Como a música, o design é capaz de transmitir emoções e instigar reflexões. Esses intuitos são características marcantes nos artigos a seguir, que sugerem intenções e sentimentos a partir de materiais e repertórios pessoais.
Ao longo de cinco anos, o designer Lucas Recchia tem se aperfeiçoado em técnicas artísticas para dar contorno às suas criações de vidro. Símbolo marcante dessa pesquisa, a série de mesas Morfa (em primeiro plano, acima) surge agora em novas cores. A partir daí, o catarinense parte para um exercício mais complexo com a opacidade do material, apresentando a linha Mosai (ao fundo), composta por quadrados com quinas arredondadas. Nela, Recchia funde mosaicos com base no efeito obtido no forno.
A parceria profícua, na vida e no trabalho, entre a estilista Emilie Flöge (1874-1952) e o pintor Gustav Klimt (1862-1918) inspira a artista Claudia Liz a desenhar as quatro estampas da coleção Entrelinhas, para a Donatelli. Alinhados ao movimento art nouveau, os austríacos se destacaram em seus campos de atuação pela ruptura com padrões tradicionais. Para homenageá-los, a goiana adota características desse mesmo estilo nas padronagens desenvolvidas, como o Jardim de Emilie (acima).
Exibida na primeira edição da DW! Semana de Design no Rio de Janeiro, a coleção De Bem com a Vida, da arquiteta e designer Lia Siqueira, conecta as duas disciplinas profissionais da autora com espírito livre e clareza de traços. Sem perder a funcionalidade, o abajur Me Leva se assemelha a um disco que repousa sobre a base, nomeado em alusão a um trecho da música Contato Imediato, de Arnaldo Antunes. Já a luminária Vista, em versão pendente e de mesa, remete às luzes que ficam posicionadas na popa dos barcos, visíveis para outros navegantes do mar.
A harmonia entre o artesanal e o minimalismo. Essa é a definição da designer Claudia Moreira Salles para o banco Quieto, idealizado especialmente para a exposição Intimidade das Formas, realizada na Casa Zalszupin pela Etel. Feito de pinho-de-riga proveniente dos acervos de Claudia e da marca, leva protuberâncias de cerâmica esmaltada ou madeira, cujo valor está na suavidade tátil. A mostra realizada este mês propôs um diálogo entre o espaço projetado por Jorge Zalszupin (1922-2020) e renomados artistas nipo-brasileiros.
Em constante expansão de seu portfólio, o designer Jader Almeida aproveita a inauguração de sua flagship em Ribeirão Preto, SP, para lançar peças inéditas. Concebido para a ocasião, o biombo France concilia a qualidade utilitária com atributos estéticos, em artes têxteis que vão de elementos geométricos a paisagens subjetivas. O item pode ser encontrado em versões com duas, três (acima) e cinco folhas.
A colaboração entre a designer Cris Bertolucci e a artista Nuria Roso é um convite a novas experiências táteis e visuais. A matéria-prima que dá origem à porcelana utilizada nas cúpulas e bases de luminárias de mesa (acima) e pendentes oferece maleabilidade para criar formas complexas e ricas em detalhes. O processo artístico viabiliza a execução de relevos cuja associação imediata é com os corais que nomeiam a linha.
Pelas mãos do mestre artesão alagoano Adeildo Gomes dos Santos, conhecido popularmente como Nen, antigas embarcações com até 130 anos são convertidas em itens de mobiliário imbuídos de história. As madeiras encontradas e adquiridas em diferentes locais de seu estado natal dão forma a mesas e assentos que mantêm aspectos originais da matéria-prima após intervenções sutis. Um desses exemplares, a cadeira de praia Fragata Jerusalém (acima) fez parte da exposição Arte dos Mestres, realizada pela ONG Artesol, em São Paulo, no fim de agosto.
Em 2018, a convite do Consulado Geral de Portugal em São Paulo, os irmãos Fernando (1961-2022) e Humberto Campana participaram da Experimenta Portugal, iniciativa dedicada à arte e à cultura luso-brasileiras. Depois de uma imersão no país europeu, a dupla brasileira de designers mais conhecida do planeta elaborou uma série de móveis feitos de cortiça, material profundamente arraigado nos costumes portugueses. Assim surgiu a linha Sobreiro, com gabinetes e poltrona, que agora passa a ser vendida no Brasil com exclusividade pela Dpot.
Situada próximo à Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, uma residência projetada pelos arquitetos Walter Machado, Jefferson Lodi e Suzy de Mello, em 1950, foi o local escolhido para abrigar a Casa d’O Ateliê de Cerâmica.
O coletivo formado pelos artistas Flavia Soares, Daniel Romeiro e Luiza Soares revitalizou o imóvel, com o auxílio do escritório Mobio Arquitetura, onde figuram artigos como a jarra Cerrado (foto) e demais produções do grupo.