Fascinado pelas fachadas dos prédios mais famosos da capital paulistana, o arquiteto Jorge Felix encontrou na arte de produzir maquetes uma forma de eternizar suas construções favoritas de um jeito diferente. Proprietário do Estúdio VãoLuz, ele transforma dioramas dos edifícios em delicados quadros montados à mão — e que agora estão expostos na primeira edição do Casa Vogue Living Market.
Para driblar uma crise profissional motivada pela concorrência na sua área, o paulistano começou a explorar a construção de miniaturas sem imaginar que isso se transformaria em um novo business. Jorge já vendeu quase mil quadros vendidos ao longo de cinco anos. "Comecei a fazer alguns e postei no Instagram no final de 2018. Meus amigos gostaram, compraram e divulgaram nos seus perfis. O negócio começou a crescer e mais pedidos surgiram", explica Jorge em entrevista à Casa Vogue.
Nascido e criado na zona norte de São Paulo, o arquiteto sempre frequentou a região central da cidade, de onde tira a maior parte da inspiração para a produção dos dioramas. "Eu moro no centro, faço tudo a pé ou de bike e estou sempre olhando para as fachadas. Mania de arquiteto essa de ficar olhando para cima", brinca. Foi a partir desse olhar detalhista que os edifícios Copan, Louveira, Martinelli e outros cartões-postais paulistanos se transformaram em delicadas maquetes produzidas, principalmente, a partir da impressão 3D.
"Comecei fazendo com varetas de madeira, era algo superartesanal.. Fica encantador, mas demora muito. A impressão 3D agilizou as encomendas", explica. Outros materiais comuns na construção de maquetes, como placa de PVC, de acrílico, papel holler e acetato, também estão presentes nos trabalhos de Jorge. Para recriar a fachada do Sesc Pompeia, por exemplo, ele usou cimento.
Cada quadro leva de três a quatro dias para ser produzido, um processo que se inicia com uma ampla pesquisa acerca de cada edifício. Para os prédios atuais, a busca na internet ou em livros muitas vezes é suficiente para encontrar plantas e fotografias de referência, mas os imóveis mais antigos requerem uma apuração mais trabalhosa. "Fiz um projeto de uma construção de 1929. Não tinha nada na internet, então eu fui à prefeitura fazer o desarquivamento do projeto original e tirei uma cópia da planta. Eram desenhos feitos à mão, com vários detalhes. Ficou bem legal, porque a maquete está colada em cima da cópia que eu fiz, então há uma parte superantiga combinada com uma parte tecnológica, que é a impressão 3D", conta.
Após a pesquisa, o arquiteto define qual pedaço será representado e desenha a parte da planta que ocupará o fundo do quadro. A impressão das peças é terceirizada, mas a montagem e enquadramento são feitos de forma totalmente manual por Jorge.
As peças expostas no Casa Vogue Living Market, que representam os edifícios Pauliceia, Copan e Lausanne, estão entre as mais vendidas do Estúdio VãoLuz. Para Jorge, fazer parte do espaço conceito é um reconhecimento gratificante: "As pessoas sempre me pedem para ver as peças ao vivo e eu não tenho um espaço físico. Me sinto lisonjeado."