ser linda como ela só. O método não é novo, diga-se. A primeira patente registrada que detalha o uso de madeira laminada colada (MLC) data de 1911, na Alemanha. Aqui, embora as pioneiras Laminarco e Esmara já explorassem essa idéia desde o fim da década de 1950, pode-se dizer com segurança que o salto quântico se deu a partir de meados dos anos 2010, quando a Ita Construtora, do engenheiro Hélio Olga, adotou a MLC em toda a sua produção de estruturas (que já era industrializada desde 1987). Pouco tempo depois, o potencial dessa tecnologia obteve visibilidade internacional por meio de um projeto celebrado mundialmente. Saiba mais aqui.
Litorais (mais) resilientes
Todo esforço é necessário para evitar que eventos climáticos extremos levem mais vidas, causem estragos importantes na infraestrutura urbana e acirrem o óbvio: a falta de acesso à terra, a desigualdade social e a pressão imobiliária que têm levado muitas cidades litorâneas no Brasil a um estado alarmante de vulnerabilidades. Descubra possíveis bons exemplos de ocupação de áreas costeiras - em duas realidades bastante distintas - que podem inspirar a construção de caminhos mais seguros, sustentáveis e socialmente justos em direção à adaptação urgente das cidades.
O respiro dos parques alagáveis
A ação do homem e as emissões de gases de efeito estufa levaram a condições de clima e temperatura severas. Segundo relatório do IPCC, o mundo já aqueceu quase 1,3°C em relação ao período anterior à Revolução Industrial (1850-1900), o que proporcionou um aumento de 6,7% da quantidade de chuvas no Brasil, ocasionando desastres como as recentes enchentes do Rio Grande do Sul. O cenário devastador jogou luz sobre como mitigar os efeitos das mudanças climáticas, difundindo conceitos urbanísticos como os parques alagáveis, tidos como alternativas diante da emergência climática. Saiba mais aqui.
Os caminhos para a reconstrução de cidades no Rio Grande do Sul
Casas submersas, edifícios alagados, ruas intransitáveis. Esse cenário se tornou frequente em diversas cidades no Rio Grande do Sul desde o início das fortes chuvas que atingiram o estado. Em Porto Alegre, o nível recorde do Guaíba, além de falhas do sistema antienchente, permitiram o acúmulo das águas na cidade. Prédios foram cercados e muitos, até hoje, seguem assim. Impactos como esses podem deixar rastros nas edificações. Veja o que especialistas indicam como caminhos possíveis para a reconstrução das cidades atingidas.