Com ênfase no design experimental, o Assimply Studio abriu as portas em 2021, no Rio de Janeiro. Criado por Victor Xavier e Søren Hallberg, o escritório, que participa da série da Casa Vogue, A Nova Cena do Design Brasileiro, trabalha com resíduos da indústria e diversos materiais descartados que são transformados em objetos e mobiliários feitos à mão.
Durante a pandemia, o estudante de arquitetura, Victor, e o parceiro Søren, que é designer computacional, desenvolveram o hobby de fazer peças manuais, já que passavam muito tempo em casa. “Quando mudamos de apartamento, a nossa produção aumentou e passamos a vender artigos de decoração com pequenas dimensões", diz Victor.
Desde o início, a dupla se aventurou pela criação de produtos feitos com materiais reaproveitados. “Para gente, olhar para a reciclagem é o ponto de partida. Nosso estúdio analisa o material e, depois, o desenho. Observamos muito o que tem nas ruas, o que sobra de uma obra ou de um outro produtor, seja um marceneiro ou um serralheiro, e introduzimos esses materiais no nosso processo de criação”, explica Victor. E Søren acrescenta que este olhar faz com que sempre haja algo novo a ser explorado, apesar das dificuldades para ampliar a escala de criação.
Diversidade
Devido às origens distintas de seus fundadores, Victor é brasileiro e Søren, dinamarquês, o Assimply Studio equilibra as diferentes bagagens para impactar positivamente o resultado dos projetos. Além disso, o fato de serem um casal, torna a convivência dos criativos mais frequente e prioriza a relevância do diálogo no desenvolvimento de novas coleções.
Outro ponto relevante em relação à percepção dos profissionais sobre o cenário atual é o fato de Victor ser um homem negro. “Não vejo muitos outros como eu no mercado. Na faculdade mesmo, quando pesquisava sobre referências na arquitetura e no design, era muito difícil encontrar, porque os meios convencionais não mostram essas pessoas. Por isso, ao estar em feiras e lugares de destaque, sinto que é um privilégio e uma forma de mostrar a outros jovens negros e LGBTs que é possível estar nesses espaços”, ressalta.
MADE
Novidade exibida na feira Mercado Arte Design, a coleção Nu é dedicada à essência dos materiais, tanto em sua forma natural quanto processada, despidos de qualquer capa. As linhas limpas do desenho têm como propósito destacar o contraste e a interação entre os elementos. Isso resulta em uma estética provocativa, porém harmoniosa, evocando imagens de um universo distópico e quente, como os designers imaginam ser descrito em uma ficção científica do final dos anos 1960.
“Em dinamarquês, ‘nu’ significa ‘agora’, e esse significado despertou nosso interesse em explorar a trajetória de cada elemento utilizado até o momento presente em que o transformamos. Cerâmica que já foi tijolo, agora é pó. Vidro que já foi jarro, agora é caco. Mármore que já foi bancada, agora é refugo. Alumínio que já foi panela, tornou-se líquido e solidificou-se novamente”, pontua Søren.