Depois de muitos anos no ramo da organização, consegui entender o apego de modo geral, algo sempre mencionado pelos meus clientes. Não é a primeira vez que digo: sem descarte não existe organização, e isso se aplica principalmente aos espaços acumulados. Apesar disso, a primeira desculpa que ouço é: “eu tenho apego”. Então comecei a entender mais sobre esses apegos - carregados de poeira, descascados, amarelados, tortos. Enfim, malconservados.
Na verdade, esse apego que gera acúmulo trata-se da sensação de ter armários cheios. Porém, nada ali serve, ou está quebrado há muito tempo, como roupas descosturadas, relógios sem bateria, pratos lascados, vasilhas sem tampa e utensílios que não são práticos, mas ocupam espaço como se ainda fossem úteis. Existe até quem tem medo de passar os pertences para frente, porque acha que o outro não vai cuidar da mesma maneira. Dessa forma, o acúmulo se estende e a situação foge do controle.
É por isso que, quando se dá início a organização, o primeiro passo é descartar com olhar crítico sobre seu dia a dia, sobre a sua vida. Até mesmo eu, como profissional, não jogo nada fora sem a autorização do dono. Pertences carregam histórias e devem ser respeitados.
Já disse aqui diversas vezes: de nada adianta achar que a solução é dobrar ou comprar organizadores que prometem solução. É como usar armários de casa como se fossem depósitos infinitos de coisas inúteis para você, mas que muitas vezes seriam bem utilizadas por outra pessoa.
Acho ainda pior quando há apego por algo que realmente é útil, porém a conservação é péssima. Por diversas vezes já escutei: "Isso eu amo!" - mas o jeito de guardar não tem nada a ver com amor. Parece forte essa frase para apenas um objeto ou uma peça de roupa, mas... quem ama cuida! Vamos pensar além do material, mas também no tempo gasto para escolher, além do dinheiro suado investido. Transfira isso tudo para a disposição que você teve que ter, que vai fazer sentido.
Precisamos analisar se nossos apegos estão sendo colocados de maneira correta, ainda mais quando se trata de pertences que ocupam espaços na nossa vida. Assim, até a forma de comprar fica mais consciente.
Agora, a pergunta que não quer calar: seus apegos fazem sentido?